J. Allen Brack, presidente da Blizzard, renuncia a seu cargo
J. Allen Brack, presidente da Blizzard Entertainment e que trabalhava na empresa há 16 anos, anunciou sua renúncia ao cargo após a crescente crise dentro da Activision Blizzard por conta do processo que está sofrendo por múltiplas denúncias de abusos e assédios sendo cometidos por importantes funcionários da companhia.
O processo cita explicitamente o nome de Brack, como sendo complacente e fazer vista grossa para os casos, em especial contra Alex Afrasiabi, principal nome denunciado. Segundo o processo, Brack não tomou nenhuma medida efetiva para colocar um fim nos assédios cometidos por Afrasiabi, mas meramente o aconselhou de forma vaga.
A notícia de sua renúncia vem do COO da Blizzard, Daniel Alegre, mencionando que Brack estava saindo para buscar novas oportunidades“, e que seu cargo será ocupado em conjunto por Jen Oneal (que era chefe da antiga Vicarious Visions. Ela está na Blizzard há 18 anos e trabalhou em franquias como Diablo e Overwatch) e Mike Ybarra (ex-executivo sênior da Xbox e que vinha trabalhando na equipe da Battle.net).
Brack tornou-se presidente da Blizzard em 2018, substituindo Mike Morhaine, co-fundador do estúdio. E segundo os funcionários que protestam contra a equipe de liderança do estúdio, o próprio Morhaine, em sua época na companhia, sabia dos casos de assédio mas os ignorava completamente.
E recentemente, um vídeo de uma sessão de perguntas e respostas que aconteceu durante a BlizzCon 2010 ressurgiu, em que uma mulher vai até o microfone perguntar se seria possível as personagens de World of Warcraft serem menos sexualizadas, em referência às roupas mínimas que personagens importantes usavam no game.
Ela pergunta se “seria possível as personagens femininas não parecerem saídas de um catálogo da Victoria’s Secret?” – A reação foi de aplausos de mulheres da platéia, seguida de muitas vaias de homens presentes no local. Essa sessão continha nomes como o próprio Alex Afrasiabi e J. Allen Brack respondendo perguntas.
E eles simplesmente riam enquanto a mulher era vaiada e faziam piadas sobre a pergunta, como “de qual catálogo você quer que elas não saiam?”, com Brack rindo e incentivando as piadas, enquanto o próprio Afrasiabi respondia “eu te entendo, e nós realmente queremos variar nossas personagens femininas, então nós vamos pegar outros catálogos [de lingerie]”. Ela então foi ordenada a sair de frente do microfone para outra pessoa fazer uma pergunta, sem que ela mesma tenha recebido qualquer resposta real.
Abaixo você pode conferir esse vídeo, que é simplesmente revoltante e repulsivo.
Oh god, I'd not seen this before. It's heartbreaking.
— Chris Bratt (@chrisbratt) July 23, 2021
Here's a 2010 Blizzcon panel in which a fan was brave enough to ask a panel full of men, including J. Allen Brack (left) & Alex Afrasiabi (right) whether there's scope for some of WoW's female characters to be less sexualised pic.twitter.com/Elaf3K7KVc
Esse vídeo ressurgiu após o e-mail de J. Allen Brack para os seus funcionários se dizendo chocado em tomar conhecimento de casos de assédio e abusos dentro da companhia. Com os funcionários questionando sua surpresa, visto que ele estava envolvido em casos como o deste vídeo.
A mulher no vídeo recentemente comentou sobre a situação da Activision Blizzard ao saber que o vídeo ressurgiu na mídia. Ela, que por questões óbvias de proteção, não divulgou seu nome real, preferindo ser referida por seu nome em World of Warcraft, Xantia, comentou que levou mais de uma década para a pergunta que ela fez na BlizzCon 2010 finalmente ter algum efeito.
Ela ainda menciona que não acredita nas desculpas feitas pelos envolvidos no vídeo, que usaram as redes sociais para se desculpar sobre essa situação. Mencionando ainda que em 2012 tentou uma vaga de emprego na companhia, que era o lugar de seus sonhos para trabalhar, mas após um longo período de processo seletivo, foi dispensada sem mais nem menos.
No entanto, ela está otimista com os protestos e greves que estão acontecendo, pois finalmente os funcionários da Blizzard estão tomando a frente para colocar um fim nessa cultura tóxica existente lá dentro.
E em uma notícia relacionada, a Blizzard está perdendo patrocinadores de seus torneios de Overwatch após a divulgação do processo. A companhia T-Mobile, patrocinadora de longa data da Overwatch League e Call of Duty League removeu seu patrocínio em julho, logo após os casos virem a tona.
A situação segue, após uma grande sequência de acontecimentos, começando com o Estado da Califórnia processando a Activision Blizzard. Mais de 2500 funcionários assinando uma carta aberta contra a companhia. Os presidentes e o CEO da Activision Blizzard publicando cartas e e-mails comentando sobre a situação, funcionários da Ubisoft se erguendo em apoio às vítimas e Frances Townsend, uma das líderes da companhia, bloqueando funcionários no Twitter.
(Via: VG24/7)