Betise Assumpção, assessora de Ayrton Senna, relembra a “primeira volta mágica” de Donington Park em 1993
O dia 11 de abril é especial para muitos fã de automobilismo, sejam eles fã de Senna ou não. Pois em 1993, em um domingo chuvoso, Senna arrancou aplausos de todos que presenciaram sua primeira volta magistral, quando largou em quarto, caiu para quinto, e terminou a primeira volta do GP da Europa, em Donington Park, na liderança, onde seguiria assim até o fim.
Nós já falamos sobre esta corrida em outra oportunidade, incluindo informações sobre a outra grande primeira volta feita nesta mesma largada, por Rubens Barrichello, e também da famosa volta rápida “cortando caminho” nos boxes. Mas desta vez, vamos falar de uma visão mais próxima do tricampeão. Pois, em 2014, Betise Assumpção, que trabalhou como assessora de Senna entre 1990 e 1994, publicou em seu blog suas vivências, 21 anos após a famosa “volta mágica”.
Betise foi a primeira assessora exclusiva de um piloto na Fórmula 1, e começou seu trabalho em 1990 com uma missão difícil: Senna já havia brigado com “todo mundo” da imprensa na época, especialmente após os incidentes com Prost em 1989. A imprensa estrangeira o via como um “mimado”, e coube a Betise a missão de reatar laços com a mídia.
Ela esteve com ele em várias ocasiões, servindo desde ponte para as informações relevantes sobre sua carreira para os veículos brasileiros e internacionais, até como “bombeira”, para apagar os incêndios causados pelo piloto, como quando precisou agir após o soco que Senna deu em Eddie Irvine, após um desentendimento entre os dois no Japão, em 1993.
Ela lembrou da estratégia de Senna durante a prova, com múltiplas trocas de pneus e uma série de incidentes, que segundo ela, “demonstrou não apenas sua perícia ao volante, mas também sua determinação em enfrentar condições adversas. Senna superou desafios, inclusive problemas de comunicação com a equipe, para conquistar uma vitória espetacular”.
“‘Inacreditavel, inacreditavel’, Ayrton repetia para mim, sentado sozinho no caminhão da equipe. Pouco antes, ele havia cumprimentado cada um dos mecanicos e engenheiros que contribuíram para que ele mantivesse a liderança do campeonato”, lembrou Betise. Senna, contrariando tudo naquele momento, levava sua McLaren, inferior ás Williams, para a liderança do campeonato. E isso aconteceu logo depois da famosa vitória no Brasil em 1993, que contou com invasão na pista e muita festa da torcida.
Prost se reencontrou em seguida, e a Williams, superior, dominou o resto da temporada, com o francês se consagrando tetracampeão. Mas Senna, com um carro conhecidamente inferior, fez uma temporada espetacular, dada as condições, se despedindo da McLaren mostrando que ainda pilotava em alto nível, e que estava pronto para a sua nova casa em 1994.
Ela também disse o óbvio: que guarda este momento com um grande carinho. “Ainda sinto uma grande emoção quando lembro deste dia e desta corrida. Um verdadeiro mestre no volante. Um show. Ayrton estava exausto no final e eu podia ver a adrenalina saindo de seu corpo, tenso e cansado. No seu rosto, porém, uma alegria quase infantil, um prazer despretensioso e autentico que vi muito poucas vezes. Fiquei emocionada e especialmente feliz por ele”.
Você pode conferir o artigo completo, com um ponto de vista muito próximo de quem conviveu quatro anos lado a lado de Ayrton Senna, neste link. E vale lembrar que este texto surgiu após um tweet da @formulalau, que mencionou este artigo.
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