Frances Townsend, da Activision Blizzard, está bloqueando funcionários em sua conta no Twitter
Semana passada, mais de 2500 funcionários da Activision Blizzard escreveram uma carta em protesto contra as ações da diretoria e presidência da companhia após a revelação do processo movido pelo estado da Califórnia contra o estúdio, por conta de diversas denúncias de assédio e abuso sexuais, dentre outros crimes.
Além da carta, os funcionários organizaram um dia de greve na frente dos estúdios da Blizzard, que aconteceu na última quarta-feira, dia 28 de julho. A carta e a greve foram motivadas principalmente por conta das respostas de Frances Townsend, Diretora de Conformidade dentro da companhia e Patrocinadora Executiva da Rede de Mulheres Empregadas da ABK, em relação ao processo.
Em um e-mail enviado para os funcionários, ela diz que o processo “apresenta uma imagem inverossímil e distorcida da Activision Blizzard, incluindo estórias factualmente incorretas, velhas e foram de contexto – algumas de mais de uma década atrás.” – além de deslegitimar as denúncias de abusos, chegando a comentar que ao ao entrar na empresa, ela sabia que seria um lugar de respeito e que sempre foi respeitada lá – ignorando o fato que ela tem um cargo de chefia e que está na Activision Blizzard há apenas 4 meses.
A situação piora ao explorarmos seu passado profissional. Em 2004 ela trabalhou como Assistente do presidente George W. Bush no Departamento de Segurança Interna e Contraterrorismo. Em diversas entrevistas na ocasião ela se posicionou a favor do uso de torturas contra prisioneiros em interrogatórios, desde afogamento, privação de sono e nudez forçada.
E até hoje, em seu perfil no Twitter, ela aborda temas militares e especialmente polêmicos, visto que continuou a trabalhar neste departamento até sua contratação na Activision Blizzard.
A situação dela dentro da companhia, que já era terrível em relação a seus funcionários, tornou-se ainda pior quando, no dia 30 de julho, ela postou um tweet linkando uma matéria sobre “O perigo das denúncias“. E não é preciso entender muito aprofundadamente sobre o caso para saber que isso é algo que definitivamente NÃO deveria ser falado quando você está numa empresa com diversos funcionários denunciando comportamentos abusivos de membros da alta hierarquia.
@amychua , @YaleLawSch and the Problem With Whistleblowing – The Atlantic https://t.co/w0V9eEQzn2
— Frances Townsend (@FranTownsend) July 30, 2021
Obviamente a reação geral foi imensamente negativa, com pessoas de todos os lados criticando sua publicação. A resposta de Townsend para essa repercussão negativa foi, ao invés de deletar ou ignorar a situação, bloquear aqueles que a criticaram, incluindo funcionários da própria Activision Blizzard! Além de ex-funcionários, desenvolvedores de outros estúdios e jornalistas.
A carta assinada por mais de 2500 funcionários menciona explicitamente a terrível resposta de Townsend e demanda sua retirada como Patrocinadora Executiva da Rede de Mulheres Empregadas da companhia, por sua má conduta e posição de negativa frente ao processo. Ao passo que os presidentes da Blizzard, da Activision e o CEO Bobby Kotick se posicionaram, ainda que de forma vaga, em favor das vítimas.
Certamente esse caso no Twitter, aliado a postura de Frances Townsend certamente intensificará ainda mais os protestos de funcionários da Activision Blizzard e da indústria como um todo, a exemplo da Ubisoft, cujos funcionários divulgaram uma carta condenando a companhia francesa por não tratar os casos de assédio revelados ano passado da forma correta. A carta, que originalmente tinha mais de 500 assinaturas, agora já passa de 1000.
(Via: Kotaku)