Cinema: confira nossa resenha do filme Conan, o Bárbaro
Mesmo tendo sua origem na literatura, o personagem Conan é lembrado por muitos por sua famosa passagem pelos cinemas, onde foi imortalizado por ninguém menos que Arnold Schwarzenegger. Agora, quase 20 anos após o lançamento do primeiro filme do cimério, alguém achou que seria uma boa ideia dar um reboot no personagem. Infelizmente, na prática, a ideia não soou tão bem assim.
Embora comece bem, com uma cena em que Conan nasce literalmente no meio de uma batalha, logo se percebe que o filme é bem genérico. Aliás, genérico é a melhor palavra para descrever este novo Conan, o Bárbaro. Sabe aquela velha história de um jovem que vê sua terra natal ser devastada por algum tirano e parte em busca de vingança? Pois é, Conan é exatamente isso.
O tirano da vez é Khalar Zim (interpretado por Stephen Lang, que está tão canastrão quanto o vilão que fez no filme Avatar) e o “mocinho” Conan é vivido por Jason Momoa (que você certamente conhece como o Khal Drogo da épica série Game of Thrones). Temos ainda Marique, a filha do vilão, que é um tipo de feiticeira (vivida por Rose McGowan) e Tamara (a bela Rachel Nichols, que foi a Scarlett no filme G.I. Joe) , uma inocente monja que deve ter seu sangue derramado para que uma profecia do mal se concretize.
Na trama, há muitos e muitos anos, uma máscara dotada de poderes místicos foi forjada, mas seu usuário enlouqueceu e acabou tocando o terror pelo mundo. Depois de vencê-lo, os sábios decidiram dividir a tal máscara em diversos pedaços, ficando cada povo com uma parte, na esperança de mantê-la inerte para sempre.
Logicamente não é assim que acontece, pois nosso amigo Khalar Zim monta o quebra-cabeça, mas precisa do sangue-puro de Tamara para despertar o poder da máscara. Mas como Khalar Zim foi o tirano que destruiu a vila de Conan – quando ele ainda era criança – o cimério não vai deixar isso barato, e pretende arruinar os planos do vilão, arranjando aí no meio uma becha para fazer justiça (na base da porrada, claro), libertar alguns escravos e ganhar o coração da mocinha.
A magia – que é algo bem presente nos quadrinhos originais de Conan – aparece um pouco aqui, mas de maneira bem simplificada. O Conan de Jason Momoa é um pouco mais astuto e articulado que o do Schwarzenegger, mas mesmo se esforçando e tentando falar grosso, o ator não tem carisma para carregar o filme nas costas. A direção de Marcus Nispel também não surpreende, entregando cenas medianas em cima de um roteiro manjado.
Ok, mas se a história é genérica, pelo menos as cenas de ação são legais, certo? Não exatamente. Se você já assistiu filmes como 300, Tróia ou Gladiador (ou mesmo o Conan do Schwarzenegger) vai se decepcionar um pouco aqui. As cenas de batalha não são exatamente épicas e em diversos momentos o que deveria ser sangrento acaba se tornando cômico.
Exemplo: em determinado momento, o jovem Conan (quando digo jovem Conan, quero dizer no tempo em que ele ainda era criança) pula sobre um bandido e corta fora o nariz dele! Isso mesmo, o nariz! Como se isso já não fosse bizarro o bastante, ainda temos de ver o tal nariz quicando no chão, e posteriormente, o mesmo vilão usa um “tapa-nariz” bizarrísimo para esconder sua deformação (afinal, vilões de tapa-olho estão fora de moda!)
Outro momento exagerado até o talo é o já famoso treinamento dos moleques cimérios: todos devem correr pelas colinas com um ovo de codorna inteiro na boca. Quem quebrar o ovo está “desclassificado”. Conan – então um moleque de 12 ou 13 anos – não só chega com seu ovo inteiro, como ainda arranja tempo de matar e decapitar (sozinho) um grupo de inimigos que invadiria sua ideia.
Este novo Conan tem a maior cara de filme de baixo orçamento feito para televisão, e parece não ter muita vergonha disso. Os poucos efeitos especiais são bem mais ou menos (os guerreiros de areia nada mais são que homens cobertos de pó branco), o 3D é praticamente nulo (só faz diferença na introdução do filme) e em dois momentos o personagem ergue a espada sem motivo algum e grita de tal maneira que eu podia jurar que ele ia emendar algum bordão clássico tipo “Pelos poderes de Grayskull!” ou “Thuder… Thunder… Thundercats, Hooo!”
Resumindo, Conan é um filme genérico, com personagens genéricos, história genérica e ação genérica. Quem é fã do personagem vai perceber que este filme até tenta ser fiel aos quadrinhos mas falha e vira apenas um filme de ação mediano. Se não soubéssemos que o protagonista é o Conan, sua trama manjada e seus personagens estereotipados poderiam facilmente ser usados em dezenas de outros filmes “épicos” que já vimos enquanto zapeamos pelos canais de TV numa tarde tediosa.
Conan, o Bárbaro, estreia em todo o Brasil nesta sexta-feira, 16 de setembro, com cópias em 2D e 3D.