E o Batman que teve um jogo “mundo aberto” ainda na época do PS1?
Em 1998, quando falávamos de games, os gêneros preferidos da maioria dos jogadores envolviam jogos de luta, corrida, plataforma ou RPG. Uma das tendências daquela época eram os Survival Horrors, que impulsionados por Resident Evil, geraram vários games semelhantes. Mas, entre gêneros consolidados e outros emergentes, com certeza os jogos de mundo aberto não eram a preferência daqueles dias.
E o motivo era bem simples: eles não existiam. Pelo menos não como existem atualmente, em um contexto de games dos mais variados estilos, que usam da exploração em cidades ou mundos completos, para garantir um gameplay mais aberto ao jogador. Entretanto, nos anos 90 existiam sim alguns games que traziam para o jogador, dentro do esperado para a época, alguma experiência de circular pela cidade, indo para onde quisesse.
Podemos citar os dois Driver, que mesmo com o seu gameplay sendo mais “rígido”, permitia a livre exploração das suas cidades, mesmo sem ter muito o que fazer neste modo. Também podemos falar de Body Harvest, da DMA (a pré-Rockstar), que testou vários elementos neste game em seu futuro GTA III. Ou Mizzurna Falls, um game do primeiro PlayStation, que trazia uma exploração maior do que o usual nestes games.
E é claro que não podemos deixar de citar os mundos dos RPGs, que naquela época já estavam evoluídos e permitiam também exploração pelas cidades, mesmo que ainda “presos” no contexto de um RPG. Mas, ainda havia espaço para um outro carro andar pelas ruas da cidade, em uma “quase” livre exploração: o Batmóvel, com o seu dono, o Batman, circulando por Gotham para prender os mais variados criminosos.
Era o game Batman & Robin, que foi lançado junto com o filme, de mesmo nome. E assim como o filme, tinha muita coisa de qualidade duvidosa. Mas, apesar disso, ainda tentou trazer um pouco mais do que uma simples adaptação, apostando em ideias até que interessantes, mas que não foram bem implementadas, seja pelas limitações da época, pelo famoso pouco tempo de programação de um jogo baseado em filme, ou pelas limitações do próprio estúdio.
O filme é aquele totalmente questionável, lançado em 1997. Dirigido por Joel Schumacher, trazia Batman, Robin e a Batgirl em ação para evitar que Hera Venenosa, Bane e o Senhor Frio não dominem Gotham com seus “planos malignos”. Este seria o quarto e último filme de uma série de longas baseadas no herói, iniciadas em 1989 com os dois filmes de Tim Burton.
O game, por sua vez, oferecia algo diferente até, do que era esperado de jogos baseados em filme. Não seguindo a ideia do “beat ‘em up com cutscenes do longa”, a Probe Entertainment acabou criando um game com elementos sandbox. Entre eles, haviam elementos que pouquíssimos games da época (os Zeldas de N64 ou Shenmue são bons exemplos) tinham à disposição.
O jogo tinha eventos em tempo real, em missões os quais os heróis deveriam encontrar pistas, o local de ataque e ir até lá derrotar o vilão antes do final do tempo dado como prazo. Se o jogador não resolvesse a questão, era game over e o vilão executaria seu plano malvado. Dava pra jogar com o trio Batman, Robin e Batgirl, cada um com suas armas e veículos.
Há algumas missões baseadas no filme e outras inéditas, mas no geral é sempre a mesma coisa: você tem que coletar pistas, pegar seu veículo, ir até o local suspeito, procurar o vilão (ou esperar por ele se chegar muito cedo) e combater o vilão para seguir o game. No papel a ideia é maravilhosa, mas na prática, socorro. Eu lembro de ter jogado este game quando mais novo, e era praticamente impossível aproveitá-lo de forma correta.
O controle dos heróis era terrível e a pancadaria horrorosa. Por estar tudo em inglês, e por não ter canais de Youtube à disposição em 1998, era praticamente impossível entender o que acontecia e ter algum progresso. Mas, ainda assim, eu me lembro bem de sair guiando o Batmóvel por Gotham e achar aquilo muito legal.
O Batman teria melhor sorte, no cinema e nos games, nos anos seguintes. Falando em games, tivemos a excelente série Arkham, esta sim que levou o Morcego para o mundo aberto com muita competência. Mas sendo muito sincero, queria muito ver este Batman e Robin ter uma segunda chance. Eu sei que é impossível, mas seria muito bacana ver todas aquelas ideias, que eram legais em teoria, serem implementadas com os recursos atuais. Quem sabe não era só isso que o jogo precisava…