Gears of War 3 (X360) review: um desfecho épico para a série

5 de novembro de 2011

Gears of War 3 (X360) review: um desfecho épico para a série

Gears of War 3 marca o possível desfecho de uma das mais importantes franquias de games da atual geração. A curva de evolução da série é notável no decorrer dos anos: a história se fez cada vez mais importante e os brucutus estereotipados cheios de frases de efeito foram se tornando cada vez mais humanos. Gears of War 3 é o ápice desta mudança, pois é o melhor e mais completo game da franquia. Com o perdão do trocadilho, a Epic conseguiu: encerrou a série de maneira épica.

A história do game se passa dois anos após o desfecho do segundo game. A COG está em frangalhos e é hostilizada pelos sobreviventes que estão espalhados pelo mundo. Os planos de acabar com os Locusts não saíram como o esperado e agora tanto humanos quanto Locusts estão devastados, tendo de viver sob a sombra dos Lambent, que são Locusts contaminados pela emulsão radioativa que existe no centro do planeta.

Os poucos Gears restantes estão abrigados no Raven, uma enorme embarcação militar, quando Marcus Fenix recebe uma inesperada novidade que pode virar o jogo para a humanidade. Reunindo novos e velhos companheiros em uma última e desesperada missão, agora é tudo ou nada para os Gears e para a raça humana.

Gears of War 3 (X360) review: um desfecho épico para a série

O sentimento de desolação é bastante presente desde os primeiros minutos de jogo. Não há mais esperança e mesmo os soldados que outrora chefiaram a revolução humana estão por baixo. Dom, por exemplo, virou um pseudo-fazendeiro que cultiva uma pequena horta para garantir a subsistência do grupo. Já Anya, que antigamente era a oficial de comunicações, agora empunha uma lancer e ajuda na linha de frente da defesa do Raven.

É interessante reparar os pequenos detalhes que compõe este cenário melancólico. NPCs conversam sobre coisas aparentemente banais, mas que traduzem bem a dura realidade que vivem. Um deles diz que está lendo o mesmo livro pela nona vez, pois já não há mais o que ler. Outro dá uma bronca em um novato por ele completar as palavras cruzadas do jornal: o certo é copiar o diagrama em outra folha para que outros possam utilizar o original como modelo. E é assim, misturando muita ação e intensos tiroteios com uma trama consistente que, desde o início, Gears of War 3 lhe toma pela mão e lhe guia por um belo mundo desolado.

Gears of War 3 (X360) review: um desfecho épico para a série

Belo? Sim. Depois da predominância de ambientes urbanos de Gears 1 e túneis claustrofóbicos de Gears 2, enfim temos um vislumbre mais globalizado do planeta Sera. Mares, florestas, montanhas, cidades em ruínas, praias, shoppings abandonados, estradas decadentes, um estádio de Trashball que foi transformado em quartel general… os ambientes de Gears of War 3 estão bem mais variados, tudo ricamente construído pelas hábeis mãos da Epic Games e sua Unreal Engine.

A qualidade gráfica da série Gears of War sempre se destacou e o novo game dá mais um salto evolutivo neste quesito: o visual do game como um todo está melhor e mais detalhado, com destaque para expressões faciais, texturas – inclusive da pele dos personagens – e para a luz do sol, que seja entrando por frestas e janelas ou inundando áreas descobertas, ilumina os ambientes com um brilho extremamente fotorrealista.

Gears of War 3 (X360) review: um desfecho épico para a série

O som continua mantendo a qualidade característica da franquia, com dublagens inpiradas e composições épicas que dão o tom dos momentos intensos. Tiros, recargas, explosões, motosserras e urros de inimigos também continuam convincentes, especialmente com um bom sistema de som 5.1.

Vale ressaltar também o ótimo trabalho de tradução feito pela Microsoft: absolutamente todos os diálogos possuem legendas em português, com palavrões e tudo! Os menus e opções também estão todos em português, e nossa única ressalva é que várias coisas que não precisavam de tradução foram traduzidas: a poderosa arma “hammer of dawn” virou o “martelo da aurora” e o modo de jogo “king of the hill” virou “o rei do pedaço”.

Gears of War 3 (X360) review: um desfecho épico para a série

Claro que nem só de visual e som se faz um bom Gears of War e a Epic sabe disso. Por mais que se mantenha bastante fiel aos títulos anteriores, a jogabilidade recebeu muitas novidades que a tornam mais dinâmica. Momentos onde você deve apagar incêndios utilizando extintores, se pendurar em cabos, transportar suprimentos utilizando mechs-empilhadeiras ou controlar os silverbacks – pequenos mechs de batalha – são bons exemplos de como a jogabilidade ficou mais variada em Gears of War 3.

A campanha principal do game – que pode durar cerca de 15 horas – agora pode ser jogada online por 4 jogadores, e apresenta uma narrativa bem amarrada que vez ou outra nos permite ver as coisas pelo ponto de vista de outros personagens. Se esforçando para valorizar a personalidade de suas criações, a Epic conseguiu fazer de Gears 3 uma experiência quase emotiva para os fãs. Ver Cole “Train” visitando o vestiário do estádio de Trashball onde ele já foi um astro é uma experiência emocionante para quem está familiarizado com este universo e seus personagens. Claro que sempre que a coisa fica meiga demais, podemos contar com o fanfarrão Baird e seu senso de humor sarcástico para quebrar a seriedade.

Gears of War 3 (X360) review: um desfecho épico para a série

Nesta nova jornada por Sera, os Gears irão encontrar diversos tipos de inimigos, entre Lambents, Locusts e outros híbridos medonhos. Temos velhos conhecidos como corpsers, tickers e boomers, mas sobra espaço para a introdução de diversas novas criaturas, tão mortíferas quanto as já manjadas.

Para dar cabo de toda essa galera, Marcus Fenix e sua trupe contam com um arsenal repleto de novas armas: além da tradicional Lancer com baioneta de motosserra, agora temos também a Retro Lancer, que possui uma ponta de arpão. Espingardas de cano serrado, facões do tamanho de espadas, granadas incendiárias, um enorme rifle de precisão que mata qualquer coisa com apenas um disparo… novas opções não faltam para deixar a matança mais variada.

Gears of War 3 (X360) review: um desfecho épico para a série

Depois de se aventurar pela campanha principal, é hora de chamar os amigos para encarar os diversos modos de jogo multiplayer, outro ponto que sempre se destacou na franquia Gears of War. Diversos modos de jogo clássicos estão de volta incrementados com novos mapas, mas o destaque vai para o desafiador modo Horda – que agora é quase um tower defense – e o Besta, que é basicamente um Horda ao contrário.

Jogando no modo Horda, você pode espalhar diversos tipos de armadilhas para impedir ou retardar o avanço dos inimigos. Seus resultados em cada onda garantem dinheiro que deve ser gasto para comprar armas e obstáculos para a próxima etapa. Já no modo Besta você assume o controle dos Locusts e deve se infiltrar na base dos humanos, que vão ficando mais bem guardadas a cada rodada. O legal é que com o tempo você habilita todos os tipos de Locusts: quer ser um boomer grandalhão? Beleza! Prefere ser um dos irritantes tickers explosivos? Sem problema!

Gears of War 3 (X360) review: um desfecho épico para a série

Se a Epic trouxe de volta tudo o que já era bom no multiplayer, ela também manteve algo que era ruim: a dificuldade de encontrar partidas online. O sistema de busca automática demora bastante para encontrar partidas, o que é bem frustrante.geralmente é mais fácil “se convidar” para entrar na partida de algum amigo (ou criar um grupo para jogar com você),do que ficar esperando a busca automática encontrar uma partida aleatória. É difícil entender porque a Epic manteve esta busca automática capenga, visto que em Gears 1 o sistema era manual e funcionava perfeitamente.

Gears of War 3 é tudo o que os fãs da série esperavam: maior e melhor. A Epic sabe como poucas aliar uma boa história à altas doses de ação e violência, tudo isso com visual caprichado, jogabilidade refinada e muitas novidades. O principal problema aqui é: será que teremos um Gears of War 4 para matarmos a saudade de Marcus, Baird, Cole, Anya e (porque não) Jack?

Este review foi originalmente publicado na edição 28 da revista Arkade.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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