Cinema: confira a resenha do filme As Aventuras de Tintim

19 de janeiro de 2012

Cinema: confira a resenha do filme As Aventuras de Tintim

Antes de ler esta resenha, você precisa saber que As Aventuras de Tintim pode ser visto de duas maneiras distintas. Quem nunca leu os quadrinhos ou nunca assistiu ao desenho animado pode achar que ele é apenas mais um bom filme de animação. Mas, quem já conhece as aventuras do personagem vai se deliciar de nostalgia e ficar maravilhado ao ver Tintim, Capitão Haddock, os detetives Dupont e Dupond e tantos outros personagens icônicos em versões (quase) de carne e osso. Eu me encaixo no segundo grupo.

Se você já passou dos vinte e poucos anos e teve uma infância saudável, é possível que tenha assistido ao desenho animado As Aventuras de Tintim, que era transmitido pela TV Cultura em meados da década de 90. Se sim, provavelmente vai reconhecer a sinopse do filme, pois ela é uma versão levemente ampliada do arco O Segredo do Licorne, uma das mais célebres aventuras de Tintin.

A trama acompanha o intrépido repórter investigativo Tintim (Jamie Bell) em uma aventura que acontece meio sem querer: ao comprar uma réplica de um famoso navio em uma feira de antiguidades, o jovem se vê em maus lençóis, pois muita gente gananciosa está atrás daquele navio. Não é por acaso, afinal a réplica possui pistas da localização do tesouro do temido pirata Rackham, o Terrível.

Cinema: confira a resenha do filme As Aventuras de Tintim

Com seu tino jornalístico afiado, Tintim vê neste mistério uma boa história e resolve embarcar na busca pelo tesouro pirata. Porém, ele não está sozinho nesta busca: o maquiavélico Ivanovitch Sakharin sabe da existência do tesouro, e vai fazer de tudo para conseguir a parte do mapa que está com o herói.

O problema é que só um verdadeiro “Hadoque” pode desvendar o segredo dos mapas, e é aí que entra na história o bebum Capitão Haddock, descendente do lendário pirata Francis “Hadoque” Haddock. Ele, Tintim e seu inseparável cãozinho Milu vão rodar o mundo em busca das pistas que levam ao lendário tesouro.

Cinema: confira a resenha do filme As Aventuras de Tintim

A primeira coisa que faz o queixo cair em Tintim é o seu visual. O filme é simplesmente incrível e já faturou o merecido Globo de Ouro de Melhor Animação. Ao mesmo tempo que conta com cenários riquíssimos e detalhes – como pele, rugas e cabelos – fotorrealistas, ele mantém o visual cartunesco dos personagens principais, o que causa uma associação imediata aos quadrinhos/desenhos animados de onde foi tirado. É como se alguém tivesse tirado o personagem de um ambiente 2D e colocado-o em um ambiente real, sem mudar nada.

O resultado disso é impressionante, e as técnicas de captura de interpretação realmente dão um show. Ao contrário de algumas animações onde você associa de imediato o dublador ao personagem (tipo o Eddie Murphy e o burro do Shrek), em Tintim isso é quase impossível: eu só fui me dar conta que o vilão Sakharin era o Daniel Craig quando subiram os créditos. É a tecnologia deixando a “magia do cinema” mais mágica do que nunca.

Cinema: confira a resenha do filme As Aventuras de Tintim

Acredite, este velhote de barba é o Daniel Craig.

Difícil dizer se a captura de interpretação aqui está melhor ou pior do que em Avatar, que virou referência no gênero. Mas, é fato que o visual cartunesco dos personagens deixa tudo muito mais interessante.  O efeito 3D também é ótimo, enriquece a experiência e faz valer a pena pagar um pouquinho mais caro para conferir o filme neste formato.

A veia de desenho animado também se faz presente nas situações do filme: coisas que seriam absurdas em um filme live action ficam muito bem aqui, pois sabemos que, se na vida real é impossível uma cantora lírica explodir uma cúpula de vidro com seu mais fino agudo, no mundo das histórias em quadrinhos isso é perfeitamente possível.

Cinema: confira a resenha do filme As Aventuras de Tintim

As Aventuras de Tintim apresenta ainda um clima de aventura bem humorada que remete à clássicos do gênero como Indiana Jones e Tudo Por uma Esmeralda. E isso é ótimo, afinal, quem curtiu estes filmes sabe que faz tempo que não sai nada de bom deste estilo.

Entre uma cena de aventura e outra (ou mesmo no meio delas) temos ainda boas pitadas de humor. A maioria delas vinda da atrapalhada dupla de detetives Dupond e Dupont, que se mete em situações muito engraçadas. Os momentos em que o cãozinho Milu é o herói (que são muitos) também se destacam por serem divertidos e muito criativos.

Cinema: confira a resenha do filme As Aventuras de Tintim

Para coroar a tecnologia de ponta, os atores que literalmente desaparecem em seus personagens e a ação de primeira, temos uma trilha sonora que é tão divertida quanto intensa. A música dos créditos iniciais já é ótima por si só, mas no decorrer do filme, o experiente John Williams nos brinda com diversas outras composições inspiradas.

Vale ressaltar o excelente trabalho de edição do filme. As transições de cena são simplesmente incríveis para quem admira a arte de se fazer cinema. Temos Tintim e Haddock  à deriva no meio do oceano; a câmera vai afastando, afastando, e de repente um pé gigante nos faz perceber que já estamos em outra cena, e o oceano virou uma simples poça d’água na calçada. Simples, porém genial.

Cinema: confira a resenha do filme As Aventuras de Tintim

Por último, mas não menos importante, estão as referências para os fãs de Tintim. Do foguete de Explorando a Lua, até a parede de Tintim, cheia de recortes de jornais que mostram seus feitos, o filme está repleto de pequenas homenagens ao rico universo criado pelo quadrinista belga Georges “Hergé” Remi.

Se for para apontar um defeito no filme, é o fato de ele não se preocupar em apresentar detalhadamente os personagens. É como se Spielberg tivesse decidido que todo mundo já conhece o universo de Tintim (de fato, muita gente conhece) e por isso, apresentar cada um seria uma perda de tempo. Brevíssimas apresentações são feitas, e logo todos já estão partindo para a ação sem muita enrolação.

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Decidimos parar de dar notas para filmes em nosso site, pois gostar ou não de um filme é algo muito pessoal, e uma nota boa (ou ruim) pode não corresponder à opinião da equipe, mas de quem viu o filme.

Quem não assistiu Tintim quando criança pode não achar o filme tão legal. Mas eu assisti. E já na primeira cena (a do pintor de retratos na rua), As Aventuras de Tintim me fisgou e me fez relembrar meus bons tempos de infância. Parabéns Steven Spielberg e Peter Jackson, que fizeram, antes de mais nada, um filme que homenageia o personagem e é totalmente fiel às suas origens. E que a sequência venha logo!

As Aventuras de Tintim estreia em todo o Brasil nesta sexta, dia 20 de janeiro.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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