Call of Duty: MW3 (PC, PS3, X360, Wii) review: mais um ano, mais uma guerra
A vida das produtoras de Call of Duty não é fácil. Com um jogo novo saindo a cada ano e sendo – à sua maneira – melhor do que seu antecessor, fazer algo que consiga realmente surpreender os fãs fica cada vez mais difícil. Sendo assim, Call of Duty: Modern Warfare 3 não é nem de longe um game revolucionário, mas entrega tudo o que os fãs queriam: um desfecho digno para a campanha e um modo multiplayer ainda mais intenso. Precisa de mais?
Quem jogou os games anteriores da série Modern Warfare deve estar ansioso para saber como é o desfecho da campanha principal. A caçada de John Price e John “Soap” MacTavish pelo terrorista Vladimir Makarov está ainda mais brutal e conta com um apelo globalizado, passando por grandes metrópoles como Paris, Londres e Nova York.
A campanha é relativamente curta – pode ser concluída em cerca de 5 horas – mas consegue manter a adrenalina em alta o tempo todo, dando pouco tempo para o jogador respirar entre uma explosão e outra. Sempre polêmico, o tiroteio no aeroporto de Modern Warfare 2 dá vez para um brutal ataque terrorista em Paris que já está dando o que o falar pelo mundo. Não detalharemos o fato aqui para evitar spoilers, mas quem ficar curioso já pode encontrar vídeos do trecho em questão no Youtube.
Embora não consiga necessariamente superar o que já foi visto antes – quem não lembra do ataque nuclear do primeiro Modern Warfare, ou da épica fase “No Russian”, do segundo? – a campanha principal consegue manter o jogador interessado por sua narrativa dinâmica, que mescla a guerra tradicional com momentos bem interessantes, como o já famoso tiroteio sem gravidade que rola durante a queda de um avião. A estrutura fragmentada do roteiro coloca o jogador tanto na linha de frente quanto oferecendo suporte aéreo em um helicóptero, o que deixa a campanha bem dinâmica e variada.
É claro que quem joga Call of Duty não quer saber apenas de história single player, não é? Felizmente, Activision, Infinity Ward e Sledgehammer Games sabem muito bem disso, e entregam aos fãs um modo multiplayer realmente denso, que consegue não apenas superar os anteriores, como adicionar novidades que irão novamente lotar as salas de jogadores ávidos por distribuir seus headshots.
As Spec Ops, por exemplo, trazem uma série de missões específicas, que podem ser terminadas tanto sozinho quanto cooperativamente com mais uma pessoa. Variedade é o que não falta por aqui: se em uma missão você tiver que desarmar armas químicas para evitar um atentado, na outra estará lutando para tomar o controle de um avião terrorista, ou desativando bombas presas ao casco de um submarino.
Temos ainda um inédito modo Survival, onde você é jogado em um mapa para combater ondas e mais ondas de adversários que vão ficando gradativamente mais difíceis. Nada muito inovador, afinal já vimos modos de jogo semelhantes em centenas de outros jogos, mas é algo que funciona bem dentro da mecânica de Call of Duty, além de ser um ótimo passatempo que pode saciar sua sede de sangue de maneira rápida e descompromissada. Uma pena que este modo aceite apenas dois jogadores; seria muito mais divertido se pudéssemos reunir grupos de quatro ou cinco amigos para ajudar na matança.
Para quem acha que companheirismo é para os fracos, não faltam modos de jogo competitivos que, acompanhados de algumas novidades, conseguem transformar totalmente a experiência de jogo até para o mais experiente dos veteranos. A principal destas novidades chega na forma dos Strike Packages.
Os Strike Packages são uma variação dos killstreaks que chegam para facilitar a vida de todo tipo de jogador, dos corajosos e inconsequentes até os mais contidos, que preferem ajudar o time de maneira menos direta. O Assault Package premia com armas e habilidades ofensivas quem mata mais inimigos sem morrer; enquanto o Support Package mantém os kills quando o jogador morre e entrega itens e habilidades mais voltadas para a sobrevivência do time. Por fim, temos o Specialist Package, que concede ao jogador não streaks, mas perks, que melhoram o desempenho de suas armas de variadas maneiras.
Pode parecer um mero detalhe, mas estas novidades, quando integradas aos modos multiplayer já conhecidos, conseguem alterar bastante a mecânica de jogo, pois mesmo quem não é um matador hardcore pode ser recompensado, tornando o jogo mais justo e valorizando não apenas o trabalho de quem mata mais, mas também de quem ajuda o time de outras maneiras.
Outra novidade que consegue alterar drasticamente a maneira de se jogar em equipe é o novo modo de jogo Kill Confirmed. Neste modo, cada jogador caído derruba uma tag (aquelas plaquinhas de metal que os soldados carregam no pescoço). Você deve obrigatoriamente pegar a tag do seu inimigo para contabilizar a morte para seu time. Se um aliado for derrubado, você pode tentar recuperar a tag dele para que a morte não seja contabilizada no score do time adversário.
Esta simples mecânica de caçar tags tira os jogadores da sua zona de conforto – especialmente os campers com seus sniper rifles -, afinal agora não basta apenas matar, você deve ir até o local onde derrotou seu inimigo recuperar a tag dele. Com um pouco de ousadia e criatividade, o modo Kill Confirmed pode se tornar bem estratégico, pois um aliado caído com a tag dando sopa pode se tornar uma verdadeira isca para seus inimigos.
O modo Team Defender é outra novidade que chegou para acirrar ainda mais as partidas online. Caótico e empolgante, nesta modalidade duas equipes se enfrentam pela posse de uma bandeira: ganha quem conseguir carregá-la por mais tempo. Se alguém do seu time estiver com a bandeira, proteja-o a todo custo; se a bandeira estiver na mão dos adversários, faça o possível para tirá-la deles. Simples e viciante.
Modos já conhecidos como Search & Destroy, Team Deathmatch e Headquartes estão de volta, e os 16 novos mapas entregam uma boa experiência de jogo, tanto em amplas áreas abertas quanto em estreitos corredores. O sistema de upgrade das armas – que melhoram de status e ganham novas habilidades conforme você as utiliza – vai manter muita gente ocupada por incontáveis horas, pois não basta ser o melhor soldado se você não tiver a melhor arma.
Independente do modo de jogo de sua preferência, a jogabilidade sólida e funcional de Call of Duty continua a mesma. Algum polimento foi dado para deixar a mira mais precisa e fazer com que armas diferentes realmente sejam sentidas de maneira diferente pelo jogador. O som mantém a qualidade da série, com tiros e explosões realistas, dublagens que cumprem seu papel na história e uma trilha sonora onde as orquestrações épicas são deixadas de lado, dando lugar à faixas mais roqueiras, com batidas fortes e guitarras distorcidas.
Os gráficos do game como um todo não deram nenhum salto evolutivo – afinal, continua rodando na mesma engine, que recebeu alguns upgrades – mas isso não quer dizer que Call of Duty: Modern Warfare 3 seja um jogo feio, no máximo um pouco datado. Ainda assim, é fato que a engine da Infinity Ward é capaz de oferecer um visual rico e sequências de tirar o fôlego, sempre à constantes 60 FPS.
É seguro dizer Call of Duty: Modern Warfare 3 é tudo o que os fãs da série esperavam. O game definitivamente não reinventa a roda, mas entrega uma versão polida e bem acabada do FPS mais popular dos últimos tempos. Trazendo de volta tudo o que já era bom e acrescentando poucas – mas significativas – novidades, Modern Warfare 3 tem tudo o que é necessário para manter os jogadores entretidos por muito tempo. Ou pelo menos, até o lançamento de um próximo game da série.
Este review foi publicado originalmente na edição 29 da Revista Arkade.