CCXP22 – Autores da Graphic MSP comemoram dez anos do selo e de histórias incríveis
Em 2012, uma história do Astronauta bem diferente chegava no mundo dos quadrinhos. Feita por Danilo Beyruth, era a estreia de um selo que, ao menos naquela época, chamava muita atenção por uma razão peculiar: o fato de que o tradicional personagem de Mauricio de Sousa aparecia com traços e histórias muito diferentes das que conhecíamos nos gibis.
Logo em seguida, veio Laços, de Vitor e Lu Cafaggi que chamou ainda mais atenção por trazer traços novos e muito diferentes para a própria Turma da Mônica. O sucesso de ambas as edições fez, então, com que a Graphic MSP se destacasse e, em seus 10 anos de história, rendessem histórias incríveis, tanto as mais engraçadas, como as mais necessárias.
Para comemorar dez anos de histórias incríveis, a CCXP22 reservou um espaço para Sidney Gusman, editor da Graphic MSP e também da Mauricio de Sousa Produções, trouxe oito dos artistas que deram nova vida aos clássicos personagens. Todos eles tiveram uma coisa em comum, conforme comentaram: receberam um telefonema de Sidney, com uma convocação que lembrou muito Nick Fury, na sua função de convocar os Vingadores.
Começando por Vitor Cafaggi, de Laços, Lições e Lembranças, além de Franjinha: Contato. Ele compartilhou como foi ser o primeiro, junto com sua irmã, a reimaginar toda a turminha. Sidney lembrou, também, de quando conseguiu a aprovação de Mauricio, para um projeto que tinha como finalidade atrair o leitor adulto que era fã da turminha desde pequeno.
Vitor comentou que, apesar da responsabilidade de reimaginar a turminha, incluindo nos traços, não se sentiu muito pressionado por isso. Contou que, por fazer tudo com sua irmã, não sentiram essa pressão, que chegou apenas depois, ao ter que dar muitas entrevistas e receber muita atenção da mídia, pelo sucesso da história.
Ana Cardoso comentou sobre o seu convite para fazer a história de Mingau. Disse que recebeu um telefonema muito cedo de Sidney, com apenas uma pergunta: “você gosta de gatos?”. Sem entender o motivo, disse que sim, recebendo depois a notícia de que ela faria uma história sobre o gato da Magali.
Rafael Calça também falou sobre Jeremias, história que rendeu um prêmio Jabuti, que terá sua terceira história a ser lançada em breve, além de uma série live-action. Jeremias segue a premissa da visão de Mauricio de Sousa de permitir temas mais sérios e necessários em suas Graphic. Sidney mencionou o fato de que Jeremias nunca havia sido protagonista das histórias, enquanto Rafael comentou da necessidade de um protagonista negro poder contar sobre as situações que os negros do Brasil, de forma geral, vivem no dia a dia.
Comentou sobre o “megafone” que é poder discutir temas como o racismo através da MSP, pois garantiu que, se a mesma história fosse lançada de forma independente, jamais chegaria aonde chegou. Também disse que quis, junto com Jefferson Costa, buscaram escrever uma história que falasse de forma direta com leitores negros, para fazê-los se sentirem representados pelo personagem. Além de levar até situações vividas por ele mesmo durante sua vida na história.
Carol Rosset também disse sobre como será fazer a nova história da Magali, após Lu Cafaggi, que fez as histórias anteriores, não seguir o projeto, por motivos pessoais. Carol disse que queria honrar o trabalho já feito anteriormente, a ponto de recriar a capa da primeira Graphic em sua própria capa, como uma imagem na geladeira da personagem.
Orlandeli, por sua vez, falou de como foi fazer a história com Chico Bento. Disse que, embora tinha costume com humor, fazer uma história que tinha como grande tema a dor do medo da perda de alguém próximo rendeu muitos fãs compartilhando que a história ajudou muito a que pudessem superar a perda ou o medo de perder pessoas queridas. Vale lembrar que o ponto de partida do processo criativo foi a lendária história de 1990 com Mariana, a irmãzinha de Chico Bento, que faleceu ainda bebê.
Já Camilo Solano viveu uma situação um tanto diferente. Contou que ainda em 2019, sugeriu e teve sua ideia aprovada de criar uma história de um Cascão confinado em casa, devido a uma tempestade. Porém, mal sabia ele que, em abril de 2020, quando a Graphic foi lançada, praticamente o mundo todo vivia em confinamento devido às questões de pandemia da covid-19. Assim, uma comédia despretensiosa acabou se tornando uma história que acabou ajudando muita gente, nestes dias de solidão.
Cora Ottoni também compartilhou sua história ao escrever a Graphic de Denise. Contou que sempre quis escrever para um público mais infantil, quando recebeu o “telefonema” de Sidney, e ouviu dele que queria que fosse ela quem fizesse a Denise, por dizer que “assim como a personagem, a autora também adora passar vergonha”. Também com foco no humor, a artista se diz feliz de, enfim, ver crianças abraçando sua obra com carinho, na busca por um autógrafo ou para conhecê-la.
Por fim, Max Andrade, o autor da história com Anjinho, contou que era exatamente este o personagem que queria levar para uma Graphic. Compartilhou que se emociona até hoje de ouvir relatos dos fãs que apreciaram, e se emocionaram também, com a sua visão para com o personagem.
De fato, uma coisa curiosa a se notar ao ouvir todos os artistas falando, é que assim como Mauricio de Sousa, Sidney Gusman também tem uma “visão além do alcance”. Pois, assim como senti ver a Mônica, Magali, Cascão e Cebolinha em carne e osso quando o elenco infantil dos filmes foi apresentado, eu não via artistas ali, e sim um Cascão, uma Magali, um Mingau, um Anjinho, uma Denise, um Jeremias, um Franjinha e um Chico Bento. Todos eles possuem algo dos personagens e conseguiram se “fundir”, seja na hora de rir, seja na hora de chorar, ou na hora de conversar sobre coisa séria, e entregar histórias incríveis.
Para 2023, Magali, Xaveco e Do Contra terão suas Graphics, assim como Mônica e Jeremias, que terão suas terceiras histórias.