Voice-chat Arkade: A E3 2012 e nossas falsas expectativas
Como hoje em dia o avanço é sempre constante e muito rápido, nos acostumamos a ser surpreendidos a cada esquina. Quando isso não acontece – mesmo que tenham reinventado a roda bem na nossa frente – nos sentimos frustrados.
Isso não diz respeito apenas a games ou tecnologia. Nas relações com as pessoas, no último CD do seu cantor favorito que não foi lá essas coisas, aquele programa de tv anunciado há meses que não supriu o que esperava… tudo nos aborrece. Sempre. E quando somos realmente surpreendidos e maravilhados por algo, aquilo durará o tempo do próximo post no Facebook ou até a próxima novidade artística/eletrônica/social chegar. Não importa se levará dias, horas, minutos ou até mesmo segundos.
Ser “insupreendível” aborrece também. E muito! Já se foi o tempo (para que eu não saia do assunto de games, então) onde nos maravilhávamos horas a fio com um “Stampede” ou “Adventure” do Atari, ou ainda um “Predator” ou até mesmo um “Gradius” do Nintendinho 8 bits. Já se foi o tempo que levavam-se meses até comprar um game novo e aquele cartucho era guardado e manuseado como uma verdadeira relíquia. Mesmo não sendo novidade, para quem o possuía era sempre insubstituível…
Já se foi o tempo onde as filas nas locadoras de games (e até mesmo de filmes, por que não?) eram enormes e carregadas de apreensão e expectativa por não sabermos qual seria o próximo game/filme que ia chegar. E quando alguém chegava com um último lançamento de game nas mãos, perguntávamos logo: “vai entregar?” e para nosso desânimo, o detentor do cobiçado cartucho – ainda no seu direito de 1 relocação dizia – “Não… vou relocar!”
É meus amigos… nada nos surpreende… 1, 2 ou até 3 anos de trabalho árduo das produtoras para criar um game que seja novidade dali a 3 anos (quando for lançado – tarefa super difícil) são desprezados e menosprezados com uma simples frase nossa… “só isso?!?”…
Milhões de investimento em hardware, desenvolvimento de novas tecnologias, tentando antever o que acontecerá no momento do seu lançamento são ignorados por nós apenas com um “excluir mensagem/notícia”…
Não vou dizer que tudo me agrada nos games, mas sei reconhecer o esforço de quem os fez, mesmo que não me agradem. Apesar de estarmos falando de mercado – e as regras desse jogo são cruéis – ainda existem seres humanos por trás de cada game, dando o seu melhor.
A E3 2012 não está como esperamos? Sem dúvida não. Mas o que esperamos afinal? Será que se a Microsoft, Sony ou Nintendo lançassem o próximo console com uso de holografia, seríamos impactados? Ou talvez um game com controle pela mente? Será que isso nos causaria espanto? Nos dias de hoje, tenho minhas dúvidas, meus caros…
Para sair da esfera dos games, a última coisa que realmente me impressionou foi o iPhone. No campo dos filmes? Matrix. No campo dos games? O 1º Tomb Raider. O resto digamos ser uma “continuação do avanço” ou como o título de um CD famoso, “mais do mesmo”.
Não vamos perder o brilho no olhar ou deixar-mos de nos encantar com pequenos detalhes. Muito mais do que gráficos ou efeitos que já não impressionam ninguém mais, o verdadeiro valor dos novos games estará numa coisa tão antiga quanto a humanidade: o poder de contar histórias interessantes. Veja Limbo por exemplo. Um jogo super simples, PRETO E BRANCO, sem trilha sonora exuberante, mas altamente desafiador em sua essência. Esse sim, será o novo viés para os games: jogos com histórias interessantes, personagens cativantes e jogabilidade quase rasa de tão simples.
Eu ainda acredito que possa me maravilhar e ser surpreendido. Se não foi nessa E3 2012, quem sabe na Tokyo Game Show, ou até mesmo numa próxima BlizzCon?
Ficar cético é um sinal dos NOVOS TEMPOS, mas prefiro manter minha mente com a esperança e inocência de quando eu tinha meu Atari…
Estarei sempre esperando o novo, criativo e surpreendente.
Sempre.
Antonio Ribeiro (Colunista da revista Arkade e presidente do AnimaSerra)