Creepypasta Arkade: A insanidade por trás do hack de Super Mario World

13 de fevereiro de 2015

Creepypasta Arkade: A insanidade por trás do hack de Super Mario World

Nem sempre um jogo é assustador a ponto de mexer psicologicamente com um jogador, e as famosas versões hackeadas de alguns jogos parecem mais bobas do que estranhas, mas e quanto ao que pode estar por trás disso? E isso é o que torna a história do misterioso hack “MARIO” algo perturbador.

Não há um único gamer que não saiba o que é Super Mario World. Esse é provavelmente o game mais famoso de todos os jogos do encanador italiano da Nintendo, e um dos games mais famosos de toda a história, mesmo os gamers da nova geração que estão iniciando seu “legado” nos video games pelo menos já ouviram falar nesse game divertido e atemporal.

A trama não poderia ser mais simples: Bowser mais uma vez sequestrou a princesa Peach, e cabe a Mario Luigi salvá-la, agora acompanhados do dinossauro Yoshi, bem como salvar os amigos dinossauros de Yoshi que foram aprisionados em ovos por toda a Dinosaur Land. 

Com o tempo e melhores tecnologias, os mods e hacks de jogos famosos se tornaram comuns. E no caso dos hacks de Super Mario World tornaram-se famosos aqueles com fases impossíveis de serem finalizadas por meros jogadores comuns, com vídeos se espalhando de fases tão rápidas e perigosas que é preciso perfeição total para conseguir terminá-las. E em pouco tempo, comunidades e fóruns nasceram para juntar os amantes desses mods e hacks, que compartilhavam entre si suas próprias criações.

https://www.youtube.com/watch?v=r4LbPv6nMzs

Um site em específico acabou sendo criado para agrupar vários conteúdos, informações e obviamente hacks de Super Mario World entre 2005 e 2007, o site SMW Central. Sendo um site específico para rom hacks, ele funciona como um enorme banco de dados para ferramentas, documentos e hacks inteiros disponíveis para todos. E para que tudo funcione de forma devida, o site funciona com várias regras comportamentais e para divulgação dos hacks, sendo preciso que eles passem por uma avaliação dos moderadores antes de serem oficialmente inseridos no site. E foi nessa seção que foi descoberto um hack totalmente incomum que em pouco tempo ganhou enorme notoriedade, bem como uma infeliz fama ao redor do mundo.

Em 2010 um usuário do site de nome Adam encontrou um estranho hack na sessão dos que ainda não foram avaliados. Enquanto ele navegava pela página, ele baixava e testava os hacks disponíveis, descobrindo que eram muito mal-feitos enquanto conversava com alguns moderadores comentando sobre seus testes. Um hack chamou sua atenção, atendendo apenas pelo nome de “MARIO”. O hack aparentava ser mais um trabalho ruim, principalmente por sua descrição, que mais parecia uma pessoa fingindo ter traduzido um texto japonês para o inglês. Graças aos erros, a descrição do hack dizia apenas:

“As you play the role of Super Mario plumber, verify that you are beautiful Purinsesutozutouru again Bowser kidnapped the evil king. It is your job to save her! This hack includes six levels of very long.” – “Enquanto você joga o papel do Super Mario encanador, verifique que você é um lindo Purinsesutozutouru novamente Bowser sequestrou o rei malvado. É seu trabalho salvá-la! Esse hack contém seis levels de muito longo.”

Creepypasta Arkade: A insanidade por trás do hack de Super Mario World

Curioso sobre o conteúdo, ele decidiu baixá-lo. Além da estranha descrição, a única screenshot mostrando um pouco do jogo era a tela de título somente com o nome MARIO escrito. Não havia nenhuma data nem nome no título do hack, uma espécie de assinatura usada por seus criadores para serem reconhecidos por suas criações. Ao terminar o download, ele verificou que o hack possuía dois arquivos: Um documento em .txt e o arquivo IPS chamado MARIO. O arquivo IPS é o hack em si, que pode ser jogado ao ser “combinado” com uma ROM comum de Super Mario Bros. O nome do outro arquivo era apenas 3007014.txt.

Adam decidiu ver que mensagem o jogador havia deixado, mas o arquivo era formado por incontáveis caracteres embaralhados, como se o próprio hack tivesse sido copiado num arquivo de texto, ou mesmo fosse um arquivo corrompido. Porém, bem no inicio da bagunça de caracteres havia algo que era possível ser lido:

ÿØÿà JFIF  H H  ÿþ 1find me find me find me find me find me find meÿÛ C

“encontre-me encontre-me encontre-me encontre-me encontre-me encontre-me”. Sem entender o significado, e também não se importando, ele decidiu iniciar o hack de uma vez. Para sua animação, o hacker que criou o que ele estava prestes a jogar parecia ter feito um bom trabalho, pois logo que a ROM foi iniciada no emulador de Adam, o “cabeçalho” da ROM, o título do game em letras brancas que aparece assim que o arquivo é carregado num programa emulador havia sido alterado, mostrando apenas o nome MARIO, nem todos os criadores de hacks possuem conhecimento para fazer essa alteração, e por isso Adam já estava esperando um ótimo hack.

O game se iniciou, e como era de se esperar, somente o título MARIO aparecia da tela inicial. Adam notou algumas diferenças, o sprite de Mario estava diferente, com suas roupas mais acinzentadas, diferente do normal vermelho e azul, com certeza a alteração foi feita pelo criador do hack. E havia uma sensação como se o hack estivesse “vazio”, ou algo que Adam não conseguia explicar direito, mas de certa forma ele percebia algo errado. Sem perder mais tempo, ele iniciou o jogo e assim como no jogo original, uma caixa de texto apareceu explicando a história do game, mas havia uma diferença:

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“Bem-vindo! Essa é a Dinosaur Land. Nesse estranho lugar descobrimos que a Princesa Toadstool está desaparecida de novo! Parece que Mario está pro trás disso novamente!”

Mario? Pois parecia que dessa vez o vilão da história era o próprio Mario, e o jogador iria controlar justamente ele, mas qual foi o “crime” cometido por Mario? E porque ele era o vilão dessa vez? Só havia uma forma de descobrir, e era jogando. Após o texto, ele estava agora no mapa do game, e não havia nenhuma diferença para o mapa original de Super Mario World a não ser o nome da fase “YOSHI’S HOUSE”, que agora só se chamava “YOSHI’S”. Adam começou a perder sua empolgação, parecia mais que o hack nada mais era do que a versão original somente com os nomes trocados, uma enorme falta de criatividade.

Entrando nessa fase, ele notou que não era bem isso que o hack era. Dentro da fase não havia nada, a casa de Yoshi desapareceu, junto com todo o resto que deveria estar ali, sobrando apenas um bloco de mensagem, que ao ser tocado abre uma caixa de texto para o jogador. Adam pulou por baixo do bloco, e outra mensagem ainda mais estranha apareceu:

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Ao converter a mensagem em código binário, o resultado é a palavra “notepad” (bloco de notas). Adam começou a relatar o que via na área de chat do site SMW Central, e como o mesmo já esperava, recebia como resposta apenas comentários negativos e sarcásticos. Mas não se incomodou, pois novamente começou a se empolgar com o hack que estava jogando, e decidiu continuar. Sem tentar entender o significado da mensagem  binária deixada por Yoshi, ele decidiu ir para as outras fases, seguindo a esquerda do mapa, onde ficaria a fase “Yoshi’s Island 1”. Mas o nome dessa fase também havia sido trocado, e agora se chamava “never come back” (nunca mais volte).

Adam imaginou que essa seria uma fase como aqueles hacks extremamente difíceis, ou então que fosse uma fase armadilha, como é comum muitas pessoas criarem, onde não importa o que se faça, o jogador sempre perde, e sempre de formas engraçadas ou muito frustrantes. Ele entrou no level e já de inicio, o som que a plataforma voadora que Bowser usa no fim do jogo tocou muito alto, antes que enfim, a fase se iniciasse. Fora a música, graças ao alto som que quase estourou os tímpanos de Adam, tudo parecia normal. Porém não haviam inimigos na fase.

As Dragon Coins, as moedas de ouro com o desenho do Yoshi, que estão presentes em todas as fases do game estavam lá, mas era impossível pegá-las, como se elas fossem parte do desenho do cenário. Um pouco a frente, havia um bloco marrom no ar. Os blocos do jogo, como é fácil saber, ficam marrons após Mario bater em seus fundos, liberando seu conteúdo interno. Tudo era estranho, a impressão que havia é que ele estava jogando a fase após ela ter sido concluída. Com todos os inimigos derrotados e itens coletados, assim a fase estaria vazia. E isso não era possível nesse jogo. Cada vez que se revisitava uma fase, tudo deveria estar lá novamente.

Adam começou a ponderar sobre o significado do jogo, voltando a pensar qual seria a história contida no hack, o que será que Mario fez? Sem ter mais pistas para poder continuar seus pensamentos, ele continuou o jogo. Nenhum inimigo, nenhuma moeda, e todos os blocos da fase já usados, não havia mais nada, com exceção das Dragon Coins impossíveis de se coletar. E agora, o Mario não podia nem mesmo descer por nenhum cano. Não havia mais dúvidas para ele que aquele era um péssimo hack, e muito mal feito. Ainda assim ele seguiu em frente, até encontrar um novo bloco de mensagem. Mesmo sem ter esperança nenhuma que o jogo melhoraria, ele ativou o bloco, e então outra mensagem apareceu:

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-PONTO DE CONSELHO- Eu te odeio

Adam não tinha mais dúvida, o criador desse hack deveria ter algum problema para ter criado algo assim. E se ele foi capaz disso, então realmente dentro daquele hack Mario deve ter feito algo para gerar tanto ódio. Ainda assim, aquele hack era péssimo, e Adam decidiu apenas correr em frente até chegar ao fim da fase. No caminho ele encontrou mais um bloco de mensagem, mas que não possuía nenhum texto, apenas o título -Point of Advice- ao ser ativado. E enfim, ele saiu da tediosa e esquisita fase.

Antes de sair da fase, ele notou que havia o power up Fire Flower sobre um bloco inalcançável para ele, qualquer que fosse a ideia do criador do hack, ela já havia perdido a graça logo no começo. Saindo da fase, ele prosseguiu em direção ao norte, onde fica a Yellow Switch Palace. No topo da montanha onde se localiza essa fase, Adam notou que todo o resto do cenário do jogo estava faltando. O jogo é constituído de várias ilhas, ou continentes, cada uma com seus conjuntos de fases, e interligadas entre si com caminhos que se abrem após derrotar cada um dos chefes do jogo. Mas fora o primeiro continente, não havia mais nada, exceto alguns fantasmas flutuando onde deveria estar uma das fases assombradas. E como todas as fases até o momento, essa também possuía uma mensagem alterada. Mas algo menos bizarro. Ao apertar o botão amarelo gigante dentro da fase, o título – SIWTCH PALACE – foi substituído por – MARIO WORLD -.

Continuando em frente, a fase Yoshi’s Island 2 também estava com um novo nome, e agora se chamava YOSHI’S HOUSE. Ao entrar na fase, ele notou várias mudanças. A paleta de cores havia sido alterada, deixando as cores do cenário em geral mais escuras do que o normal, e o plano de fundo com um tom próximo ao marrom, além da própria imagem que compõe o fundo parecer ter sido arrastada pra baixo. Além disso, toda a vegetação presente ao longo do cenário foi removida. Adam ignorou a fileira de koopas que se encontra no inicio dessa fase, e que todo jogador conhece, pois ao se atacar todos usando um casco vazio, o jogador ganha uma vida extra. Logo adiante, ele encontrou o bloco com o ponto de interrogação onde encontramos Yoshi pela primeira vez. E ao libertá-lo, a caixa de mensagem com Yoshi agradecendo apareceu, porém…

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“Hooray! Obrigado por me resgatar. Meu nome é Yoshi. Em meu caminho para resgatar meus amigos, Mario me prendeu neste ovo.”

Adam começou a se interessar mais no hack, querendo descobrir o que aconteceu para que Mario fosse o vilão da história. Ele estava curioso para seguir adiante, esperando talvez encontrar novas informações explicando tudo. Prosseguindo pela fase, agora montado no Yoshi, ele encontrou um novo bloco de mensagem. Já sabendo que nada nesse hack era normal, ele já esperava uma nova mensagem estranha saindo desse bloco, chegando brevemente a hesitar em ativá-lo, mas mesmo assim o fez, pois estava curioso para entender mais sobre o possível enredo do hack, e a mensagem que saiu dessa caixa foi:

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“mas

há alguma coisa que eu possa fazer para mudar sua ideia?”

Adam ficou completamente confuso, ponderando o que poderia significar aquela frase. Mudar de ideia de que? Essa frase seria algo ligado ao que quer que Mario teria feito para se tornar o vilão desse hack? Seria uma mensagem de outros personagens do jogo para o Mario, tentando impedi-lo de fazer o que quer que ele tenha feito?  Ou seria uma mensagem diretamente ao jogador, para parar de jogar aquele hack? Como se os blocos de mensagem fossem mensagens do próprio hack ao jogador?

Ele decidiu continuar adiante, ainda imaginando se aquela mensagem era parte do enredo ou se era uma mensagem para ele próprio. Apesar de seguir adiante, não saia da sua cabeça a ideia de que ele já deveria ter abandonado o hack há muito tempo. Seguindo em frente, nenhuma vegetação apareceu, e ele teve certeza de que toda a vegetação do cenário havia mesmo sido removida. E junto a isso, todos os canos da fase também foram removidos, a única alternativa era chegar ao fim da fase. Alguns inimigos ainda estavam lá, como as marmotas que pulam do solo, e os Chucks, os jogadores de futebol americano. E novamente um bloco de mensagem apareceu. Evitando mais uma vez ponderar que mensagem poderia aparecer e se ele deveria ou não ativar o bloco, ele simplesmente pulou para ver a mensagem de uma vez.

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“- PONTO DE CONSELHO – Esse é caminho egoísta de sair.”

Tudo começava a ficar ainda mais enigmático. Estaria Adam sendo egoísta em seguir em frente no jogo apesar de todos os avisos já dados de que aquele não era um hack normal? Ou seria algo relacionado ao MarioAdam começava a perder a paciência e se deixar levar por uma onda de ansiedade e um certo medo, tentando entender o que o criador daquele hack queria ao criar o que ele agora jogava. Aquela fase seguia da mesma forma adiante. Alguns blocos e nuvens presentes no cenário foram removidos. E as Dragon Coins ainda eram impossíveis de coletar. Por fim, ele chegou ao final da fase, liberando o caminho para a próxima.

A próxima fase, que deveria se chamar “Yoshi’s Island 3” tinha em seu numeral o número 7. Outras pessoas já haviam feito isso em outros hacks, mudavam o nome das fases com grandes pulos em seus numerais, então nesse caso, o salto de 3 para 7 não era nenhuma novidade, mas da mesma forma não era nada que Adam considerasse engraçado, especificamente no caso desse hack.

E dentro dessa fase uma grande mudança podia ser vista. A Yoshi’s Island 3 original é composta por várias plataformas em pleno ar. Com plataformas de solo e diferentes tipos de plataformas e blocos móveis num cenário aéreo. Porém tudo estava muito diferente: O fundo era completamente preto, e o único elemento do cenário era o chão, de um cinza azulado. A fase parecia o interior de um castelo do game, com a exceção do fundo totalmente preto. Tudo estava completamente vazio, e parecia mais um lugar “morto”. Não havia nada a se fazer a não seguir chegar até o final.

A fase seguinte foi liberada, a que deveria ser a número 4. Mas seu nome agora era “leave now”. Pela primeira vez, Adam realmente hesitou em seguir adiante, mas mesmo assim continuou em frente. Ao mesmo tempo, ele narrava tudo o que via no chat do site SMW Central. Mas o chat estava anormalmente sem movimentação de outros usuários, e apenas ele comentava sozinho tudo o que via no hack. Para Adam, a impressão era de que ninguém ali se importava com o que ele estava contando. A nova fase aparentava ser normal, porém não havia água na parte baixa do cenário, por onde Mario poderia nadar, restando apenas o espaço vazio, e não havia nenhum inimigo por toda a fase.

Mas apesar de não haver água, não havia como cair no espaço vazio e perder uma vida no jogo. Pois havia um chão invisível onde deveria estar a água, dessa forma, ele poderia prosseguir montado em Yoshi, sem a necessidade de sacrificá-lo para atingir mais distância de pulo. Rapidamente ele chegou ao cano que leva ao fim da fase. O cenário após o cano estava completamente normal, sem nenhuma edição. E logo um novo bloco e texto apareceu, mas sua mensagem não possuía sentido algum, e Adam ficava cada vez mais temeroso em continuar a jogar.

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Tradução livre: “Você pega se você cortar o no final. Se você coletar você consegue.”

Ele não conseguia entender o que aquilo queria dizer, e atendendo a sua própria vontade, ignorou a mensagem, dizendo a si mesmo que não valeria o esforço. Ele já estava ficando assustado com o hack, e só queria deixar ele de lado o quanto antes, porém pretendia fazer isso seguindo em frente até seu fim. Quanto mais rápido acabar o hack, melhor. E assim ele saiu da fase.

Gameplay do hack original MARIO

O primeiro castelo do jogo, “#1 Iggy’s Castle” foi liberado. Essa é a fase do primeiro chefão de Super Mario World. E uma batalha memorável para muitos jogadores, com o jogador enfrentando Iggy Koopa em uma plataforma que balança de acordo com o equilíbrio sobre um rio de lava. Mas a fase agora se chamava “#1 GO BACK”. Ele entrou na fase, e como normalmente acontece, Yoshi é deixado para trás quando se entra no castelo. A parte de dentro do castelo era completamente estranha. Havia lava no teto da fase, numa estranha cor escura e verde-azulada. Ao longo de toda fase haviam os pilares que marcam o final das fases de Super Mario World. E perto de cada pilar haviam blocos de mensagem.

Toda aquela área era um corredor com vários pilares e blocos de mensagem, sem qualquer inimigo no caminho. Os blocos de mensagem davam somente duas mensagens diferentes. Algumas abriam uma caixa de texto vazia, exceto pela assinatura de Yoshi no final, mas outras davam uma outra mensagem.

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“Você não acha que já causou problemas demais?”

Adam já não se surpreendia mais com as mensagens, que mais o deixavam depressivo do que assustado nesse momento. E mesmo com tantas mensagens enigmáticas não havia nada que explicasse como Mario se envolvia em tudo isso, e o que ele fez para ter causado tanto problema. A sala com os blocos e pilares era imensa, e ele seguiu em frente acertando os blocos, mas nada além das duas mensagens repetidas apareciam de novo e de novo, até ele finalmente chegar ao fim da sala.

Havia apenas uma porta no final, a única saída daquela área. Passando por ela, a próxima área era somente uma minúscula porção de chão de frente ao nada, a uma queda garantida para a morte e a perda de uma vida. O pior, é que essa área rolava automaticamente, obrigando o jogador a seguir em frente, ou ser empurrado pelo próprio cenário. Parecia que o criador do hack queria que Mario morresse naquele local, e que aquele fosse o fim do hack, mas para a infelicidade de Adam, a resposta era não. Quando o chão acabou, Mario não caiu, e continuou caminhando no espaço vazio.

Por fim, o chão reapareceu, onde havia uma porta, a habitual porta que leva para a batalha contra o chefão. Adam estava com medo do que haveria do outro lado da porta, mas respirou fundo e entrou. Para sua surpresa (e uma surpresa bem incomum), do outro lado da porta estava Iggy para a batalha, exatamente como no game original, sem nenhuma alteração ou coisas sem sentido. Adam se sentiu de certa forma enganado, pois estava esperando algo muito pior do que tudo o que havia visto, mas felizmente não foi o caso. A batalha foi facílima, e após isso, veio a breve cutscene com Mario destruindo o castelo com um texto logo abaixo. Mas nesse ponto, algo perturbador apareceu.

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“Vitima #1. Globos oculares foram incapazes de se achar. A vitima foi encontrada caída em seu carpete. Causa de morte desconhecida, marcas de mãos com impressões digitais não identificáveis foram achadas por todo o cadáver.

Adam não conseguia acreditar no que havia lido. E pensava qual era o problema da pessoa que criou esse hack. O que era aquilo afinal de contas. Quem era a vítima, porque ela não tinha os olhos e de quem eram as impressões digitais. Seria isso ainda algo relacionado ao Mario? O que o criador do hack queria transmitir com essa mensagem? Algo sobre Mario ter cometido um crime? Ou quem sabe ter matado a Princesa Toadstool? Não havia resposta, e para Adam restava seguir em frente.

Mas não havia mais cenário para continuar. Cercando o primeiro continente até a área do castelo havia apenas o oceano. Porém, o caminho para Donut Plains 1 apareceu em meio a água, como se surgido do nada. Ele esperava que tivesse finalmente terminado com tudo, mas para seu desânimo, ainda não. Ao entrar na nova fase, dois blocos de mensagem apareceram, e as mensagens deles eram: “Não há como sair daqui.” e então, “Voe para longe”.

As duas mensagens não saiam de sua cabeça. Uma dizia que não havia como sair, e outro dizia para ele sair voando ali, implicando que essa era uma possível forma de escapar. Mas não havia nada que pudesse fazer Mario voar. Nenhum power up de pena, ou nada que o ajudasse. Adam já estava martelando a própria cabeça com a contradição entre as mensagens. Imaginando que talvez elas significassem que ele poderia ascender até o céu, ou então ficar preso no inferno para sempre? Todas as dúvidas iam e vinham sem resposta em sua mente, e ele seguiu para a direita do cenário, até ser barrado por uma parede invisível durante um pulo. Parecia que ali era o fim, pois a parede impedia seu progresso, mas rapidamente ele descobriu que se simplesmente caminhasse próximo ao chão, ele entraria por um cano invisível, que o levaria até a próxima área.

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Assim que ele entrou na área, recebeu um cogumelo, que fez com que Mario crescesse. O cenário era todo preto em seu fundo, e o chão era formado por sprites de blocos de pedra, e havia uma pequena porta. Graças ao cogumelo, o jogador não poderia entrar nela, o que só é possível com o Mario de tamanho reduzido. O criador do hack queria claramente impedir que os jogadores entrassem naquela e em todas as outras pequenas portas que apareciam ao longo de toda a sala, até terminarem em uma parede formada pelos mesmos blocos de pedra que compunham o chão. Sem opções de caminhos, ele tentou interagir com a parede, e assim como a parede invisível, a animação de Mario entrando num cano invisível se repetiu.

E do outro lado, havia uma pequena sala, que terminava em uma parede de blocos do lado direito, precedida de uma queda no cenário escuro. Imaginando que o único caminho era para baixo, ele pulou no poço vazio a sua frente, mas não caiu, havia um chão não visível no limite da tela. Ele tentou apertar para baixo em diferentes pontos, até finalmente encontrar um cano e ver a animação de Mario descendo. Adam esperou para ver o que haveria na próxima sala. E a espera jamais terminou. A verdade era que aquilo era o fim do hack, uma tela preta. Não era possível continuar adiante, pausar o jogo, sair daquela fase e nem mesmo mover Mario.

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Para Adam, aquilo tinha um significado: morte. Aquela seria a representação da morte dentro daquele game. Ele acreditava que o significado de todo o hack era que Mario queria expiar seus pecados, pelo crime que cometeu, e se atirou a um inferno idêntico a ilha de Yoshi, ficando perdido no limite da morte eternamente. Mas mesmo assim ele não tinha ideia de qual foi o crime cometido, e se sua interpretação de tudo realmente estava correta.

Ao menos, para seu alivio, ele havia terminado o hack de uma vez por todas. E ao seu redor as coisas pareciam voltar ao normal. O chat do site SMW Central voltou a ficar movimentado, como normalmente fica, e ele pode compartilhar suas experiências com o hack com quem estava ali. Até que por fim, reuniu tudo o que havia visto no hack e criou seu relato para todos os outros membros do site, que foi postado no dia 28 de dezembro de 2010 as 05:40 da manhã. E lançou o desafio aos que não acreditavam nele, para que baixassem o hack e testassem eles próprios.

O movimento na postagem criada por Adam para contar sobre o hack foi grande. Com muitas pessoas duvidando de tudo, dizendo que era uma história inventada por Adam. E outras pessoas baixando e testando o hack, e comprovando que o que Adam havia relatado era verdade, o hack era exatamente como descrito. Até o momento em que o próprio criador do site SMW Central apareceu.

O fundador do site, Kieran Menor analisou o hack bem como os outros membros do site, mas deu uma atenção especial para o arquivo de texto, que ele logo entendeu o que era. Adam acreditava que o arquivo fosse o hack transformado em texto, o que explicaria todos os caracteres estranhos e embaralhados, mas na verdade o arquivo de texto era a conversão de uma imagem de extensão .jpg em texto, e que as mensagens “find me” fazem parte da imagem. Converter qualquer arquivo em texto é muito simples. Basta abrir o arquivo utilizando um editor de texto (sendo o mais comum o famoso bloco de notas), porém fazer a conversão inversa, de texto para imagem é um processo muito mais complicado.

Não é possível converter diretamente abrindo o texto num programa de imagens. Acontece que quando uma imagem é transformada em texto, um pequeno corrompimento acontece, com alguns códigos alterados no meio de toda aquela bagunça de caracteres. Para revelar a imagem, é necessário o uso de programas para corrigir esses erros, e então fazer a conversão correta. Kieran tentou fazer a conversão mas não conseguia gerar a imagem completa, conseguindo somente imagens corrompidas. No entanto, ele conseguiu criar uma imagem de resolução 327×277 onde era possível ver apenas um pouco da parte de cima. E então, ele decidiu pesquisar no Google por imagens da mesma resolução, e o segundo resultado da busca era justamente a imagem completa. Uma imagem horrorosa e completamente bizarra:

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Os participantes do fórum ficaram assustados. A imagem poderia se referir a mensagem mostrada ao se destruir o castelo. E a pessoa na foto poderia ser a Vítima #1. Eles começaram então a tentar decifrar o mistério: na primeira fase do hack, “YOSHI’S”, o bloco de mensagem exibia um código binário que traduzido significava notepad, o que só poderia ser uma dica referente ao arquivo de texto com as palavras “find me” em seu inicio. Outros imaginaram que a pessoa na foto não seria a tal Vítima #1, pois apesar de estar com o rosto desfigurado, aparenta ter pelo menos um de seus olhos dentro da órbita do crânio.

Alguns dos usuários tentaram entrar em contato com o criador do hack, um membro estranho cujo nickname era M A R I O, porém nunca obtiveram qualquer resposta dele. E na verdade, o próprio comportamento do usuário era considerado estranho. O site SMW Central funciona como diversos outros fóruns, onde ao se criar um perfil, ele possui um prazo máximo de um mês inatividade antes da conta ser suspensa ou removida. Isso significa que usuários que não interagem com o site por mais de um mês são desativados.

M A R I O interagia com o site muito pouco, mas o suficiente para não ter a conta desativada. Segundo outros membros, ele comentava em tópicos aparentemente aleatórios, sempre comentando qualquer coisa, ou falando coisas sem sentido. Em seu próprio perfil é notável sua estranheza, em sua página de arquivos dentro do site, existem várias imagens, e alguns arquivos de som tocados de trás pra frente, porém ninguém tem conhecimento da razão ou utilidade de todos esses arquivos.

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Arquivos encontrados no perfil de M A R I O

Toda a história do hack MARIO durou pouco tempo no site, visto que a fama que a história atingiu acabou se tornando incômoda para os membros do site, que atualmente preferem evitar falar sobre o hack ou seu criador, como visto em vários tópicos. O tópico criado por Adam durou somente dois dias, e ainda no primeiro dia, após a imagem ter sido encontrada, outro membro do site, o usuário Wizard the Wizzisential declarou ter conseguido recuperar a imagem original a partir do arquivo de texto.

Segundo ele, o processo levou uma hora, e ele precisou recuperar a imagem pedaço por pedaço, e quando conseguiu, viu uma imagem que o atormentou. Segundo sua descrição, a imagem era de um rosto que parecia humano, mas não possuía nariz, apenas dois buracos para respiração. Ela possuía olhos com uma forte expressão de raiva, e pupilas verticais, como de uma cobra. Sobrancelhas curvadas para baixo, e um sorriso horroroso que parecia se curvar até próximo aos olhos, com pequenos e afiados dentes. E parecia não ter cabelo.

Ele revelou que seu editor de imagens travou e fechou-se sozinho, porém ele conseguiu utilizar a tecla Print Screen para capturar uma imagem da tela antes do programa ser fechado. E quando ele tentou reabrir a imagem, o conteúdo salvo pela captura era somente a imagem do rosto. Todo o resto não estava presente, não havia a interface de seu editor de imagens e nem mesmo a barra de tarefas de seu sistema operacional, somente a imagem. Ele considerou que isso era alguma função de salvamento de emergência do editor de texto. Mas ele notou que antes do programa ter travado, ele automaticamente salvou o arquivo da imagem. O nome do arquivo era “pleasehelpme” (por favor me ajude) e sua resolução era 666×666. Assustado, ele fechou a imagem, mas ela própria se definiu como plano de fundo de sua área de trabalho.

Wizard tentou enviar a imagem para o fórum, mas ele não conseguia, e recebia a mensagem “ERROR: You’re not allowed to do that” (ERRO: Você não tem permissão para fazer isso), e então era direcionado a página principal do site. Em sua postagem, ele ainda dizia que aquilo o deixou tão assustado, que ele roeu as unhas de sua mão até sangrarem, e então começou a digitar errado, e terminou seu comentário dizendo, em palavras embaralhadas, que precisava se deitar.

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hello.mp3

MO_MA.mp3

Os dois arquivos de som invertidos encontrados no perfil de M A R I O

Não se sabe se o relato de Wizard é real, e muitos acreditam que tratava-se somente de drama que ele estava fazendo, fingindo ter realmente ter visto a tal imagem e ter roído as unhas até sangrarem. No entanto, a suposta imagem que ele declarou ter encontrado jamais foi vista. Mas a imagem encontrada por Kieran é mais antiga que o hack. Ele deixou em seu comentário o link de sua pesquisa no Google para quem duvidasse dele. E nessa pesquisa, um dos resultados mostra um grupo discutindo sobre a imagem no ano de 2009, um ano antes do lançamento do hack. Nessa discussão, pouco pode ser entendido, mas aparentemente essa imagem foi encontrada num site que atualmente não existe mais, junto de vários arquivos de som com sons terríveis de se ouvir, de acordo com os usuários.

Através de investigações e pesquisas, todos eles chegaram a conclusão de que, pelo menos os sons pareciam ser uma forma muito estranha de propaganda para uma banda. Mas a imagem em si nenhum deles conseguiu compreender de onde veio, e se era relacionada a banda ou não. Sejam verdade ou não todas essas histórias, o fato é que a imagem e o hack realmente existem. Inclusive, os videos com gameplay do hack que você viu nesse texto foram gravados no exato dia em que Adam criou seu relato, 28/12/2010, pelo usuário leictreonSe você estiver curioso, volte até a imagem do rosto desfigurado acima e clique para abrir a imagem original. Após isso, tente salvá-la em seu computador e após isso abri-la usando um editor de texto, preferivelmente o bloco de notas (se você utilizar Windows). Agora veja a primeira linha de todo o texto embaralhado e você verá a estranha frase encontrada por Adam: ÿØÿà JFIF  H H  ÿþ 1find me find me find me find me find me find meÿÛ C

O hack foi removido do banco de hacks dos site SMW Central, mas ainda pode ser baixado através deste link, salvo pelo próprio Adam, mas também foi mantido salvo por ser o primeiro hack de seu gênero no site, o primeiro hack da categoria creepypasta. Se você entender do funcionamento de hacks, pode testar por si próprio, e ver com seus próprios olhos o arquivo de texto da assombrosa imagem. Os membros do site tentaram encontrar mais coisas dentro do hack, mas não conseguiram obter nada. Não encontraram nenhum caminho secreto, nem nenhuma outra informação dentro do código do hack. E assim, dentro do site SMW Central, a história foi encerrada.

O usuário M A R I O  teve sua conta desativada, e sua última interação com o site foi no dia 07/04/2012. Jamais foi encontrada qualquer informação sobre casos de assassinatos, reais ou não, com a mesma descrição fornecida pelo hack. E ninguém sabe quem, e realmente existiu um dia a Vítima #1.

(Via: Creepypasta Wiki, SMW Central)

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