Donald Trump “escolheu” os seus jogos mais violentos, em vídeo da Casa Branca
Donald Trump “encontrou” o responsável pelos recentes problemas de violência que o país tem sofrido: os videogames. Ao invés de fazer uma pesquisa profunda sobre os grandes problemas que seu país sempre enfrentou com armas (e não estou falando nem a favor e nem contra a Segunda Emenda dos EUA, só estou sugerindo que problemas recentes envolvendo violência deveriam ser produto de trabalhos bem mais profundos), o Presidente dos EUA preferiu fazer dos games a bruxa a ser caçada e, para começar um diálogo, sentou com executivos da indústria de videogames.
Na reunião, Trump trouxe de novo um debate no qual já ouvimos há décadas: o fato de que “videogames incentivam a violência”. Com informações do The Verge, a reunião começou com um vídeo mostrando mortes violentas em alguns games, com este vídeo, posteriormente, publicado no canal oficial da Casa Branca. Então, curioso, você pergunta: quais são os games que, de acordo com a administração atual dos EUA, seriam os “próximos formadores de atiradores em massa”? A lista segue abaixo:
- A morte em Call of Duty: Black Ops do personagem Joseph Bowman (2010)
- Uma coleção de cenas de Call of Duty: Modern Warfare 2 (2009)
- Vídeos de mortes no jogo de terror Dead by Daylight (2016)
- Mais cenas de Call of Duty: Modern Warfare 2, desta vez a infame missão no aeroporto.
- Assassinatos de nazistas em Wolfenstein: The New Order (2014)
- Shootouts em Fallout 4 (2015)
- O sistema “X-ray” do Sniper Elite 4 (2017)
- Uma animação de morte do jogo de terror The Evil Within (2014)
Curiosamente, Trump se esqueceu de Mortal Kombat, GTA, Sleeping Dogs, Resident Evil e diversos outros games que contam, inclusive, com cenas extremamente mais violentas do que estas. E, vale lembrar, o American Army, simulador oficial do Exército dos EUA, também ficou de fora da lista.
Concordo que debates sempre são bem vindos, pois geram o diálogo, e soluções podem ser tomadas. Lembrando que a polêmica do primeiro Mortal Kombat gerou a ERSB, o órgão que classifica as idades para todos os games dos EUA, e ajudam os pais a decidir se compram tal jogo violento ou não para o seu filho, levando a formação da criança para o lugar mais importante: a sua própria casa, onde lá ela irá aprender o que é certo e o que é errado.
Mas jogar os videogames como bruxa a ser jogada na fogueira, e começar a falar deles como responsáveis diretos a todo tipo de violência — entendendo que sim, ocorreram casos em que games foram um dos meios de influências em casos famosos — não deixa de ser uma tentativa de desviar a atenção de todo um povo para um elemento que, embora seja passível de discussão, pois não é unânime, de longe não é o principal responsável por qualquer situação de violência.
Por isso, a sugestão, longe de ser a ideal, é simples: procurar fundo a raíz do problema, levando em consideração aspectos culturais, de comportamento e analisar casos recentes, e a partir deles, iniciar o processo de mudanças. Mas, como é sempre mais fácil escolher alguém pra fazê-lo de Judas, achando que é só jogá-lo para ser malhado e está tudo bem, então lá vamos nós ouvir — mais uma vez — que os videogames matam, que os videogames incitam a violência e blá blá blá…