Iron Maiden leva o seu “teatro do metal” em show poderoso em São Paulo
Após sua apresentação no Rock in Rio, o Iron Maiden chegou em São Paulo para mais um da sua série de shows, que passará por Porto Alegre, além de outros países da América Latina. E, pra quem pensava que seria “o mesmo show” de dois dias atrás, Bruce Dickinson deu o recado:
“Disseram que nós fizemos na sexta o melhor show da história do Rock in Rio. Mas hoje, nós vamos fazer o melhor show da história do Maiden no Brasil”. E o que o Maiden precisava para fazer isso acontecer? De nada além do que eles já fazem (e muito bem), há muito tempo.
Teatral, cada música contava com o seu “cenário” e sua interpretação por parte de Dickinson, que vestia figurino adequado para cada “peça”. Aces High deu início ao show, com uma réplica de avião vindo diretamente da Segunda Guerra Mundial, que “voava” por cordas, alucinadamente. Houve também um “campo de guerra”, “igreja”, e diversos outros elementos, que introduziam o espectador à cada música executada.
A “guerra” continuou com The Trooper, e um Eddie gigante combatendo no palco. O teatro continuava agradando, enquanto Revelations, The Wicker Man e Flight of Icarus continuava a manter aceso o público, que curtiu cada momento do show. Inclusive o show de abertura, do The Raven Age, que conta com George Harris, filho de Steve Harris, contou com boa participação do público, horas antes.
O público, por sinal, é parte essencial para garantir mais uma noite especial para um show do Maiden. Antes do show, “ola” e gritos de “olê olê olê, Maiden, Maiden”. Durante o show, um ambiente de energia e entusiasmo. Até quem fazia os stories do show, cantava e vibrava com as músicas. E, ao final, na saída do estádio, ainda havia gente cantando músicas da banda, e gritando novamente o “olê olê”.
Em um ambiente inimaginável para quem não conhece o metal a fundo, havia crianças curtindo o som com seus pais. Casais, amigos e familiares aproveitando o “teatro do Maiden” sem nenhum incidente grave, ou problemas que estragaram a experiência dos presentes. Este ambiente, somado a uma sinergia incrível da banda com o público, foi fundamental para que um show incrível fosse vivido por todos os presentes.
Isso tem uma razão fácil de se explicar: o Brasil, de acordo com pesquisa do Youtube, é o povo que mais ouve o Iron Maiden no mundo. Além disso, desde 1985, a banda se apresentou 39 vezes no país (a apresentação em Porto Alegre será a de número 40). Com direito a uma apresentação histórica no Rock in Rio de 2001, que ganhou CD e DVD. E mesmo que a banda não traga nada de surpreendente, o público certamente estará lá.
E foi o que vimos na noite de ontem. O Iron Maiden não precisa de nenhuma novidade, exceto músicas novas (ou raras) em seu repertório, que podem fazer os fãs mais felizes, caso goste muito de determinada música. O fã quer pular ao som de Fear of the Dark e Run to the Hills (música que fechou o show), quer ver Dickinson, no auge de seus 61 anos, executar milagres sonoros, cantando muito bem para alguém nesta idade, Janick Gers fazendo das suas, e poder ver de perto Steve Harris, “o cara” no Maiden.
Os fãs saíram felizes. Eles não precisam, e nem querem “o melhor show do Maiden” ao entrarem no estádio. Eles só querem ver a banda, no seu mais alto grau de qualidade, por enquanto isso for possível. Isso foi entregue, no Rio, e em São Paulo. É muito provável que tenhamos Iron Maiden no Rock in Rio 2021, e, consequentemente, mais shows em São Paulo, e outras cidades brasileiras. E, como o Maiden ama o Brasil, e o Brasil ama o Maiden, estarão mais 65 mil pessoas presentes (o público em São Paulo) prontas para cantarem juntas, mais uma vez, “your time will come”.