Conheça a “última edição” da Super Game Power, feita por fãs da revista
Nem preciso falar aqui da importância das revistas de videogame. É muito provável que você, que chegou até aqui, tenha sido um assíduo leitor ou leitora de diversas revistas antigas, como a Ação Games, a Gamers ou a Super Game Power. Incorporadas na vida do gamer dos anos 90, eram elas quem nos traziam as novidades e nos apresentavam os melhores jogos da época.
A Super Game Power é um destes exemplos. Lançada em abril 1994, era a fusão de duas revistas: a Super Game, que era focada em sistemas SEGA, e a Game Power, que trazia conteúdo focado em Nintendo. A nova revista falaria dos sistemas das duas empresas, mas também abriria espaço para outros sistemas contemporâneos, como o 3DO, o PlayStation ou mesmo os computadores.
A revista viveu seus dias dourados nos anos 90, e até iniciou os anos 2000 muito bem, com a parceria com a revista dos EUA Game Pro trazendo diversos conteúdos “de dentro da indústria”. Até a qualidade da revista era excepcional naqueles dias. Mas, seguindo o caminho natural da evolução, aos poucos o interesse pelas revistas foram sendo trocadas para canais como sites, blogs, até os meios atuais, que se incluem canais no Youtube ou streamings em geral.
A última edição, a 133, foi lançada quando a revista já completava 11 anos de história. Eram meados de 2006, quando o Nintendo DS e o PSP já existiam, assim como a geração “128-bits”, com PlayStation 2, GameCube e o primeiro Xbox. A sua capa era dividida entre Yakuza e Okami, ambos detonados pela equipe. Outros games faziam parte desta edição, como o jogo de Scarface, Bully ou Phantasy Star Universe.
Mas esta não foi a última edição da Super Game Power. Simplesmente pelo fato de que fãs da revista resolveram fazer uma espécie de “Last Dance” em 2009, produzindo uma edição completa da revista. A edição 134, assim, surgiu três anos após o encerramento oficial da publicação, e foi uma forma de homenagear um legado que marcou a vida de todos aqueles que jogavam videogame nos anos 90.
No final da revista, é possível ver quem se aventurou na homenagem. Foi encabeçado por Marcos Murad, que fez o papel de Editor-Chefe e cabeça do Projeto Gráfico. Osmar Dancum cuidou da arte, enquanto Dora Crusman foi a Assistente Editorial. No time de colaboradores temos: Mara Sordumc, Mao Rudasc, Rosa Drucamm, Marosmar Duc e Ramos Cradum. Um time bem empenhado, por sinal.
O trabalho gráfico foi totalmente inspirado no projeto visual das revistas dos anos 90, replicando os menus e formato. O editorial do Chefe se fez presente, com o personagem contando sobre “a volta” da revista. O pessoal conseguiu também fazer um Circuito Aberto, espaço para matérias especiais, no qual traziam um guia para comprar os consoles atuais da época, como o PS3, Xbox 360 ou Wii. Também houve espaço para uma cobertura da E3 de 2009, falando de Uncharted 2, Alan Wake ou God of War III.
Inclusive, muitos destes jogos de 2009 foram matéria em outra revista, a nossa. O Arkade nasceu neste ano, e em formato de revista digital. Caso não conhecia, pode conferir todas as nossas edições lançadas até o momento, disponíveis gratuitamente.
Todas as seções da revista foram reproduzidas, como a Pré-Estreia, que trazia os games que estavam para chegar, e as matérias de jogos, que também eram revisados na época. Mas curiosamente, não possuem notas, diferente da revista oficial, que dava notas para todos os jogos apresentados. Todos os artigos foram “assinados” pela equipe original de personagens da revista, como Marcelo Kamikaze, que avaliava os RPGs ou Marjorie Bros, que ficava com os jogos de aventura e os “fofinhos”.
Mesmo com os games já naquela época não contando mais com o sistema de dicas ou password, ainda houve espaço para dar dicas de GTA IV e Mario Kart Wii. Além do “Papo Gamer”, que discutia se os “Games já haviam chegado ao limite”. Gostei tanto que vou continuar este bate-papo em breve. E, como não poderia faltar, a revista termina com a seção Flashback, no qual o Chefe relembrou Wild Guns, jogaço de tiro, que inclusive foi relançado recentemente.
É possível ver que os responsáveis pela homenagem conseguiram reproduzir a Super Game Power exatamente como ela era nos anos 90. Desavisados podem encontrar o PDF dela, e achar que realmente se trata de uma legítima edição oficial. É claro que há simplicidade técnica que entrega que se trata de uma versão “homebrew”. Mas o que importa é que a essência está lá, e deveria ser lida por todos aqueles que gostavam da revista, três décadas atrás.
Inclusive, falando em ler, ela está disponível, na íntegra, para download no site Datassete, um dos que mantém o legado das revistas vivos, com várias revistas clássicas disponíveis em PDF.