Conheça I’m Scared, game indie de terror que mais parece uma Creepypasta
Para alguns, a maior experiência que já tiveram com jogos de terror foi na era de ouro dos mesmos. Silent Hill e Resident Evil, os grandes jogos canônicos do survival horror, que estabeleceram padrões para esse estilo de jogo, que ainda são implementados em produções atuais (uma menção honrosa a Fatal Frame).
Mesmo com tantos títulos no mercado, é preciso vasculhar a Internet caso queira encontrar, acima de gráficos ou qualidades técnicas, novas experiências com o horror. Jogos que possam proporcionar não apenas aquele “jumpscare” (também tão aclamado), mas aquela sensação de desconforto. Tamanha, que em algum momento você olhe por trás dos ombros para se certificar que nada o observa. Poucos jogos conseguem essa façanha. I’m Scared é um deles.
Antes de tudo gostaria de alertá-los sobre algo: indo contra a maré de tudo o que costumamos ver na indústria do videogame, esse jogo foi desenvolvido por uma pessoa só. Não que isso implique em uma falta de qualidade ou deficiência de gameplay, muito pelo contrário. A visão desse desenvolvedor moldou o que espero que sirva de base para as futuras gerações de desenvolvedores de games.
Ivan Zanotti é seu nome, um desenvolvedor italiano que, pela sua descrição do no site Game Jolt, não possui um inglês tão afiado. Ivan foi responsável por toda criação do jogo: desde sua programação, até a composição de músicas e ilustrações.
I’m Scared – A Pixelated Nightmare, desenvolvido pelo italiano e disponibilizado para PC, foi lançado no dia 7 de Outubro de 2012, e é um jogo ao estilo Survival Horror que implementa elementos conhecidos como “Quebra da 4°Parede”.
Como exemplo da tal “4°Parede”: em um filme, seria a hora em que o ator vira para a câmera e fala conosco, recentemente utilizado de forma maestral em House of Cards, onde o protagonista Frank Underwood (Kevin Spacey), em inúmeros momentos, interrompe o que está fazendo e fala diretamente conosco, nos inserindo em seu mundo de política e trambiques.
Em Metal Gear Solid, Hideo Kojima também nos faz surpresa semelhante. Ao enfrentar Psycho Mantis, um telepata que pode prever nossos movimentos lendo nossa mente. O único jeito de derrotá-lo seria interrompendo sua telepatia, que consiste em ligar o controle no Player 2. Isso gerou uma interação do jogo com o jogador, lembrando também, da “leitura da mente”, quando o personagem vê o que você tem jogado ao ler seu Memory Card.
I’m Scared caminha nessa mesma proposta. Com um enredo um tanto conceitual, a real contribuição do jogo é o seu gameplay, a interação com o jogador.
À primeira impressão, percebe-se sua concepção simples, ao fazer uso de um estilo gráfico “pixelado”. Não leva muito tempo para que o jogador perceba qual a real proposta do jogo. Após alguns minutos de gameplay, o inimigo do jogo, conhecido como White Face surge na tela e persegue o personagem. Ao esbarrar com o mesmo, o jogo é fechado, automaticamente, mesmo o jogador não tendo feito nada. Ao clicar na pasta do jogo, se vê que um arquivo de texto surge, discorrendo um pouco sobre a história do jogo e qual seria o nome da coisa que o atacou. Ao entrar novamente no jogo, o jogador é apresentado a uma pergunta: ”Do you know my name?”, ou “Você sabe o meu nome?” em português, sendo que o nome foi disponibilizado no arquivo de texto na pasta do jogo.
Esse é apenas um exemplo do quanto esse jogo vai longe. Depois de algum tempo de gameplay, seu browser é aberto sem motivo algum, com imagens do que seria o White Face. Existem relatos também de, após a conclusão do jogo, sua inicialização não ser mais possível e, tendo algum outro jogo instalado na Steam, o mesmo será aberto se tentar inicializar I’m Scared. Porém, são apenas rumores, mas… fique a vontade para fazer o teste e nos dizer o que acontece.
Ivan Zanotti elevou o conceito horror a um outro patamar, onde a sua máquina também faz parte do jogo, tendo de abrir arquivos de texto e visualizar imagens macabras.
Durante o gameplay, mesmo com toda sua simplicidade, o jogo consegue aterrorizar a qualquer um que jogá-lo da maneira correta, como qualquer jogo de terror deve ser jogado (com fones de ouvido, à noite, as luzes apagadas e fraldas).
Por sua proposta inovadora e ambientação digna de títulos AAA de terror, I’m Scared consagra-se como sendo um dos mais importantes títulos independentes de horror da atualidade. Mesmo pouco expressivo quanto a números de donwloads, o jogo cativou um número significativo de jogadores.
O jogo, em ambas as versões, está disponível no site Game Jolt, sendo a versão gratuita, de 2012, neste link, e a versão de 2016, paga, neste link, custando US$3,99. Se quiser conferir a demo, é só visitar este outro link.