Depois do fim: Vamos entender juntos a história de Death Stranding
Após anos de espera, Death Stranding enfim foi lançado e como já era de se esperar dividiu jogadores e críticos, principalmente pelo seu gameplay, que não é foca em ação, possui bastante andança e tem um ritmo devagar se comparado a Metal Gear Solid.
Ame-o ou odeie-o por seu gameplay, algo inegável é que Death Stranding possui um enredo excelente, exatamente o que se espera de algo criado por Hideo Kojima, com muitos plot twists, diálogos e cenas 100% cinematográficas e muitas horas de cutscenes cheias de revelações. Ah, e se você ainda não conferiu nossa análise completa do game, dê uma conferida! Além de um guia de gameplay para ajudar quem estiver começando!
Death Stranding não é um game para todos e isso nunca foi segredo, mas é um título obrigatório para quem é fã da habilidade de Kojima de contar historias (Dessa vez sem ninguém cortando metade do jogo e depois demitindo-o, como aconteceu com The phantom Pain), e nesse ponto o game não desaponta.
Por todo o período pré-lançamento o game foi envolto em mistérios, com muita confusão sobre qual é a história que o game conta. Mas agora enfim todas as peças se encaixaram e chegou a hora de a discutirmos! Se você já terminou Death Stranding, ou se não tem como jogar o game e quer entender do que ele se trata, então venha com novos destrinchar seus segredos em nossa coluna Depois do fim!
E aqui vai um aviso muito importante, esse artigo está recheado de SPOILERS! Se você ainda não terminou o game e não quer saber de nada antes da hora, PARE DE LER AGORA MESMO!
O mundo pós-Death Stranding
Death Stranding está ambientado em um futuro próximo, mas indeterminado. Um mundo altamente tecnológico mas que ainda relembra de coisas da nossa era, como o muro que separa os Estados Unidos do México e do Brexit.
O mundo estava inteiramente conectado na internet, cada pessoa, cada cidade, cada país. Com a internet em seu auge, literalmente conectando tudo e todos. Em consequência disso, ao invés da humanidade se tornar mais unida do que nunca, as pessoas ficavam mais distantes umas das outras, não querendo fazer parte de um coletivo, mas sim com cada um querendo preservar suas próprias individualidades, algo não muito diferente do mundo real de hoje em dia.
De repente, sem aviso algum, o Death Stranding aconteceu. Uma série de misteriosas explosões simultâneas aconteceu ao redor de todo o mundo, devastando o planeta e reduzindo civilizações inteiras a nada. Inicialmente todos pensaram se tratar de um imenso ataque terrorista de escala global, mas logo descobriram que não havia sido isso.
Nas imensas crateras que surgiram pelo mundo, nenhum traço de radiação foi encontrado, muito menos escombros. Tudo o que havia explodido havia desaparecido. Logo após isso, uma nova substância surgiu no mundo, o Quiralium, uma substância em forma de cristais que misteriosamente possuem a forma de mãos humanas. Essa substância transformou o mundo por completo.
O quiralium se espalhou por todo o mundo, principalmente nas nuvens, o que deu origem à Timefall, uma chuva que acelera o tempo de tudo o que toca. Não é a água da chuva que causa esse efeito, mas sim o ato de cair do céu. Tudo o que é tocado pela chuva envelhece rapidamente, humanos se tornam idosos, construções se deterioram e colapsam, cidades desaparecem em instantes. Com isso, toda a geografia do mundo foi transformada, com novas montanhas e rios surgindo, retrocedendo o mundo, antes populado por colossais cidades, a uma nova terra selvagem. E se a terra se transformou, os céus se fecharam para a humanidade, pois por culpa do quiralium, nenhuma aeronave consegue voar, e nem mesmo conexões com satélites podem ser feitas.
Os Estados Unidos não existiam mais, cidades desapareceram, sobreviventes ficaram sem esperança, a Timefall matava tudo o que tocava e pior ainda, as EPs infestaram o mundo, seres do mundo dos mortos que surgiam com a chuva. E quando uma EP entra em contato com um humano, acontece uma obliteração, uma imensa explosão que desaparece com tudo ao redor, deixando somente uma cratera coberta de alcatrão. E não apenas isso, quando alguém morre e seu corpo começa a necrosar, o cadáver se transforma numa nova EP, aumentando ainda mais os riscos de novas obliterações.
E um efeito curioso disso tudo era o surgimento de arco-íris invertidos no céu, não contendo a cor azul. Ninguém sabia como eles surgiram, mas esses arco-íris indicavam a presença da Timefall e de EPs próximos.
Nesse meio tempo, uma grande descoberta foi feita: A Praia, uma dimensão paralela que liga o mundo dos vivos e o dos mortos. Com essa descoberta, parte do mistério do Death Stranding foi desvendado, mas ainda haviam muitos mistérios e uma imensa nossa possibilidade de sobrevivência.
O que sobrou do antigo governo americano se tornou a UCA, as Cidades Unidas da América, numa última tentativa de manter o país existindo, mas com muitas dificuldades. Se antes do Death Stranding a humanidade já se auto-isolava de grandes comunidades, agora os sobreviventes literalmente se isolaram do próprio mundo. Após a destruição de tudo, as pessoas perderam todas as esperanças para o futuro, e decidiram se isolar nas poucas cidades que restaram, cuidando somente de suas próprias vidas.
Outras ainda foram além, se isolando em lugares inóspitos, totalmente desconectados do mundo exterior, esses receberam o nome de Preppers. Sejam pessoa vivendo com os poucos membros de suas famílias ou vivendo literalmente sozinhas, sem qualquer desejo de se conectar com o resto do mundo.
E para restaurar a América e reunir o seu povo, a presidente da UCA, Bridget Strand e sua filha Amelie criaram a Rede Quiral. Uma rede que utiliza a Praia, um lugar em que o tempo não existe, para transmitir gigantescas quantidades de dados instantaneamente, conseguindo inclusive imprimir coisas perdidas pelo tempo de forma instantânea. O objetivo delas é conectar todas as cidades e abrigos restantes, reunindo assim as pessoas e reconstruindo o país. Porém há muitos segredos por trás disso.
O que causou o Death Stranding?
Ao longo do game, o que realmente é o Death Stranding permanece um grande mistério. Todos comentam sobre o evento, mas ninguém explica o que ele foi. Alguns personagens, como Mama e Deadman fornecem algumas explicações, até que enfim, com a ajuda de Heartman começamos a entender o que é o evento.
A verdade é que o Death Stranding é um evento de extinção. Na história de nosso planeta, cinco grandes extinções aconteceram ao longo da história, cada um causando imensos danos ao planeta e extinguindo incontáveis formas de vida. A última grande extinção sendo a do Período Cretáceo-Paleogeno, que destruiu os dinossauros. E esse evento recebe esse nome pois as Praias acabando encalhadas no mundo dos vivos, o que permite que os mortos invadam o mundo.
Cada uma dessas grandes extinções deixou marcas no planeta. O Quiralium, que acreditava-se ter surgido há alguns anos, estava impregnado nas profundezas do solo, indicando que cada uma dessas extinções foi causada por um Death Stranding. Além de fósseis que mostravam que muitas espécies, desde répteis a peixes, possuíam cordões umbilicais, algo estranho pois somente mamíferos deveriam possuir cordões.
Heartman então desenvolve uma teoria que acaba se provando correta: O Death Stranding aconteceu em cada uma das cinco grandes extinções. Os cordões umbilicais são as ligações entre o mundo dos vivos com o dos mortos, sendo que os cordões umbilicais de mamíferos são meras imitações evolutivas dessa ligação com o outro lado. E não apenas isso, o Death Stranding não é um evento aleatório, é um evento programado para acontecer, e iniciado por indivíduos específicos: As Entidades de Extinção.
As Entidades de Extinção, ou EE’s, são seres que nascem em meio a uma espécie, com a tarefa de iniciar o Death Stranding e causar uma imensa extinção em massa. E no game, a Entidade de Extinção que os jogadores precisam lidar é ninguém menos do que Amelie.
Bridget Strand, a presidente da UCA no início do game, nasceu como uma humana comum, e aos 20 anos passou por uma cirurgia para remover um câncer uterino, mas algo totalmente inesperado aconteceu. sua alma e seu corpo se dividiram. A alma, o Ha, acordou na praia. E o corpo, o Ka, permaneceu no mundo dos vivos. Duas entidades, uma mesma existência.
Ao visitar a Praia, a alma acabou descobrindo os segredos de sua própria existência, descobrindo que ela iria causar o fim do mundo em breve. Nesse momento, ela descobriu que tinha apenas duas escolhas: Ou ela deixava o curso natural acontecer, com o fim do mundo acontecendo na data marcada. Ou ela poderia acelerar a extinção da vida, adiantando o inevitável. Esses pensamentos enchiam sua cabeça enquanto ela era constantemente atormentada com visões sobre a Sexta Extinção, aquela que destruiria toda a humanidade. E então ela tomou uma drástica decisão: Acelerar a Extinção e dar uma chance para a humanidade.
A alma, o Ha, deu a si o nome de Amelie e o Ka, Bridget, espalhou a história de que ela era sua filha. Bridget, tendo nascido humana, envelhecia, apesar de muito mais lentamente que um humano comum. Mas Amelie, como “nasceu” na Praia, um lugar em que o tempo não existe, não envelhecia, permanecendo eternamente com o visual de quando tinha 20 anos. Além disso, graças a sua condição, ela era detentora de DOOMS, nome dado a poderes especiais que pessoas ligadas a Praia possuem.
Através do conhecimento que descobriram na Praia, Bridget e Amelie fundaram a BRIDGES, uma imensa corporação de tecnologia e logística e iniciaram a criação da Rede Quiral, uma rede que usa a Praia para transmitir dados e até materiais inorgânicos instantaneamente para qualquer ponto conectado. E a chave para seu funcionamento era uma mórbida descoberta: Os BBs, os “Bridge Babies”.
Anos antes do Death Stranding acontecer, houve uma primeira obliteração na América. Um médico estava realizando uma cesariana numa mulher que sofreu morte cerebral, e ao tocar no cordão umbilical do bebê que estava tentando salvar, entrou em contato direto com uma EP. Suas últimas palavras foram “Quem diabos é você?”, seguido de uma imensa obliteração, que na época acreditaram ser um ataque terrorista.
Logo, descobriram que bebês removidos do útero de mães que sofreram morte cerebral possuem uma conexão muito forte com o mundo dos mortos. E logo, os Estados Unidos passaram a pesquisar isso. O primeiro protótipo foi pesquisado numa base subterrânea na ilha de Manhattan, com supervisão do presidente do país na época, o antecessor de Bridget. Porém, um acidente causou uma obliteração que destruiu Manhattan.
Bridget, assumindo o posto de presidente, encerrou o projeto BB, mas secretamente o continuou em laboratórios secretos. O próximo candidato a BB era o filho de um soldado veterano, que estava na mesma situação: Foi removido do útero de sua mãe com morte cerebral e colocado numa cápsula de suporte à vida.
O nome do soldado era Clifford Unger, que procurou a BRIDGES para salvar a vida de seu filho. Mas quando descobriu que Bridget queria usar seu filho para outros propósitos, tentou fugir com a criança, sendo morto no processo. E infelizmente, o pequeno BB também foi morto, com um tiro em sua barriga.
Na Praia, Amelie encontrou o BB morto e o ressuscitou, enviando-o de volta ao mundo dos vivos. Esse BB tornou-se o primeiro humano a possuir DOOMS, além de ser o primeiro Repatriado, um humano que morreu e conseguiu voltar à vida, se tornando assim praticamente imortal, pois ele poderia morrer infinitas vezes, que ainda assim ressuscitaria como se nada tivesse acontecido.
Porém, ao trazer o bebê de volta à vida, Amelie quebrou o ciclo natural de vida e morte, assim abrindo a porta do mundo vivos para as EPs. Com isso, os mortos invadiram o mundo dos vivos em massa, o que causou inúmeras explosões por todo o mundo, quase extinguindo toda a vida humana. Esse evento foi o Death Stranding, e ele foi causado pelo desejo de Amelie de salvar um pequeno bebê da morte. E esse bebê ninguém menos o que o próprio Sam Porter Bridges, que deste dia em diante foi acolhido por Bridget como seu filho adotivo.
Como já mencionado, Amelie tinha duas escolhas a fazer: Ou ela acelerava a extinção da humanidade, ou ela assistia pacientemente até o fim chegar. E graças a Sam, ela viu uma terceira possibilidade, uma que engloba duas escolhas em uma. Ao reviver o pequeno Sam, ela acelerou a extinção da humanidade, porém ao mesmo tempo abriu as portas para seu futuro.
Porém, para que seu plano fosse concluído, haviam dois fatores determinantes que eram imprescindíveis: A Rede quiral precisava ser concluída. E Sam precisaria decidir o futuro da humanidade. Literalmente o destino de todo o Planeta Terra estava nas mãos de Sam, desde sempre.
Quem era Clifford Unger?
Clifford Unger, ou somente Cliff, foi um dos mais misteriosos personagens apresentados no game. Um soldado que aparece em campos de batalha no mundo dos mortos, controlando esqueletos e com algum objetivo desconhecido.
O mistério de quem é Cliff nós já solucionamos: Ele é o pai de Sam, que morreu junto de seu filho muitos anos antes dos eventos do game. Mas sua história vai além disso.
Anos antes dos eventos do game, a esposa de Cliff, Lisa Bridges, sofreu morte cerebral. Cliff a levou para a BRIDGES para tentar salvá-la, ou pelo menos salvar seu filho ainda não nascido. O bebê, como já se sabe, foi colocado numa cápsula, para que futuramente se tornasse a nova cobaia do projeto BB.
Cliff não sabia disso, e visitava constantemente sua esposa e filho, conversando com ambos, mesmo que não pudessem responder, sempre estando presente para eles. Eventualmente, ele desconfiou dos planos da BRIDGES e da presidente Bridget Strand para “salvar” seu filho, enfim entendendo que nunca tentaram salvar Lisa e Sam, eles seriam meras cobaias.
Um velho companheiro de guerra de Cliff, o soldado John Blake McClane, agora um funcionário de alto cargo dentro da BRIDGES e braço direito de Bridget, acabou reencontrando seu antigo comandante e, solidarizando-se com a situação de Cliif, criou uma brecha para que pelo menos o bebê fosse salvo. Ele desligaria os sistemas de segurança do laboratório onde estavam para Cliff fugir, mas a brecha duraria apenas 5 minutos.
Cliff não poderia salvar sua esposa, por conta disso, com um profundo peso no coração, ele precisou colocar um fim na vida de Lisa Bridges, com dois tiros em sua cabeça, abafados por um travesseiro e uma toalha. Após cometer tal ato, ele pegou a cápsula de seu bebê e tentou fugir, sem sucesso pois todas as portas do laboratório estavam trancadas. Ele acabou sendo encontrado por soldados da segurança que abriram fogo contra ele.
Em seus últimos momentos, John estava hesitante em matar seu antigo comandante, mesmo sendo obrigado a fazer isso. Vendo a hesitação de John, a própria Bridget Strand segurou a mão do soldado e apertou o gatilho junto com ele. Cliff morreu, mas o tiro atravessou o corpo do pequeno bebê, que também morreu.
Como já sabemos, Sam foi repatriado por Amelie, mas Cliff não. Ele permaneceu na praia de Amelie e testemunhou seu filho revivendo. Ele então atravessou a praia para o mundo dos mortos, mas sua fúria e ressentimento não cessaram.
Anos depois, Cliff retornou do mundo dos mortos como uma EP, porém sua raiva conseguiu preservar sua existência. Ele era uma EP, mas manteve seu próprio corpo e mente. Como Heartman teorizou posteriormente, as Praias, que são individuais para cada pessoa, em certas circunstâncias podem se fundir em uma só, quando muitas pessoas morrem num mesmo lugar ao mesmo tempo, e quando há muito ressentimento envolvido com essas mortes.
De alguma forma, Cliff conseguiu entrar em Praias nascidas de grandes conflitos do passado: A Primeira Guerra Mundial, a Segunda Guerra Mundial e a Guerra do Vietnã. Sua raiva lhe concedeu tanto poder que ele podia até mesmo recrutar os mortos para lutar em seu nome nessas Praias. E ele era capaz de criar enormes tempestades no mundo real, que sugavam pessoas para dentro dessas Praias de Guerra, tudo por um objetivo: Recuperar seu BB.
Somente no fim do game descobrimos como Cliff conseguiu voltar. Além do Death Stranding ter ajudado, a própria Amelie fez com que Cliff e Sam se reencontrassem. Isso fica evidente pelas bonecas encontradas próximos a Cliff em suas batalhas. Essas bonecas eram “totens” de Amelie, objetos que criam uma conexão entre sua praia com o mundo dos vivos, diferente dos BBs, que ligam o mundo dos vivos ao dos mortos.
Não fica exatamente claro o porque Amelie trouxe Cliff de volta, mas no fim do game ela revela a Sam que ela queria reuni-lo com seu pai, para mostrá-lo que ele nunca foi abandonado, nem por ela, nem por sua família verdadeira que ele nunca conheceu. Além de querer mostrar para Sam que ele é uma pessoa muito importante, não só por sua missão, mas simplesmente por ser quem ele é.
O último encontro de Sam e Cliff revelou algo muito interessante. Durante o game, quando saímos do quarto privado e Sam conecta a cápsula do BB a si, ele tinha flashbacks com Cliff, com o game nos levando a crer que aquelas são as memórias do BB-28 que Sam carrega consigo. Mas não, aquelas eram as memórias de Sam, que eram transferidas para o BB.
Em sua última conexão com seu BB, Sam é transportado para o passado e assiste com seus próprios olhos os últimos momentos de Cliff, enfim descobrindo que aquele é seu pai. Nesse momento, a alma de Cliff quebra as barreiras do tempo e enfim chega ao final de sua jornada: Ele finalmente recuperou o seu bebê, ele finalmente entendeu que Sam era seu filho, que Sam havia salvado o mundo e que Sam havia reunido as pessoas de um mundo fragmentado. Enfim encontrando a paz, Cliff dá um último abraço em Sam, antes de enfim se desprender deste mundo e seguir para o outro lado.
Fragile e Higgs
Além de Cliff, outro personagem envolto em muitos mistérios é Higgs, um misterioso vilão com uma máscara dourada e o poder de controlar EPs. Higgs é o líder dos Homo Demens, terroristas que desejam a independência de Edge Knot City e causam obliterações nas cidades da UCA para espalhar o máximo de caos possível.
Os Homo Demens, assim como os MULAs, são pessoas que sofrem de contaminação quiral. O Quiralium, a misteriosa substância proveniente da praia, é nociva à humanos. E sua exposição prolongada causa sérios distúrbios mentais. No caso dos MULAs, sendo pessoas que desde antes do Death Stranding já sofriam da “síndrome dos drones” e da “síndrome de dependência de entregas”, os efeitos da contaminação foi a ampliação dessas duas síndromes.
Essas duas síndromes nasceram inicialmente da completa automatização dos serviços de entrega no passado, o que fez os humanos se sentirem inúteis. E depois piorado quando as pessoas voltaram a ser necessárias, passando a acreditar que o mundo dependia delas. No caso dos Demens, a contaminação exaltou traços destrutivos da personalidade humana: Tendências suicidas e hostilidade contra si próprios e outras pessoas.
Quando Amelie cheogu a Edge Knot City com a primeira expedição, a que construiu as bases da rede quiral, os Demens exterminaram toda a expedição e destruíram Edge Knot City, ameaçando a UCA com mais explosões se continuassem a rumar para o oeste.
Nesse período, o misterioso Higgs era somente um portador independente de um pequeno grupo. Ele era um portador que possuía DOOMS em pequena escala, podendo sentir as EPs. E rapidamente foi ganhando fama, até eventualmente conhecer Fragile, a líder da Fragile Express. Uma mulher que possuía DOOMS poderosos, podendo ver as EPs e até mesmo viajar até a Praia, podendo literalmente se teletransportar, indo até sua praia e de volta para qualquer lugar do mundo dos vivos.
Essa união inicialmente era benigna, com ambos desejando expandir suas operações e ajudar as pessoas. Mas tudo mudou quando Higgs conheceu Amelie.
Não é explicado como ambos se encontraram, mas Higgs conheceu Amelie pessoalmente, provavelmente graças ao poder de Fragile de visitar a Praia. Ao conhecê-la, ele ficou fascinado com seus poderes e se aliou a Amelie em seu desejo de reconectar a América. Porém logo ele descobriu a verdade do Death Stranding, que a extinção da humanidade aconteceria em breve e que Amelie acabaria com tudo. Nesse momento sua mente, que desde sempre era frágil, se partiu. Ele concluiu que já tudo estava fadado a acabar, ele ajudaria Amelie a acelerar o processo. Ele daria o golpe de misericórdia na humanidade.
Porém, Amelie não desejava o fim de tudo, o que deixou Higgs confuso, pois ao mesmo tempo que ela causou o Death Stranding, ela não queria que tudo acabasse. E ao entender que Amelie era uma EE, mas se recusava a cumprir seu papel, Higgs decidiu fazer tudo por conta própria, ele decidiu destruir tudo com suas próprias mãos.
E um dos mais terríveis atos que ele cometeu foi enganar Fragile, fazendo-a entregar uma bomba termonuclear disfarçada de cara comum para a cidade de Middle Knot City. A bomba explodiu e destruiu tudo. Fragile sobreviveu, mas foi considerada por todos como uma terrorista e a Fragile Express perdeu toda sua credibilidade.
Mas o sofrimento de Fragile não parou por aí. Higgs, que havia se tornado líder dos Homo Demens, sequestrou Fragile e a torturou de uma maneira terrível. Ela descobriu que ele planejava destruir South Knot City e conseguiu roubar a bomba, tentando leva-la para longe. Mas ele descobriu isso e a capturou.
Ele retirou as roupas dela, deixando somente com suas roupas íntimas, colocou sua máscara em seu rosto, uma bomba em suas mãos e conjurou a chuva temporal. E então a deu duas opções: Salvar a si própria, ficando fora da chuva, mas ativando a bomba, destruindo South Knot City. Ou correr na chuva temporal até uma cratera cheia de alcatrão para descartar a bomba. Salvando milhares de vidas mas fazendo seu corpo envelhecer.
Fragile escolheu salvar todos e correu o máximo que pode e conseguiu salvar a cidade. Mas com isso, seu corpo inteiro, do pescoço pra baixo, envelheceu muito. Apenas seu rosto mantém sua juventude real. Após isso, ela decidiu destruir Higgs, por tudo o que ele fez.
Conforme o game progride, Higgs entra no caminho do jogador algumas vezes, conjurando gigantescas EPs para o jogador enfrentar. E quando Sam enfim chega a Edge Knot City, Higgs, tendo Amelie como refém, conjura uma gigantesca EP humanoide para matar Sam. A mesma EP gigante que destruiu Central Knot City no início do game, no evento em que Sam é unido ao BB-28.
No fim, Sam enfrentou Higgs mano a mano (literalmente) na Praia de Amelie, numa luta que presta homenagem direta ao confronto entre Solid Snake e Ocelot no final de Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots. Sam leva a melhor e enfim derrota o terrorista.
E após isso, Fragile teve sua vingança, ela deu duas opções a Higgs: Continuar vivendo preso na praia eternamente, como um ninguém, vendo que tudo o que ele fez não valeu de nada. Ou dar cabo de sua própria vida. E assim, Higgs pôs um fim em sua própria existência.
Ah, e uma coisa coisa interessante! No game existem algumas missões de entrega de pizza para um prepper chamado Peter Englert. A cada nova entrega nós recebemos arquivos de diários de Higgs contando toda a sua história. E se você entregar todas as pizzas, pode entrar em seu abrigo e ver seu quarto, cheio de fotos de Sam e Amelie, coisas escritas nas paredes e mapas.
Mama e Lockne
Mama e Lockne são duas personagens muito importantes para o game e certamente muita gente pode ter ficado um pouco confusa sobre a relação entre as duas.
Nos primeiros capítulo dos game, ao chegarmos em South Knot City, nós somos apresentados à Mama, uma das cientistas responsáveis pela construção da Rede Quiral e do Q-Pid, o colar que Sam carrega para conectar os terminais na rede.
Mama não pode sair de seu laboratório, pois ela está conectada a sua filha, uma EP. A conexão impede que ela vá para qualquer lugar, porém sua filha não é uma EP hostil. Ambas estão ligadas por um cordão umbilical invisível que levanta muitas perguntas quando conhecemos a personagem.
Eventualmente, chegamos a Mountain Knot City, cidade comandada por Lockne, que logo descobrimos ser a irmã gêmea de Mama. Porém ela se recusa a conectar a cidade na Rede Quiral e quando mencionamos o nome de Mama, ela se enfurece, não querendo saber de conversa.
Sem outra opção, somos obrigados a retornar a South Knot City (que é uma viagem muito longa) para reencontrar Mama, que então nos revela a real história das irmãs.
Målingen (Mama) e Lockne eram gêmeas siamesas. Antes de nascerem, tiveram seus corpos separados cirurgicamente e nasceram como crianças comuns. Na verdade, ambas são apenas uma única pessoa, com dois corpos mas apenas uma única alma. Por conta disso, a ligação entre elas era extremamente poderosa. Com ambas podendo literalmente conversar uma com a outra mentalmente, sentir as dores uma da outra e etc.
Lockne queria ter um filho, mas seu útero não era saudável, além de seu namorado acabar morrendo em um acidente. Isso causou depressão profunda em Lockne, que considerou até cometer suicídio. Já Mama possuía um útero saudável, mas era infértil, então se ofereceu para ser barriga de aluguel de um filho de Lockne e seu falecido namorado, cujo material reprodutivo estava preservado criogenicamente.
O procedimento deu certo e uma criança começou a se desenvolver no ventre de Mama. Porém, no dia de seu nascimento, South Knot foi vítima de um ataque terrorista que devastou metade da cidade, incluindo o hospital em que se encontrava. Mama sobreviveu, mas a criança em seu ventre não. Com isso, a criança nasceu na Praia, ainda conectada a Mama. Ela ficou presa nos escombros por dias, bebendo a água da chuva temporal (A água é inofensiva, a chuva é o que acelera o tempo) até ser resgatada.
Após esse acidente, com Mama presa no local de seu acidente com sua bebê morta, Mama cortou todas as suas ligações com Lockne, temendo o que sua irmã pensaria sobre ela, pois havia um terrível segredo nesse acidente.
Mama morreu no acidente, e de forma milagrosa, permaneceu no mundo dos vivos graças ao bebê EP conectado a ela. Aquele bebê a mantinha viva. Por isso, Mama escondeu seus sinais vitais (medidos pelas algemas que todos usam no pulso) e isolou-se, para que ninguém descobrisse que ela não estava viva, o que fez Lockne acreditar que sua irmã a havia abandonado.
Sem escolha, Mama sabia que precisava ir pessoalmente a Mountain Knot para convencer sua irmã a entrar na Rede Quiral. Por isso, ela desenvolveu uma nova algema para Sam, uma feita com partes de Quiralium, possibilitando cortas os cordões umbilicais das EPs, enviando-as de volta à Praia. E a primeira EP a ser cortada do mundo dos vivos foi sua bebê.
Sam cortou o cordão umbilical invisível e o bebê fez a travessia para o outro lado. Mas Mama estava fadada a morrer. Sam então fez a perigosa travessia até reunir as duas irmãs, a tempo delas se encontrarem uma última vez antes do momento fatídico.
Mama morreu nos braços de Lockne, mas como elas eram uma única alma dividida em dois corpos, elas se uniram em uma só, e Lockne passou a abrigar sua alma completa e ambas as personalidades em seu corpo.
Posteriormente descobrimos que o corpo de Mama não necrosa, mesmo dias após sua morte. Apesar do game não oferecer uma explicação definitiva para isso, fica entendido que isso acontece pois a alma de Mama permanece no mundo dos vivos, tendo se tornado uma só ao se unir a Lockne.
Die-hardman, Deadman e Heartman
Die-hardman, o “onipresente” diretor da BRIDGES é um personagem que desde sua primeira aparição deixa claro que possui algum podre em seu passado. Nunca revelando seu rosto, escondido atrás de uma máscara esqueletal, tendo olhos e ouvidos para tudo o que Sam faz e principalmente relacionado com muitos podres da UCA.
Somente ao final do game que enfim descobrimos quem ele realmente é. Ele é John Blake McClane, ex-soldado que serviu ao comandante Clifford Unger e aquele responsável por sua morte. No passado, ambos serviram juntos nos campos de batalha e John, por sempre sair vivo não importando a situação, recebeu o apelido de Die-hardman (John McClane – Duro de Matar, sacou?). Mas a verdade é que todas as vezes ele sobreviveu por ter sido salvo por Cliff.
Por isso, ele decidiu retribuir o favor ao tentar ajudar Cliff a fugir, fazendo de tudo para ajudá-lo, até mesmo impedindo a segurança da BRIDGES de capturá-lo, mas como já mencionado, ele não foi bem sucedido e Cliff e Sam morreram.
Anos depois, ele foi promovido a diretor da BRIDGES quando Bridget estava muito fragilizada por seu câncer. Ele esteve envolvido não só na morte de Cliff, mas diretamente envolvido na construção da Rede Quiral e pro Projeto BB, apesar de não saber totalmente os planos de Bridget.
Ele realmente queria reconectar a América, e seu desejo de salvar a humanidade era genuíno. Mas ao descobrir que Amelie era uma EE, ele decidiu agir por conta própria. Die-hardman usou uma boneca que recebeu de Amelie, o que o vez ir para sua Praia, onde ele reencontrou Bridget e tentou matá-la, mas sem sucesso. Ele também se reencontrou com Cliff e desabou em prantos ao relembrar seus pecados.
Ao fim do game, sem mais Amelie ou Bridget para presidir a UCA, agora completa e cobrindo todo o continente norte-americano, ele foi eleito o novo presidente da UCA. Após sua cerimônia de posse, ele decidiu colocar um fim a sua mais antiga dor, e confessou a Sam que ele matou Cliff (Sam ainda não sabia que ele era seu pai), além de ter cometido muitos outros atos terríveis, implorando o perdão de Sam numa cena realmente comovente. Sam não o “perdoou”, mas disse a ele que implorar e sentir pena de si próprio não ajudaria ninguém, que ele deveria fazer o que devia ser feito e seguir em frente. Somente isso.
E outro personagem diretamente envolvido com a jornada de Sam foi o divertido Deadman. Ele recebeu esse nome por duas razões: A primeira é por sua afinidade com os mortos, pois ele é um médico legista. E a segunda é porque ele próprio “nasceu” dos mortos.
Deadman não possui uma Praia, pois ele não nasceu de forma tradicional. Ele foi concebido in vitro, com um óvulo de uma mulher fecundado pelo espermatozoide de um homem. Enquanto se desenvolvia, ele sofreu inúmeros transplantes de órgãos, recebendo órgãos que ele não possuía devido a má-formação, ou que falhavam. Com isso, 70% de seu corpo e formado por partes de outras pessoas.
Por não ter uma Praia, Deadman desenvolveu um profundo desejo de se conectar com outras pessoas, não obtendo sucesso nisso até conhecer Sam e o BB-28. Considerando o BB apenas uma ferramenta, já que eles acabam morrendo após 1 ano de serviço, Deadman passou a mudar sua visão ao observar diretamente a relação de Sam com seu BB, que havia se transformado de mera humano-ferramenta para uma genuína relação paterna entre adulto-criança.
Deadman sentiu isso de forma ainda mais forte quando se conectou ao BB durante um dos ataques de Cliff que o transportou para uma praia na Segunda Guerra Mundial. Graças a tudo isso, Deadman passou a se aproximar mais e mais de Sam, encontrando nele um verdadeiro amigo, ainda que um relutante.
No fim do game, após o mundo ser salvo, a afefobia (horror de contato físico ou aproximação com outras pessoas) de Sam foi curado, e Deadman enfim pode abraçar a única pessoa que ele podia considerar como um verdadeiro amigo. E aquele momento foi a grande felicidade de Deadman, que enfim conseguiu se conectar a uma pessoa. Ele também entendeu que mesmo que ele não tenha uma praia, ele está vivo, e que a morte não é o fim, pois com ajuda, ele pode visitar as praias de outras pessoas.
Heartman é sem dúvida a mente mais brilhante de todo o mundo durante os eventos do game e um personagem com uma história muito trágica. Quando o Death Stranding ocorreu ele estava em um hospital, em um procedimento cirúrgico em seu coração. Com as explosões, a rede elétrica do país inteiro caiu, desligando os aparelhos que o mantinham vivo, causando uma parada cardíaca.
Heartman morreu e acordou na Praia, vendo todas as pessoas que morreram na explosão mais próxima caminhando para o mundo dos mortos, entre eles, sua esposa e filha. Heartman tentou alcançá-las, mas sem sucesso, pois a energia foi restabelecida no hospital em que estava, e ele foi ressuscitado via desfibrilador.
Após esse evento, Heartman criou um aparelho que causa uma parada cardíaca nele a cada 21 minutos. Após isso, ele permanece três minutos morto, vagando pelas Praias procurando reencontrar sua família, nunca obtendo sucesso. E então, seu aparelho o ressuscita novamente. Por conta disso, o coração de Heartman sofreu uma terrível deformação, ficando com a forma dos desenhos de coração que as pessoas fazem, duas curvas no topo e uma ponta na parte de baixo.
Heartman é realmente brilhante. E graças as pesquisas realizadas nas áreas das montanhas ele descobre sobre as Entidades de Extinção e sobre os cinco últimos Death Strandings ao estudar fósseis e informações antigas recuperadas pela rede quiral. Com isso, ele oferece grande ajuda a Sam, ajudando a entender toda a situação em que o mundo se encontra.
Quem é Lucy Strand, a esposa de Sam?
No início do game, em uma cena em que Sam está se abrigando da chuva temporal em uma caverna, vemos Sam deixar uma fotografia cair, em que víamos Sam à direita, Bridget no meio e uma mulher grávida à esquerda, uma que não podemos ver o rosto, pois uma gota da chuva temporal a apagou.
Passamos o resto do game sem qualquer menção de quem é essa mulher, que de maneira óbvia parecia ser esposa de Sam, mas sem que jamais tivéssemos certeza.
Conforme a conexão entre Sam e o BB fica mais e mais forte, Sam dá um nome para a pequena criança: Lou, tratando-a como sua própria criança e não como uma mera ferramenta descartável. Vendo isso, Deadman pesquisou o passado de Sam e descobriu porque ele estava chamando o BB de Lou.
Anos antes do início do game, Sam era casado com uma mulher chamada Lucy. Ela estava grávida de uma criança que seria chamada Lou quando nascesse. Porém, ela faleceu, seu corpo necrosou e gerou uma imensa obliteração na cidade onde moravam, matando milhares de pessoas.
Isso é tudo o que o game nos informa diretamente sobre Lucy. Porém, após o jogador terminar a história do game e entrar no Episódio 15: “O amanhã está em suas mãos“, que é um modo “free-roam” que permite que o jogador explore todo o mundo do game livremente, é possível receber as entrevistas de Lucy ao fazer entregas para Heartman e abrigos próximos.
Ao todo são 12 entrevistas que revelam toda a relação entre Sam e Lucy, escritos pela própria ao longo dos anos. Lucy era uma psicóloga que foi contratada por Bridget para ajudar Sam a superar sua afefobia. Ao longo das sessões de terapia, Sam, inicialmente relutante em se abrir, começou a contar sobre sua vida: Sobre suas visitas à Praia de Amelie quando criança, sobre seu trabalho e sobre ser repatriado, alguém que volta à vida depois de morrer.
Lucy era uma psicóloga de cabeça fechada, e prontamente rejeitava a ideia da existência da Praia, repatriamento e até da existência das EPs, confrontando Sam diretamente, falando que tudo não passava de invenção, de uma lavagem cerebral feita por Bridget. Tais afirmações deixavam Sam extremamente irritado, mas ainda assim ele se abria com Lucy.
Até que um dia Sam decidiu provar que tudo era real e cometeu suicídio em frente a Lucy ao enfiar uma seringa em seu coração. Lucy ficou desesperada e tentou fazer RPC (Ressuscitação cardiopulmonar), mas sem sucesso. Completamente abalada, ela testemunhou com seus próprios olhos quando Sam, momentos depois, simplesmente abriu os olhos e se levantou, com uma nova marca de mão surgindo em seu corpo.
Sam explicou que ele não pertence nem ao mundo dos vivos nem dos mortos. Que quando ele morre, é enviado para a Emenda e de lá volta para à vida, recebendo uma nova marca de mão e cada nova morte. Lisa enfim compreendeu a verdade e abraçou Sam, que não a afastou. E assim eles se tornaram próximos.
Lisa se demitiu após testemunhar a ressurreição de Sam e logo eles se casaram, com ela ficando grávida. Mas aí, tudo mudou. Ela começou a ter sonhos com o fim do mundo, sonhos que todas as pessoas que possuem DOOMS veem constantemente. Ela procurou Bridget em busca de respostas sobre isso e recebeu uma resposta que a destruiu por dentro.
Bridget se abriu por completo, revelando que aqueles sonhos eram reais e mostravam o fim do mundo que se aproximava. E que ela estava tendo esses sonhos pois o sangue de Sam corria em suas veias graças ao bebê que ela carregava no ventre.
Lisa não conseguiu suportar tudo aquilo, e o último arquivo dela que recebemos, o #12, é sua carta final antes de cometer suicídio por overdose de remédios. Sam estava em uma entrega nessa hora e, ao não ter notícias de Lisa, correu de volta para sua casa, chegando tarde demais. O corpo de Lisa e de Lou necrosou e quando Sam chegou em sua casa, uma imensa obliteração aconteceu, com Sam sendo o único sobrevivente.
Após isso, muitos passaram a culpar Sam pela morte da esposa e pela obliteração, bem como culpar a BRIDGES e a UCA pela forma como trataram a situação, tentando proteger Sam, além do envolvimento direto de Bridget tentando proteger seu filho. Graças a tudo isso, Sam se demitiu da BRIDGES e desapareceu, se tornando um portador independente e evitando qualquer aproximação com qualquer pessoa.
Qual era o verdadeiro plano de Amelie?
Ao longo de toda a jornada, o game nos apresenta diferentes pontos de vista que escondem os verdadeiros objetivos de Amelie. Afinal, ela queria destruir o mundo de uma vez por todas com a última extinção? Ou ela queria salvar os humanos da extinção? A resposta é: Ambos.
Confuso? Sim, com certeza. A verdade é que Amelie desejava salvar a humanidade de seu inevitável fim, mas para isso, ela precisou causar muita destruição.
Quando Amelie “nasceu”, quando Bridget teve sua primeira cirurgia aos 20 anos, ela descobriu que ela era uma Entidade de Extinção, um ser que iria dar início a extinção final que colocaria um fim em toda a vida na Terra. Mas ela não queria isso.
Amelie tinha sonhos constantes com o fim do mundo, sonhos que mostravam que ela causaria a destruição de tudo. Mas havia um sonho em particular que era diferente, um que a humanidade tinha esperança de sobreviver, um sonho que envolvia Sam.
Como já dito, haviam dois fatores cruciais para o plano dar certo: A Rede Quiral deveria ser concluída e Sam deveria decidir o futuro da humanidade. O motivo principal para a Rede Quiral precisar ser concluída é para que Amelie conseguisse extrair todo o conhecimento existente nas Praias.
As Praias são locais em que o tempo não existe, o lugar de destino para tudo o que morre. Assim, as Praias contém toda a história biológica de todo o universo, desde sua criação. Todas as respostas estavam lá: Como o universo nasceu, porque as extinções passadas ocorreram e até mesmo Quem foram as cinco Entidades de Extinção passadas.
As misteriosas cinco figuras flutuantes que vemos nos céus no game são as cinco Entidades de Extinção passadas, as mesmas que tentaram destruir o mundo milhões de anos no passado. E Amelie enfim entendeu tudo sobre sua própria existência.
O universo nasceu de um Big Bang, uma explosão causada por um contato inicial de matéria com antimatéria. Essa explosão deveria ter se anulado, com nada sobrando, mas uma pequena quantidade de matéria sobrou, que se transformou nos planetas e na própria vida em si.
Durante as eras, o universo criou as Entidades de Extinção para exterminar a vida, pois a vida desequilibrava a balança da existência. Amelie teorizou que o Death Stranding era a tentativa do universo de retornar tudo ao equilíbrio, ao nada.
Porém, Amelie fez uma grande descoberta que lhe acendeu as chamas da esperança: Nenhuma das Cinco Extinções colocou um fim definitivo na vida. A vida se recusava a deixar de existir e aqueles que sobreviviam ao Death Stranding evoluíam, se tornavam mais fortes, se recusavam a se ajoelhar perante a vontade do universo. E a humanidade também tinha essa esperança, com a ajuda de Sam.
Quando Sam morreu como um bebê, Amelie o ressuscitou pois sabia de seu destino, mesmo sabendo que isso aceleraria o fim de tudo. Sendo atormentada por visões constantemente, aquele ato foi sua grande aposta: Ou o mundo seria salvo por Sam, ou tudo acabaria por culpa dela.
A existência de Amelie e o Death Stranding, além do repatriamento de Sam, foram as causas para a proliferação de DOOMS entre as pessoas. Higgs recebeu seus poderes diretamente de Amelie graças a uma boneca, um totem usado para se conectar diretamente à sua Praia. E Die-hardman também possuía uma boneca, apesar de não ter DOOMS, que foi o que o transportou para a Praia onde ele encontrou Bridget e Cliff.
Ao fim do game, Amelie dá a Sam duas opções: Permanecer na Praia com ela, o lugar que iniciaria o Death Stranding e assistir ao fim do mundo; ou cortar sua ligação com ela, desconectando sua Praia de todas as outras, adiando o inevitável por tempo indeterminado. Mas ainda assim, a humanidade desapareceria e isso não poderia ser evitado.
Ao final, Sam abraça Amelie, dizendo que nunca a abandonaria, como ela nunca o abandonou. Amelie chora e joga Sam na Emenda, fazendo acordar em sua própria Praia.
Lá, Amelie conta toda a sua história, por fim revelando seu real plano: Para conectar a Rede Quiral, não bastava somente interagir com terminais, Sam precisava reunir as pessoas. No mundo do game as pessoas se isolavam em suas cidades e abrigos, ninguém tinha interesse no futuro, ou uns nos outros. Isso era a ruína da humanidade.
Graças a Sam, a humanidade voltou a se unir. Aqueles que estavam isolados se conectaram uns aos outros, novas relações nasceram, uma nova sociedade unida nasceu. Esse era o segredo, ao reunir as pessoas, Sam abriu as portas para a sobrevivência.
Ao cortar a conexão com a Praia de Amelie, ela ficou presa do outro lado e o Death Stranding foi evitado por um tempo, mas no futuro, ele iria finalmente acontecer. Porém quando o último Death Stranding enfim tentar destruir tudo, a humanidade não sucumbirá. Ela sobreviverá e evoluirá para uma nova forma de vida, uma ainda mais forte, uma que vai lutar para existir. Amelie já havia previsto isso e toda as ações de Sam por todo o game tornaram isso possível. E com um último adeus, Amelie mostrou a Sam que ele ainda estava conectado, uma fala um tanto enigmática, mas creio que seu significado seja o de mostrar a Sam que ele é uma pessoa querida, que ele tem um futuro.
Antes desse final, Amelie revela que foi ela quem reuniu Sam com Cliff para mostrá-lo que ele nunca foi abandonado. Essa é uma fala aberta a especulações, que eu interpreto significar que Amelie quis se redimir por toda a dor que causou a pai e filho, reunindo-os finalmente.
Após tudo isso, Die-Hardman se torna o novo presidente da UCA e Sam recebe sua última missão: Lou morreu, o pequeno BB encontrou seu inevitável fim e precisava ser cremado. Deadman entrega a pequena a cápsula e diz duas coisas bem importantes para Sam: Ele poderia tentar abrir a cápsula; e se sua algema estivesse aberta, ninguém saberia o que ele estava fazendo.
No momento final do game, Sam tenta trazer Lou de volta a vida e se conecta uma última vez ao bebê. Nesse momento, Sam é transportado ao passado, testemunhando com seus próprios olhos a morte de Cliff, enfim descobrindo que ele é seu pai, com um último momento emocionante entre os dois, em que Cliff enfim abraça seu filho, agora adulto, antes de partir.
Voltando ao mundo dos vivos, Sam retira Lou de sua cápsula, tenta de tudo e enfim consegue ressuscitar o BB, enquanto diversas EPs de bebês testemunham a cena. Sam carrega Lou para o lado de fora, enquanto a chuva começa a cair, mas não era a Timefall, ema uma chuva comum, e um arco-íris comum aparecia no céu, indicando que o mundo voltou ao normal. E assim, Sam segue sua vida com Lou, ou melhor dizendo, Louise, a menina que ele carregou em uma cápsula por toda a sua jornada.
As dúvidas que ficaram
Algumas dúvidas permaneceram ao fim do game. Uma delas é se a Timefall e as EPs finalmente desapareceram. Enquanto a cena final indica que sim, arquivos de texto do game dizem que o perigo ainda existe, mas sem entrar em muitos detalhes.
Provavelmente isso foi deixado em aberto para a interpretação do jogador, e gosto de imaginar que o mundo voltou ao estado antes do Death Stranding. Obliterações ainda podem acontecer, mas a Timefall e as EPs na chuva não são mais um perigo constante.
E talvez a pergunta que mais martela na cabeça de quem terminou o game: Quem afinal é Louise, a BB-28? Muitos teorizam que talvez seja uma clone de Sam (afinal clonagem é algo bem comum nos jogos de Kojima), mas o game não fornece nenhuma informação sobre ela. Exceto uma: BBs em geral são crianças removidas do útero de uma mãe que sofreu morte cerebral, Louise é a BB-28, ou seja, houveram 27 antes dela, sendo Sam o segundo BB da história. Assim, podemos concluir que Louise é uma bebê comum agora.
Nascida como uma ferramenta ligada ao mundo dos morto, ela sobreviveria somente por 1 ano antes de morrer. Porém, graças a sua ligação com Sam, sua conexão com o mundo dos vivos foi ficando mais e mais forte, e ela enfim se tornou uma bebê comum, que crescerá e viverá.
O amanhã está em suas mãos
E assim, chegamos ao fim desse Depois do Fim, que acabou bem grande. E se você leu tudo até aqui, então certamente deve ter um pleno entendimento da história de Death Stranding. Além de meus mais sinceros agradecimentos!
Alguns pontos foram propositalmente deixados de lado, como as histórias dos preppers e de personagens secundários, além de alguns detalhes sobre as histórias do elenco principal. Mas os pontos mais importantes sobre a história do game foram cobertos ,de forma não-linear para melhor conectar cada tópico.
E aí, você já jogou e terminou Death Stranding? Ainda ficou com alguma dúvida referente a sua história? Então comente aí e vamos tentar desvendar qualquer mistério que ainda tenha sobrado!