Green Day traz energia em São Paulo e faz um dos melhores shows de 2017!
Três décadas separam o Green Day das pequenas casas de show, com seu jeito único de existir, com os shows grandiosos em arenas e milhares de espectadores. Porém, o que vimos ontem (3) em São Paulo, apesar de toda a evolução que o grupo viveu, foi a aura de uma autêntica banda de punk rock, que busca trazer diversão acima de tudo, diversão esta que foi o pilar principal de um show que teve de tudo.
O show, de duas horas e meia de duração e trinta músicas, contou com participação de fã subindo no palco, seja para cantar ou para tocar guitarra com o grupo, teve Billie Joe jogando água no auditório, teve discursos e de estímulo a “loucura” (“nós gostamos do esquisito, do estranho…“, diz o vocalista entre suas músicas) com direito a um freak show bem divertido, teve músicas clássicas, músicas atuais e um bis com Jesus of Suburbia e uma simples Good Ridance, encerrada com uma chuva de papel picada, que serviu para “esconder” a banda que apareceu para se despedir.
Isso levou muita energia para um público, estimado em 25 mil pessoas, que por incrível que pareça, não estavam muito ligados em seus smartphones, e sim curtindo o show. O próprio Billie Joe reconheceu isso: “Não precisamos do Facebook”, disse, durante as músicas. Em uma energia rara de se ver em shows nos dias de hoje, o cantor, com seus 45 anos, não parava um minuto no palco, seja fazendo alguma gracinha, seja agitando bandeiras, seja conversando com o público, ou correndo para lá e para cá. Tré Cool e Mike Dirnt, acompanhados por um trio de apoio, também faziam das suas, com direito a troca de bateria e voz durante certo momento do show.
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Temos poucos artistas hoje que tem o dom de ter o público na mão a todo momento. Bruce Springsteen, Justin Timberlake e Jon Bon Jovi (que também fez show espetacular em São Paulo) são uns dos poucos exemplos de artistas atuais que, além de cativar seus fãs, criam uma conexão única com o público, chamando atenção até de quem, por alguma razão qualquer, não estão ali por causa da banda. Billie Joe pode ser incluído neste seleto grupo, por conseguir receber a atenção o tempo todo, e dividí-la com todos, seja com seus companheiros de banda, com abraços e gracinhas, ou com o próprio público, entre discursos, jatos d’água, sorrisos e convites para alguns subirem ao palco para fazerem juntos o show.
No repertório, bem equilibrado, entendendo que são três gerações de fãs que estão ali misturados, tivemos as “três fases” da banda: a era de Dookie, nos anos 90, a era American Idiot, dos anos 2000, e as novas músicas da Revolution Radio. Embora isso pudesse chatear alguns fãs, pelas suas preferências junto a banda, o que vimos foi uma animação empolgante em todos os momentos. Senti falta, claro, de pérolas como She, I Was There e Redundant, mas saí satisfeito por ouvir Basket Case, When I Come Around e Minority. Os fãs dos anos 2000 também puderam curtir American Idiot e Holiday. Até cover de Hey Jude e Satisfaction fizeram parte do setlist.
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Um show do Green Day é ao mesmo tempo, acessível, pois são tocadas músicas que fizeram (e fazem) sucesso em filmes, games e várias outras mídias, mas ao mesmo tempo, é uma festa reservada apenas para quem gosta mesmo da banda. Quem não entende o Green Day, até pode questionar os exageros que ocorrem no palco durante as horas de show, mas quem conhece bem a banda, sabe que todos estas loucuras são marcas registradas da banda, que há mais de três décadas, segue, como o próprio discurso de Billie Joe, buscando ser os esquisitos, os diferentes, os loucos. E continuam seguindo firme em busca de fazer sua melhor música, nunca satisfeitos, porém olhando com muito carinho para o próprio passado. Quem ganhou foi o público, que recebeu um show com ares atuais, com grande produção e tudo o mais, porém com cara de show em casas pequenas de música.
O Green Day ainda se apresenta em Curitiba, no dia 5 de novembro, e em Porto Alegre, no dia 7 de novembro.