Fable III (X360) difere de seus antecessores, mas não desaponta
Por via de regra, espera-se que todas as sequências sejam melhores e mais refinadas que os antecessores. Isto nem sempre é verdade, mas volta e meia surge uma continuação que consegue melhorar e elevar o nível. Fable III, RPG desenvolvido pela Lionhead Studios e publicado pela Microsoft, se encaixa nesta segunda categoria, refinando aspectos-chave de Fable II ainda que esbarrando em alguns defeitos.
O jogo se passa 50 anos após Fable II, onde o filho mais velho do protagonista do jogo anterior assumiu o trono de Albion. No entanto, ao contrário do pai, o novo rei é cruel e explora seus súditos como bem entende. É aí que entra o jogador, que é o irmão mais novo (ou irmã mais nova) do rei. Seu principal objetivo é conquistar seguidores, formando um exército e aumentando seu poder até você conseguir destronar seu irmão.
Apesar da história meio faz-de-conta, Fable III segue um estilo muito parecido com o de seu antecessor. Você enfrenta inimigos, participa de quests, busca e coleciona itens e artefatos e explora um mundo aberto e livre que é repleto de humor britânico – humor este, aliás, que deixa o jogo um pouco confuso, pois às vezes parece ser forçado no meio da história (roupa de galinha, Lionhead? Sério?). O que torna Fable III atraente mesmo é seu aspecto político, pois, afinal de contas, você está procurando destronar seu próprio irmão e é nesta sua campanha que você vai liberando itens, ações, armas e poderes novos. Além disso, é necessário fazer promessas, acordos que depois serão cobrados de você.
Fable III, no entanto, possui um problema claro: apesar de você ter a opção de ser bom ou mau, não existem grandes penalidades para quem opta ser maldoso e o jogo em si inclina a pessoa a seguir o caminho do bem. Por exemplo, uma das primeiras missões do jogo oferece ao jogador a oportunidade de matar ou não diversas galinhas. Caso você opte por deixá-las viver, você poderá apostar em corridas de galinhas depois. Mas mesmo que você as mate, as corridas estarão lá depois.
Neste novo Fable, praticamente não existem menus e não há um Player-HUD mostrando barra de energia, de magia, etc. Alguns aspectos tradicionais de RPGs como evolução por níveis e skill trees ficaram de fora também – mas esta cara mais de jogo de ação funciona em Fable III. A cada batalha o jogador vai ganhando guild points, que são utilizados para evoluírem as armas e magias do jogador. Conforme elas evoluem, as armas vão ganhando aspectos diferentes. Se você usa muitas magias, sua pistola pode ganhar a decoração de runas, ou então sua espada pode receber uma empunhadura mais trabalhada. Isto não afeta o gameplay pra valer, mas é um bom detalhe visual.
Por sinal, o visual de Fable III é incrível. Albion agora se encontra no meio da revolução industrial, portanto ela está muito diferente do que você viu em Fable I e II – e é um deleite ver Albion mudando a cada ação sua graças aos belíssimos gráficos e estilo visual único. No entanto, é justamente nos gráficos que se encontram diversos pequenos bugs, como animações truncadas e falhas em texturas. O som de Fable III também é bom, mas algumas dublagens pecam pela falta de inspiração de seus dubladores.
Em suma, Fable III busca se destacar da trilogia por ser o mais diferente dos RPGs tradicionais, o que pode agradar ou não os jogadores. Algumas escolhas dos desenvolvedores como o humor forçado e a quase limitação do jogador ao caminho do bem prejudicam um pouco a experiência, mas nada que tire o brilho deste que é um dos melhores jogos exclusivos para o Xbox 360.