Começou Assim: Memory Card do Neo Geo AES, o primeiro dispositivo de memória de todos

6 de junho de 2021
Começou Assim: Memory Card do Neo Geo AES, o primeiro dispositivo de memória de todos

Hoje nós nem precisamos disso, mas entre os anos 90 e 2000, os cartões de memória eram elementos essenciais para a jogatina, especialmente de games com mais tempo de gameplay, como os RPGs. Com a mudança dos games dos cartuchos para CDs, um problema surgiu: os discos, por mais que tivessem espaço superior ao encontrado nas famosas fitas, não podiam ser gravados durante o gameplay, precisando de soluções externas para que o jogador pudesse seguir seu progresso.

A situação se tornaria ainda mais necessária em meio à crescente dos RPGs. O Super Nintendo e o Mega Drive possuíam baterias em seus games, para que o progresso de seus Phantasy Stars, Final Fantasies e tantos outros pudessem ser guardados. Mas Playstation, Saturn e 3DO precisavam de outras iniciativas. Alguns usaram o próprio console como sistema de armazenamento. Enquanto outros apostaram nos cartões de memória.

Em meio a tantos cartões que se tornaram obrigatórios para donos de consoles nos anos 90, foi na SNK que a ideia surgiu primeiro, onde o seu Neo Geo AES, o “fliperama em casa” da companhia, poderia ter seu progresso guardado em um dispositivo de fácil acesso, sem depender do próprio cartucho, ou do console, para manter seus dados de progresso bem guardados.

A Começou Assim deste mês irá contar sobre o início dos memory cards nos games, com a iniciativa da SNK, e como estes pequenos cartões se tornaram tão importantes em um período do mundo dos videogames.

Os primórdios dos cartões de memória

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Desde sempre, os cartões de memória, sejam eles para games ou uso em computadores, tinham a função de armazenar conteúdo útil e relevante, para levar para qualquer lugar. Tendo como base a memória flash, é uma invenção de Fujio Masuoka, na Toshiba, de 1980, sendo comercializado pela companhia durante os anos 80.

Seu primeiro formato foi o PC Card, ou PCMCIA, e, com o passar do tempo, os pequenos cartões foram se popularizando e ganhando novas versões. Especialmente durante os anos 90, época na qual o mundo dos computadores estava em ebulição, com muitas iniciativas buscando um lugar ao sol.

Nesta década, tivemos também o CompactFlash, o SmartMedia e o Miniature Card. Paralelo a isso, as câmeras digitais seguiam avançando, assim como os primeiros celulares com armazenamento também pediam por mais espaço, o que rendeu, durante os anos 2000, o crescimento dos cartões SD e MMC, com a Sony, em paralelo, trabalhando com seu Memory Stick, em seus produtos.

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E, se hoje o microSD é, basicamente, a forma universal de se carregar conteúdos em diversos dispositivos, antigamente, além da variedade, o preço também era outro. Com o passar do tempo, o mercado de armazenamento portátil via SD foi, junto com dispositivos USB, como os pendrives, se estabelecendo como padrão.

No mundo dos games, com um pendrive, HD externo ou cartão microSD, é possível expandir as capacidades de vários consoles. Os consoles atuais possuem suporte para tais tecnologias, seja para guardar jogos, fazer backups ou salvar progressos, de uma forma bem diferente dos anos 90…

O Memory Card da SNK

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Já no mundo dos games, a necessidade de cartões de memória foi surgindo, conforme os games e consoles não conseguiam salvar os progressos por si só. Os cartuchos, por exemplo, usam um recurso com uma bateria, que permitia o save em vários jogos. O problema é que uma bateria, como qualquer outra, pode acabar e, com ela, levar embora o seu save, além de incapacitar o progresso, caso não seja trocada.

E, com a chegada dos consoles de CD, foi se tornando mais necessário ainda um dispositivo para gravar os avanços nos games. Mas, mesmo sem ser um console de CD, o Neo Geo AES, lançado em 1990 pela SNK, oferecia a seus jogadores um memory card. No caso deste videogame, em específico, a função tinha uma outra finalidade: a conexão entre os games do console e de arcade.

Claro, estamos falando do mercado japonês, onde tal compatibilidade era realmente útil. Não vamos considerar os fliperamas do Brasil, em especial os piratas, que mal tinha os botões para o jogo, que dirá entrada para cartões. Talvez um cinzeiro.

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O Neo Geo AES, basicamente, era a versão caseira do sistema de arcade da SNK. Assim, configurações específicas, feitas por jogadores em suas casas, poderia ser levadas até um gabinete Neo Geo, e migrar o salvamento do game. Era possível, assim, jogar um determinado game para a plataforma em casa à noite e, durante o dia, passar em uma casa de arcade, usar seu memory card e seguir o game com o mesmo progresso.

O cartão não era 100% autônomo: dependia de uma bateria de lítio, para oferecer energia e fazer o salvamento no chip SRAM. Era uma tecnologia semelhante a presente nos cartuchos. De acordo com a SNK, uma bateria durava entre 5 e 7 anos, sendo necessário, ao seu final, levar em uma assistência técnica, para a troca, complexa. Era preciso abrir o cartão e soldar a bateria no local correto.

Mas além do cartão proprietário da SNK, qualquer cartão PCMCIA de SRAM poderia ser utilizado também no Neo Geo, cujos padrões de compatibilidade vinham no manual do produto. Ele possuía entre 17 e 27 blocos de save, em uma memória de incríveis 2kB (isso mesmo, dois Kilobytes), o que o faz incapaz de receber uma simples música nos dias atuais. Ou mesmo uma imagem.

Um legado que ajudou muita gente

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Após o Neo Geo, os games evoluíram, e com isso, se tornou mais necessário salvar os progressos, pois os games também ficavam mais longos. A geração 32-bits popularizou o formato, especialmente no Playstation, cujo memory card era posicionado logo acima do controle, em um formato que se repetiu no Playstation 2. O Saturn, mesmo com uma pequena memória interna dedicada a saves, também permitia, em sua porta de cartuchos, um memory card.

E o Nintendo 64 permitia um cartão de memória em seu controle, mesmo com alguns games possuindo a capacidade de salvar o progresso sozinhos. A geração seguinte também utilizou os cartões, até que, na chegada de Playstation 3, Wii e Xbox 360, HDs e pendrives foram introduzidos, dispensando tais cartões.

Mas, não temos como negar a importância destes dispositivos. Especialmente para quem jogava no primeiro Playstation, que tem maiores recordações com os seus cartões. Entretanto, é curioso saber que este recurso, tão útil em um momento da história dos games, nasceu para um fim bem interessante: a da conexão entre casa e arcade, para que o jogador pudesse, de forma prática, jogar em qualquer lugar, com o mesmo progresso.

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui! Siga-me em instagram.com/juniorcandido ou x.com/junior_candido

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