Bioshock Infinite (PC, PS3, X360) Preview: uma utopia ideológica flutuante

21 de agosto de 2011

Bioshock Infinite (PC, PS3, X360) Preview: uma utopia ideológica flutuante

A importância de Bioshock no cenário dos jogos eletrônicos é praticamente uma unanimidade entre gamers e críticos. A série é uma das mais bem sucedidas dos últimos tempos, e boa parte deste sucesso se deve à sua fórmula, bem diferente dos padrões: Bioshock consegue como poucos outros games aliar uma boa história – carregada de críticas sociais e fortes ideologias – à uma jogabilidade que agrada até o mais hardcore dos games.

Mesmo tendo encontrado uma receita de sucesso, felizmente a Irrational Games não ficou apoiada nela, e preparou algo totalmente novo para Infinite. Agora que já contou tudo o que queria nos contar sobre Rapture – a utópica cidade submarina que ruiu por seus próprios princípios – a produtora vai nos levar até Columbia, uma incrível cidade flutuante que também está passando por sérios problemas internos.

Além da óbvia diferença de ambientação, Bioshock Infinite nos entregará uma outra novidade bem interessante: se nos primeiros games encontramos Rapture já caída, no novo jogo o jogador será colocado literalmente no meio da ação, uma violenta guerra civil que está destruindo a bela e utópica Columbia enquanto os acontecimentos do game se desenrolam.

Considerando que a história se passa no início do século XX, qualquer semelhança com a vida real não é mera coincidência: nesta época, os Estados Unidos estavam começando a despontar como a grande potência industrial do mundo, e justamente por isso era o principal destino de imigrantes vindos de diversos lugares do mundo. No game, Columbia é praticamente um símbolo da ideologia norte-americana que alçou voo na esperança de se livrar de visitantes indesejados. É o famigerado american way of life criando asas e se afastado de tudo que não lhe interessa.

Bioshock Infinite (PC, PS3, X360) Preview: uma utopia ideológica flutuante

Como toda sociedade utópica, é claro que Columbia não era tão perfeita quanto deveria, e após se envolver em um misterioso incidente internacional, a cidade desapareceu nos céus e acabou condenada pelas diferenças ideológicas de facções rivais. De um lado temos os fundadores da cidade, nacionalistas radicais que abominam qualquer tipo de estrangeiro. De outro, temos o povo, pessoas que decidiram não aceitar mais a política de isolamento e opressão dos poderosos e resolveram se rebelar.

No meio desta crise, você assume o controle de Booker DeWitt, um ex-agente da Pinkerton (uma agência de detetives que existe de verdade) que recebe de um homem misterioso a missão de ir até Columbia resgatar Elizabeth, uma donzela que permanece cativa desde criança e parece ser o coração de todo o caos desencadeado na cidade.

Como o sujeito que lhe passa esta missão sabe exatamente onde está Columbia? O que ele quer com Elizabeth? Qual o papel da moça na insana guerra civil de Columbia? Estes são apenas alguns dos enigmas que você terá de desvendar enquanto tenta sobreviver no pandemônio que assola a cidade.

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Chegar até Columbia se mostra uma missão mais simples do que parece. Difícil mesmo será sair de lá. Assim que conhece Elizabeth, DeWitt descobre que a moça é dotada de incríveis poderes especiais. Para piorar, ela é guardada por uma gigantesca criatura alada conhecida apenas como Songbird.

A utilização dos poderes de Elizabeth será uma das principais novidades na jogabilidade. Embora detenha as habilidades mais poderosas, ela não será uma mera ferramenta na mão do jogador, que jamais terá controle sobre a moça. Felizmente, a inteligência artificial de Elizabeth será afiada, e ela reagirá de acordo com a situação, cabendo ao jogador lutar em parceria com ela. O nível de entrosamento da dupla nas situações de risco será a chave para a sobrevivência.

Bioshock Infinite (PC, PS3, X360) Preview: uma utopia ideológica flutuante

Isso não quer dizer que DeWitt estará totalmente indefeso. O novo Bioshock terá um sistema de poderes que é uma variação dos bons e velhos Plasmids. O jogador terá dois tipos de habilidades, conseguidas por vigors e nostrums. Os vigors são itens que desencadeiam efeitos poderosos nos inimigos. Já os nostrums afetam diretamente o personagem, e se dividem entre estáveis e instáveis. A utilização dos nostrums poderá ser imprevisível e é irreversível, o que faz com que os upgrades tenham de ser cuidadosamente pensados.

Como nem só de poderes especiais se faz Bioshock, DeWitt poderá se equipar com diversos tipos de armas no decorrer de sua aventura. Tais armas também refletem a divisão ideológica da cidade: teremos tanto coisas modernas fabricadas no melhor estilo steampunk quanto armas mais simples, forjadas pelos cidadãos menos abonados que lutam para fazer valer seus direitos. Metralhadoras, pistolas e rifles de precisão já estão confirmadíssimos para o arsenal do personagem.

Bioshock Infinite (PC, PS3, X360) Preview: uma utopia ideológica flutuante

O fato de termos uma cidade flutuante poderia deixar as coisas meio limitadas, mas a Irrational Games deu um jeito de deixar a locomoção bem dinâmica. Existem teleféricos que ligam os diferentes distritos de Columbia, e seus trilhos poderão ser utilizados pelo jogador com o skyhook, uma espécie de gancho que permite uma travessia rápida e emocionante.

Na hora do aperto, o jogador poderá utilizar o skyhook para fugir dos inimigos, mas nem sempre isto será uma boa ideia: os inimigos mais persistentes irão perseguí-lo pelos trilhos, tentando jogá-lo para uma queda inexorável que geralmente significará morte certa. Na dúvida, morra com dignidade, enfrentando seus adversários pelas ruas depredadas da cidade.

Bioshock Infinite (PC, PS3, X360) Preview: uma utopia ideológica flutuante

E já que falamos em adversários, este é outro ponto que traz novidades para a série: estamos em uma nova época e em um novo ambiente, não faria sentido termos Big Daddies em seus enormes trajes de mergulho perambulando pela cidade, certo? Isso não quer dizer que não teremos uma ameaça: além do gigantesco Songbird e dos cidadão enlouquecidos, teremos ainda os Handymen, medonhos híbridos de homens e máquinas com mãos enormes, que atrapalharão sua vida com golpes de longo alcance e habilidades de cura.

Há uma dúvida que persiste: teremos um modo multiplayer em Bioshock Infinite? Ninguém sabe. Ken Levine, o criador da série, diz que a empresa só investirá nisso se julgar que é algo indispensável para o game. Mas será mesmo que Bioshock precisa de um modo multiplayer? De FPS multiplayer as prateleiras estão cheias. Já de FPS com uma história densa, envolvente e repleta de ideologias, as opções são bem mais escassas. Que 2012 chegue logo para Bioshock Infinite preencher esta lacuna, seja com ou sem multiplayer.

Este preview foi originalmente publicado na edição 26 da revista Arkade.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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