A história do “Oliver Tsubasa da vida real”, que foi jogador do São Paulo e inspirou Super Campeões
Ontem, em São Paulo, o Japão fez sua estreia na Copa América. E, apesar de ser estranho ver a seleção nipônica disputando o torneio continental, houve um outro elemento bem curioso na partida, que terminou em 4×0 para o Chile. O Morumbi tem fortes ligações com um personagem querido por muita gente.
Estamos falando de Tsubasa Ozora, ou, para nós, Oliver Tsubasa. O craque japonês, que fez sucesso no mangá e anime Capitain Tsubasa, que acabou ficando conhecido por aqui como Super Campeões, foi inspirado em um jogador japonês que, entre os anos 70 e 80, jogou no Brasil, mais especificamente, no São Paulo.
Musashi Mizushima foi um dos primeiros atletas japoneses a jogarm no país. Kazu Miura defendeu Santos, Palmeiras e Curitiba. Masakiyo Maezono e Tomo Sugawara também defenderam o Santos, durante os anos 90. Mas Mizushima, foi quem viveu uma história muito parecida com a de Oliver.
De acordo com reportagem do Lance!, a história teve início em 1975, quando o jovem Mizushima, ainda com 11 anos, chegou ao Brasil e começou a treinar na base do São Paulo. Quem o indicou foi Pelé, que o viu jogar em viagem ao Japão. Agora, vamos recapitular o anime: um garoto que gostava de futebol, foi descoberto por um astro brasileiro e buscava levar o Japão pela primeira vez para uma Copa do Mundo. Familiar né? Mas vamos continuar…
O garoto vivia um contexto diferente do atual, em relação ao futebol japonês. Se hoje a J-League está estabelecida, e, desde 1998, o Japão sempre esteve em uma Copa do Mundo, além de ter conquistado, em 2011, a Copa do Mundo Feminina, nos anos 70 não havia futebol profissional no país. Assim, a determinação de Mizushima chegou ao Japão, que o admirava por isso.
Como todo fã da série sabe, em 1981, Yoichi Takahashi decidiu criar um anime, focado no futebol. Para ele, que adorava o esporte, era um meio de apoiar o esporte no país. Sem nem imaginar as proporções que tal produção alcançaria, não só em terras nipônicas, mas em todo o mundo. Não só Oliver, como Carlos, ou Kojiro cativaram o público japonês, e fizeram muito sucesso no Brasil, quando uma de suas versões do anime, chegou na extinta TV Manchete, em 1997.
No mangá e anime, inclusive, Oliver, após suas primeiras aventuras no futebol durante a infância, vai para o Brasil, para se desenvolver melhor como jogador de futebol, e atingir seus objetivos. Não por mera coincidência, o clube que Tsubasa vai defender é o São Paulo. Claro, Oliver era inspirado em Mizushima.
Inclusive, por seu sonho e determinação de cruzar o mundo para realizar seus sonhos, Mizushima foi apelidado no Japão como “Asas de Ícaro”, fazendo referência à lenda e a ambição de voar mais alto. Sendo bastante promovido por empresas japonesas, que financiaram sua aventura no Brasil. E Tsubasa Ozora, o nome original de Oliver no Japão, significa, em japonês, “Asas do Céu”. Voltando ao “Oliver original”, em 1985, com 21 anos, o jogador foi integrado ao time profissional, porém jogou apenas uma partida oficial. Mesmo assim, fez parte do grupo que ganhou o Paulista daquele ano.
Assim, diferente do personagem do mangá, Mizushima não vingou no futebol. Foi emprestado para outros clubes de menor expressão, e não chegou a ser convocado para a seleção de seu país. Entretanto, ele segue trabalhando na Associação de Futebol do Japão. Ele treinou equipes de base de seleções que recebem apoio financeiro da associação japonesa. E, inclusive, o “Oliver original” estará no Brasil, para disputar, como técnico da seleção do Tajiquistão, a Copa do Mundo Sub-17. Será que o verdadeiro Oliver escreverá uma história semelhante a do personagem que o inspirou?