Começou Assim: os cinco primeiros games da Electronic Arts
Quem vê a Electronic Arts de hoje em dia, com seus games de esporte, a série Need for Speed, seu projeto com games independentes e até com suas polêmicas, nem imagina como foram os primeiros passos da empresa. Nascida em 1982, é uma das sobreviventes do “Crash dos Videogames”, e tem importância direta na forma a qual consumimos jogos esportivos hoje em dia.
Mas como tudo tem um começo, hoje iremos falar dos cinco primeiros games feitos pela então desconhecida Electronic Arts, que buscava um lugar ao sol como todos os outros estúdios, empresas e pessoas que queriam lucrar no recém-criado mundo dos videogames.
Nasce a “arte eletrônica”
A Electronic Arts existe por causa de um nome: Trip Hawkins. William Murray Hawkins III, o nome completo de quem ficaria conhecido como “Trip”, era funcionário da Apple em 1978, em uma época que a empresa estava muito distante da corporação que conhecemos hoje, contando com cerca de 50 funcionários.
Mas Hawkins viveu a explosão do mercado de computadores, vendo a Apple deixando de ser a pequena empresa que apostava nos computadores para fazer seu IPO, em 1982, e disparar rumo a se tornar uma das maiores empresas do mundo. Mesmo assim, a segurança profissional da corporação recém-nascida não foi suficiente para Trip buscar sua própria oportunidade de negócios.
Nascia, assim, em 1982, uma nova empresa, após a incorporação da Sequoia Capital, empresa que já tinha interesse em trabalhar com softwares e que já permitia o uso de suas dependências para Trip desenvolver o que seria a EA. Foram sete meses de trabalho para refinar os negócios, junto com Rich Melmon, também ex-Apple e o primeiro funcionário da nova empresa. Dave Evans e Pat Marriott, também saídos da Apple, chegariam mais tarde, assim como Jeff Burton, que havia acabado de sair da Atari.
No final de 1982, a empresa já tinha uma sede própria, em San Mateo, próxima ao aeroporto de San Francisco. E, em 1983, já contava com 13 funcionários. O primeiro nome da empresa era Amazin’ Software, que era o plano da Sequoia Capital, mas foi sugerido para que mudasse tal nome, batizando-a com a Electronic Arts que conhecemos hoje. A ideia veio do ato de tratar softwares como arte, e os desenvolvedores como “artistas digitais”.
A recém-criada Electronic Arts era tão bem vista entre a California, local principal do mercado de tecnologia dos EUA, que até Steve Wozniak, co-fundador da Apple, participou do conselho de administração. Era um momento único para os games, com a contemporânea Activision também surgindo naqueles dias, e oportunidades em games, agora não apenas nos EUA, surgindo.
Uma das questões abordadas pela EA, naqueles dias, era o crédito total a seus “artistas”. Os desenvolvedores da empresa, ao contrário da Atari, que proibia a divulgação dos nomes dos funcionários envolvidos, ganhavam destaque na capa dos jogos, e até nas propagandas da empresa. A ideia, muito anterior ao seu tempo, era de fazer de seus desenvolvedores verdadeiros “rockstars”, nem imaginando que atualmente, muitos desenvolvedores e gente envolvida com games conta com esta exata visão, comportamento e estilo de vida.
A Electronic Arts nasceu desenvolvendo games para os computadores da época, que incluem o Atari 800 e o Commodore 64. E já em seus primeiros dias, mostrava que esportes teriam um grande espaço no mundo de seu catálogo, com o lançamento, em 1983, de One on One: Dr. J vs. Larry Bird, onde Julius Erving e Larry Bird, estrelas da NBA da época, faziam um “mano-a-mano” em uma empresa que faria do esporte uma das suas maiores geradoras de receita.
As cinco primeiras artes eletrônicas
Hard Hat Mack, Archon: The Light and the Dark, M.U.L.E, Worms?, e Axis Assassin são os cinco games com os quais a Electronic Arts iniciou seu longo legado. Todos eles contavam com a nova proposta da empresa, colocando os desenvolvedores na capa, vendendo os games como discos de rock, dando destaque aos “artistas”.
Hard Hat Mack é um game de plataforma feito por Michael Abbot e Matthew Alexander. O game é de 1983 e teve versões iniciais para o Apple II, Atari 8-bit e Commodore 64. Apesar de estar entre os “cinco primeiros”, este é considerado o verdadeiro primeiro jogo da EA. Tem o mesmo jeitão de se jogar de Donkey Kong, mas não é um simples clone. Como tem o foco de mostrar o dia a dia de um trabalhador em uma construção, o game tem como objetivo trabalhar na obra, cumprindo alguns objetivos.
Archon: The Light and the Dark, também de 1983 foi feito pela Free Fall Associates, e é um game de xadrez, superficialmente falando. Mas, ao invés de seguir as regras rígidas do xadrez, uma batalha entre as duas peças tem início, com o vencedor prevalecendo no tabuleiro. Para variar o jogo, cada peça tem habilidades únicas de combate.
Os créditos de Archon são de: Paul Reiche III, Jon Freeman e Anne Westfall.
M.U.L.E., por sua vez, é um game multiplayer, aproveitando as portas dos computadores Atari para permitir gameplay com quatro jogadores ao mesmo tempo. Trata-se de um game de estratégia por turnos, com elementos em tempo real envolvendo o tema de economia, mais ou menos como nos games do tipo Monopoly.
Worms? não tem nada a ver com a série que começou a fazer sucesso nos anos 90, mas trata-se de um game abstrato, com o objetivo de fazer os worms do game crescerem e sobreviverem o máximo possível. O game oferecia área em células hexagonais, e os vermes se movimentam em uma direção específica. É um game de muita atenção para cuidar bem de todos os seus vermes.
E por fim, Axis Assassin. Game inspirado no Tempest da Atari de 1981, foi desenvolvido por Jonh Field, se tratando de um shooter por esteiras, com superfície tridimensional onde cada linha permite ao jogador se posicionar e ver seus inimigos.
O início de um rico legado
Após este momento inicial, a Electronic Arts seguiu avançando, atacando, de maneira mais profunda, os games de esporte. Sairia de seus estúdios, nos anos posteriores séries como FIFA, NBA Live e Madden NFL, além de outros games, como Road Rash e The Need for Speed. Nos anos 2000, com a ascensão de The Sims e games como Battlefield ou Mass Effect, a EA foi crescendo mais e mais, até se tornar a companhia que conhecemos hoje.
Atualmente, em meio a polêmicas e games queridos pelos jogadores, a Electronic Arts é uma das presenças mais constantes e profundas entre o mundo dos videogames. Um verdadeiro elo dos primeiros dias dos videogames até os momentos atuais. Uma companhia que viu a ascensão dos consoles, assim como suas crises, mas que seguiu produzindo seus games, preparando-se para os seus próximos capítulos.