Far Cry 6 mantém o “Ubiverso” com proposta de gameplay infinito
No dia 7, data de lançamento de Far Cry 6, publicamos um artigo com as primeiras impressões sobre o game. Por se tratar de um game de mundo aberto, com muito a se explorar, não achei justo entregar uma “análise” com a metade do jogo explorado.
Agora, com o jogo devidamente finalizado, e muita coisa explorada, vamos conversar novamente sobre o game. Pois o game não simboliza apenas mais um grande lançamento da Ubisoft, e sim a evolução do modelo de negócios da companhia francesa, que tem conseguido, entre fãs e críticos, manter boas vendas e lançamentos regulares.
Pensei em fazer uma nova análise, após entregar minhas primeiras impressões, em seu lançamento, acreditando que o game ofereceria algo a mais em seu final. E sim, oferece, mas não a ponto de falar tudo de novo. Mas, de maneira bem resumida: é um legítimo Far Cry, que envolve exploração em um mundo em ebulição, com alguns “retalhos” de outros games da companhia, encaixados no jogo.
Podemos mencionar algumas coisas aqui, como o fato dos “retalhos”. É bem interessante ver que elementos de diversos games foram incorporados no sexto Far Cry. Temos a sociedade em grupos isolados que trabalham juntos pela reconstrução, com a construção de projetos, tais quais jogadores de The Division já conhecem. Também temos a construção e evolução de armas de jogos como Ghost Recon.
Até locais de salto, para uso do paraquedas, no melhor estilo Assassin’s Creed, o jogo oferece.
O que posso questionar aqui, e tratar como algo negativo, é que as propostas de evolução não foram nada significativas. Giancarlo Esposito, o excelente ator, continua brilhante, tal como em Breaking Bad ou Mandalorian, mas foi completamente desperdiçado. Um ator deste quilate resumido a poucas cenas, e sem o peso de outros vilões famosos da franquia, foi um pecado.
Tanto que o enredo, que muitos esperavam por algo grandioso, justamente pela presença do ator, é, na verdade, um “Sessão da Tarde” dos anos 80: um grupo de rebeldes que se levanta contra um tirano em um mundo cheio de oportunidades de aventura. Não que isso seja ruim, pois a exploração e imersão do game é interessante, mas guarde a palavra “épico” em seu armário do hype ao jogar Far Cry 6.
E a visão em terceira pessoa, que se limita apenas nos acampamentos é outro desperdício. Não serve absolutamente para nada. E penso se, assim como a Rockstar fez em Red Dead Redemption 2 ou em GTA V, não seria uma boa o gameplay híbrido, com o jogador escolhendo entre terceira e primeira pessoa. Isso sim seria uma boa novidade em um game Far Cry.
Não podemos deixar de explicar que Far Cry 6 é o Far Cry mais RPG de todos. Com várias influências de The Division. É evolução o tempo todo, com níveis de jogador e arma subindo, assim como as regiões de jogo, que sobem de nível durante a história, representando maior presença militar nas regiões, para repressão dos rebeldes.
A proposta também foge um pouco do comum da série. Se nos outros games você era um “estrangeiro” em terras ameaçadoras, agora você é um filho de Yara, imerso na guerra civil. Isso muda grande parte do enredo, enquanto praticamente elimina o “fator sobrevivência” do game. Tanto é que não é preciso mais construir coisas baseadas na caça, ou mesmo criar remédios com as plantas locais.
Isso também muda o tom do game. O que faz com que ele se torne, em determinados momentos, algo muito próximo com Just Cause, e sua proposta de explosões e tiroteios infinitos. Ainda há espaço para o stealth, e você é recompensado ao invadir bases em silêncio, mas em outros momentos, é na explosão desenfreada que você resolverá as coisas.
O que rende um momento final único na série. Bem diferente de outros finais, o que rola na última missão é bem empolgante e divertido, servindo, inclusive, como ideia para jogos de guerra no futuro.
Mas uma coisa que me chamou atenção, ao final do game, é a proposta de “infinito” que o game oferece. Começando pelos insurgentes, líderes que tentam buscar o poder no lugar de Castillo, e que retomam postos uma vez já dominados, para que você cumpra novas missões para confrontar todos eles, em eventos oferecidos em um período de tempo.
As Operações Especiais, que geralmente são jogadas após o final do game, mas estão disponíveis desde sempre, também oferecem maneiras diferentes de se curtir o jogo, com missões mais longas, em locais isolados, com proposta como roubar uma arma volátil e mantê-la fria usando água enquanto foge ou enfrenta inimigos.
E a limpeza do mapa também é bem divertida, com missões secundárias, colecionáveis, pesca, caça e tesouros a serem procurados. Yara está incrivelmente bem construída, em cidades, praias, vilas e florestas, então sempre será interessante descobrir algo mais deste país.
Entenda: Far Cry 6 é um excelente e divertido jogo. Apenas não mostra nenhum interesse em figurar entre “os melhores jogos de todos os tempos”. Entendo que atualmente, com notas de games, opiniões de muita gente e a “necessidade” de premiações, além do uso desenfreado do termo “épico”, muitos esperam que todos os lançamentos sejam “os melhores jogos de todos os tempos da última semana”, como já havia falado anteriormente.
A fórmula atual da Ubisoft é “menos grandiosa”, segundo alguns, mas nem por isso é menos divertida. Temos um game gostoso de se jogar, com ação e exploração disponíveis por horas de gameplay, um mundo (não tão, felizmente) grande para explorar e proposta de jogatina por horas além da campanha. Pode não ser o “jogo do ano”, mas pelo menos vai respeitar o dinheiro investido, oferecendo horas e horas de jogo.
Far Cry 6 já está disponível para Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e PC.