E3 2021 será 100% online e gratuita. Mas, será que a E3 ainda é relevante?
Depois de um 2020 sem E3 por conta da pandemia e do cancelamento de seu evento presencial para este ano, agora é oficial: vai ter E3 este ano, mas o evento será totalmente online.
O anúncio foi feito pela Entertainment Software Association (ESA), empresa que administra o evento. A E3 2021 vai rolar mais ou menos na época de sempre: de 12 a 15 de junho, segundo o GamesRadar.
Stanley Pierre-Louis, Presidente & CEO da ESA, soltou um comentário sobre a novidade:
“Por mais de duas décadas, a E3 tem sido o principal lugar para mostrar o melhor que a indústria de videogames tem a oferecer, ao mesmo tempo em que une o mundo por meio dos jogos. Estamos transformando a E3 deste ano em um evento mais inclusivo, mas ainda tentaremos empolgar os fãs com grandes revelações e oportunidades privilegiadas que tornam este evento um palco indispensável para videogames.”
Entre as empresas que já confirmaram participação no evento, temos Nintendo, Xbox, Capcom, Konami, Ubisoft, Take-Two Interactive, Warner Games e Koch Media.
Gigantes como a Sony e a EA ainda não se manifestaram. Elas são duas das maiores empresas que já debandaram da E3 há alguns anos. Se mantiverem o que tem sido feito nos últimos anos, é provável que elas sediem seus próprios eventos, em datas aproximadas às da E3.
O que nos leva a outro ponto de discussão…
A E3 ainda é relevante?
Com tantas empresas criando seus próprios calendários de eventos digitais ao longo do ano (Nintendo Direct, Ubisoft Forward, Playstation Experience, EA Play) e muitas vezes se ausentando do palco principal, a relevância da E3 já estava sendo colocada em xeque nos últimos anos. Não por acaso, o evento já andou se reinventando: de algo mais fechado para empresas, convidados e mídia especializada, em 2017 ela virou um grande evento aberto ao público.
Embora o frenesi do evento e os anúncios sejam incríveis para nós, gamers, as empresas pagam uma nota para estar lá. E ficam à mercê de determinados horários, da disposição de estandes e de muitas outras questões de infraestrutura, logística e organização. Provavelmente sai bem mais em conta fazer o seu próprio evento “por fora”, não só pela economia, mas também por uma maior liberdade e autonomia.
Só para citar exemplos recentes, a Blizzard fez sua Blizzcon Online esse ano e, no geral, foi um evento bem recheado e interessante. O The Game Awards do finzinho do ano também foi apenas online, e conseguiu segurar a onda.
Para boa parte de nós, brasileiros, estes eventos sempre foram online. Não é todo mundo que tem grana e disponibilidade para passar 3 ou 4 dias nos Estados Unidos apenas para acompanhar de perto um evento — que, diga-se de passagem, também está na internet). A E3 presencial é essencialmente elitista e só recentemente começou a se esforçar para ser inclusiva.
Acho que o mais importante é que, no mundo digital, os eventos são mais democráticos: sem portas fechadas, crachás especiais ou acessos VIPs. Qualquer pessoa com um smartphone e acesso à internet tem acesso, de qualquer lugar do mundo. Algo que não acontece em eventos presenciais por uma série de motivos (sociais, geográficos, financeiros).
(Nem vou levantar a questão de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza e sequer tem comida para colocar na mesa, porque aí é ir muito fundo na questão da desigualdade social e acabaremos perdendo o foco do discussão).
Se tem uma coisa que a pandemia trouxe de positivo para a sociedade foi a percepção de que muita coisa pode ser feita digitalmente. Isso dói no bolso de muita gente (estúdios, grandes redes de cinema, setor turístico), mas é fato que, mais de um ano depois do início da pandemia, o distanciamento social ainda se faz necessário em boa parte do mundo — especialmente em grandes eventos, que atraem pessoas de diversos países.
Então, por mais que eu goste do “fator espetáculo” da E3, não acho que ela seja mais tão relevante atualmente. Sem o grande evento presencial no Los Angeles Convention Center , essa edição digital de 2021 pode ser uma forma da E3 se reinventar e se adaptar de vez aos novos tempos… ou pode ser o último prego no caixão do evento.
Qual é a sua opinião sobre isso?