Depois do Fim: Red Dead Redemption 2

7 de janeiro de 2019

Depois do Fim: Red Dead Redemption 2

Red Dead Redemption 2 foi, de fato, um dos grandes nomes, não só do videogame, mas do entretenimento em 2018. Mas, além de seu gameplay caprichado, um mundo enorme de Velho Oeste pra explorar, e seus muitos segredos pra descobrir, sua história também era algo aguardado com boas expectativas.

Especialmente para os fãs do primeiro jogo. Funcionando como uma prequela, a história de Arthur Morgan e da gangue Van der Linde serviu para explicar os fatos que antecederam os eventos do primeiro jogo, e para nos deixar mais próximos de John Marston. Se você já terminou o jogo, vamos conversar sobre o final? Com certeza, temos muito o que discutir por aqui.

Lembrando a todos, pra não estragar a experiência de ninguém: Red Dead Redemption 2 conta com 6 capítulos, mais três epílogos. Então, se você não concluiu a última missão do último epílogo, por favor, vá terminar o jogo e depois volte. Além disso, vou falar também de momentos do primeiro game, que também contém algum tipo de spoiler. E, é claro, que você pode contribuir com a sua observação e opinião sobre o fim do game, nos comentários.

Aviso dado, vamos lá!

A redenção de um fora da lei

Depois do Fim: Red Dead Redemption 2

Assim como John Marston, no game de 2010, Red Dead Redemption 2 conta a história de um fora da lei que busca, em seus últimos dias, se redimir, a sua maneira, a todo o mal que ele causou, e o sofrimento que ele trouxe. Arthur Morgan, apesar de bandido, não é um cara mau. Durante o game, ele questiona alguns atos e, mais próximo do fim do game, estes questionamentos aumentam.

Além disso, Arthur passa mais tempo ajudando pessoas, do que “sendo um criminoso”. O seu final é o mesmo: ele morre, independente do que você faça. Mas, através de seu comportamento durante o jogo, é possível dignificar um pouco mais o seu fim. É possível escolher ajudar os índios, em eventos que, claramente, seu apoio mais atrapalha do que ajuda, visto os problemas complexos que eles encontravam naquele momento. Mas, mesmo assim, é possível ver gratidão de Águia Voando e Chuva Caindo pelo apoio do amigo caubói.

Um jogador honrado, que ajuda pessoas, poupa vidas e apoia causas de valor ganha “de presente”, o melhor fim possível. Arthur contrai Tuberculose, durante uma das muitas cobranças de agiotagem para Strauss. E, se tratando de uma doença sem cura naquela época, era natural que o personagem sabia que os seus dias estavam contados.

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Após os eventos da última missão, que envolvem a descoberta da traição de Micah, os assuntos finalmente resolvidos com Andrew Milton, o Pinkerton que não desgrudou do pé da gangue o tempo todo, e a tentativa final de perseguição dos oficiais para resolver a situação de uma vez por todas, Arthur pode decidir ajudar John a fugir, concluindo o apoio que ele já estava oferecendo, em respeito a seu amigo, sua esposa e o pequeno Jack.

Ajudando-o, há o encontro final com Micah. Arthur, em estágio final de sua Tuberculose e extremamente cansado pelo esforço, jamais venceria o traidor, em suas condições. Mas consegue reunir suas últimas energias para salvar seu amigo. E, após uma intervenção de Dutch, que deixa os dois, desolado pelo fim de sua utopia, Arthur finalmente “cumpriu sua missão”, e morre contemplando o pôr do sol.

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Mas também é possível vê-lo morrer de maneiras menos dignas. Nesta mesma escolha de ajuda, com uma barra de honra baixa, Arthur não vê o sol se pôr. Micah o atinge com uma bala na cabeça. E, se você decidir ainda insistir no dinheiro, cai numa emboscada feita pelo traidor, que o atinge mortalmente com uma facada nas costas.

É claro que, pelo personagem que nos chamou atenção por sua personalidade, e dedicação em ajudar os próximos, além de suas reflexões sobre a vida e seus atos, muitos jogadores acabaram “abandonando” o espírito GTA de tocar o terror, e focaram seus esforços em fazer Arthur ter uma vida mais digna.

“Sempre tenho um plano”

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Dutch, apesar de dizer que sempre “tinha um plano”, já havia perdido o controle da situação há tempos. Aquela gangue feliz, que cantava na fogueira e compartilhavam histórias, aos poucos foi se tornando um grupo triste, apático, doído pelas mortes de seus companheiros, e pela tensão que se aumenta, a medida que os agentes da lei fecham o cerco.

Dutch “sempre tinha um plano”, mas a verdade é que o líder do grupo estava mais é esperando a própria morte, ou torcendo pra que o destino conspirasse a seu favor, resolvendo naturalmente seus problemas. Tanto é que Dutch não demonstrou, durante todo o jogo, apreço material. Suas necessidades eram de reconhecimento, tanto que suas ações sempre focavam promover o bem comum, a sua maneira.

Os roubos, as intervenções, os planos, eram sempre pensados em “tirar a gangue dessa vida”, “vida nova no Taiti”, ou coisas desta natureza. Dutch nunca quis ser rico, só queria ser respeitado. Tanto é que, conforme as coisas vão dando errado, o líder começa a tomar decisões mais precipitadas, focadas no argumento de que era “preciso uma saída mais enérgica”.

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E, mesmo em situação difícil, ele nunca deixava de controlar seus parceiros, a fim de evitar ficar sozinho. Uma ótima solução para este caso seria extinguir a gangue e dar a cada um, a chance de recomeçar. Mas ele não conseguia. Tinha medo de que alguém abrisse a boca, ou de ficar só, o que justifica sua aproximação de Micah, mesmo com o jogo dando indícios de que ele sabia que o personagem era, de fato, o traidor.

Chega até a ser esquisita, no fim do epílogo, a aparição de Dutch. Ele aparece como um aliado de Micah, ouve o apelo de Marston, atira no antagonista e se vai. Apesar de ser algo um tanto estranho, dá pra compreender ali que o ex-líder, tentava, de alguma forma, manter viva sua utopia de um grupo de foras da lei, tal qual Big Boss e seu sonho de um exército próprio. Mas, também sabia o certo a se fazer, e decidiu pelo fim de Micah assim que caiu na real de que “não havia mais planos”.

E a gangue?

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Nem todos da gangue Van der Linde eram criminosos, e nem todos participaram dos crimes. Logo, vários personagens puderam viver suas vidas em paz, longe dos problemas envolvendo Dutch e seus comparsas. Pelo menos os que sobreviveram. Assim, Sadie, por exemplo, acabou vivendo sua própria vida, como caçadora de recompensas, e desejava conhecer a América do Sul. Pearson foi pra Rhodes, e abriu ali seu próprio negócio. Charlie, após os eventos do epílogo, compartilhou que sonhava com uma mudança para o Canadá.

Mary-Beth está em Valentine, aguardando um trem, e conseguiu se tornar uma boa escritora. Se você encontrá-la, até um livro você ganha. Tilly conseguiu uma vida feliz em Saint-Dennis, casada e com um filho. E dá pra encontrá-la no centro da cidade. O Reverendo Swanson, felizmente, se libertou de seus vícios e, através de um jornal, é possível ver que ele virou um pastor, abrindo sua igreja. Karen, por sua vez, tem seu destino ignorado. Mas Tilly acredita, no epílogo, que ela acabou morrendo, devido a seus problemas com a bebida.

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Sobraram os envolvidos com o roubo, e procurados pela lei. Bill, Javier e Dutch foram seguir suas vidas, cada um a sua maneira. Bill criou sua própria gangue, Javier foi se aventurar no México e Dutch também foi viver sua vida, ainda baseado em seus ideais, mas profundamente abalado pelo o que aconteceu. Todos os três, entretanto, teriam seus encontros com John Marston, durante os acontecimentos de Red Dead Redemption.

John, não olhe pra trás!

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No final da história de Arthur, a cena em que ele dá seu chapéu pra John é simbólica. É como uma troca de cajado para o protagonismo do jogo. A partir dali, Marston é o protagonista do jogo. Em um epílogo que “recomeça” a história, assim como a vida do personagem. Arthur o aconselhou a não olhar mais pra trás, e viver sua vida.

John tinha o amor de Abigail e, por causa disso, ele tentou se desligar de vez da vida de fora da lei. Sofreu no começo, devido a seus instintos e temperamento. Mas o abandono de seu amor o fez buscar, de uma vez por todas, ser uma nova pessoa. Comprou terreno, subiu uma casa (com a ajuda de Charlie e o apoio “útil do Tio, de um jeito inútil”). E, assim, começou a típica vida comum no campo. Inclusive, é muito bacana ver Marston comprando seu espaço, buscando ser uma pessoa melhor, e construindo sua casa com ajuda de seus amigos.

Abigail percebe a mudança e volta pra viver o final “feliz pra sempre” com John. Mas havia uma pedra no caminho, que se chamava Micah. O ódio por tudo o que ele fez motivou Marston para uma “última vez”, subindo a montanha com Sadie e Charlie para botar um ponto final, de uma vez por todas, em seus fantasmas.

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O problema é que, um crime uma vez cometido, segue existindo. A lei não iria simplesmente “ignorar” os crimes da gangue. E foi nesse ponto, que John cometeu, talvez, o maior erro de sua vida. Ele estava fora dos radares, mas, além de dar seu nome verdadeiro para documentos e para pessoas em Valentine e Blackwater, ainda voltou “dos mortos” para dar cabo de Micah.

Molly, apesar de ter gritado que havia entregado a gangue aos Pinkertons, nunca havia dito uma palavra. E fez isso por estar bêbada, e claramente, com raiva do Dutch. Strauss, mesmo capturado e preso, morreu sem dizer uma só palavra. Ou seja, era apenas viver em paz e tocar a vida no campo.

Será que, se ele tivesse conseguido fugir de vez desta vida, e tivesse controle suficiente pra “deixar pra lá”, ele teria evitado tudo o que aconteceu em Red Dead Redemption? Será que os oficiais da lei, conseguiriam descobrir que o fazendeiro “Jim Milton” era, na verdade, um dos procurados? Na vida não temos “serás”, então, John acabou, de uma maneira triste, tendo que lidar com o seu destino.

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Assim, no final de Red Dead Redemption 2, após os créditos, John e Abigail, olhando do alto o Beecher’s Hope, podem, pelo menos por algum momento, viver dias tranquilos. Mas, mal sabiam eles, que, naquele exato ponto, seus corpos seriam sepultados, sete anos depois.

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui! Siga-me em instagram.com/juniorcandido ou x.com/junior_candido

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