John Riccitiello, CEO e presidente da Unity, deixa seu cargo após o fiasco das cobranças por instalações
Mês passado, a Unity anunciou que passaria a cobrar uma taxa dos estúdios usando a engine para cada instalação de seus jogos feitas nos PCs e consoles de jogadores. Após o imenso fiasco que foi essa tentativa de cobrança, o CEO e presidente da Unity, John Riccitiello, anunciou sua saída da empresa.
Você com certeza já ouviu falar de Riccitiello antes, ou, se não o conhece por nome, certamente conhece seus feitos. Ele foi o CEO da EA Games dos anos 2007 a 2013. Em 2012 e 2013 a EA foi considerada a pior empresa dos Estado Unidos, enquanto estava sob seu comando.
Riccitiello deixou infelizes marcas na indústria ao ser um verdadeiro ativista das microtransações e redução da dificuldade de games com o objetivo de obter mais lucro. Se você acompanhava o mundo dos games naquela época então certamente se lembra de como muitos estúdios facilitavam muito as coisas, principalmente vendendo (via dinheiro real), alguns atalhos como cura de personagens, itens melhores e etc.
Além disso, Riccitiello fez declarações bem agressivas contra desenvolvedores e o público em seus anos na indústria de games, como em 2022, quando chamou desenvolvedores de “idiotas” ao protestarem contra seu desejo de firmar acordo entre a Unity e o serviço de monetização israelense IronSource. Inclusive, em seu tempo na EA, ele chegou a propor em uma reunião com investidores que a empresa deveria cobrar microtransações de jogadores para cada vez que eles recarregassem uma arma em Battlefield. E se isso não fosse o bastante, em 2019 ele foi acusado de assédio sexual por Anne Evans, ex-diretora de recrutamento da Unity.
Após chamar desenvolvedores de idiotas, e publicar um pedido de desculpas por sua fala. Ele tornou-se menos ativo publicamente, mas sem deixar seu posto na Unity. E após toda a revolta causada pelo plano de implementar uma monetização predatória baseada em números de instalações – uma cobrança que seria aplicada por cima da cobrança anual da licença de uso da engine Unity – ele acabou voltando atrás no plano, parcialmente, mudando um pouco o sistema de cobrança, mas ainda mantendo-o. E agora, um mês após tudo isso, a própria Unity anunciou sua saída da emrpesa.
Apesar disso, a polêmica do novo sistema de cobrança ainda segue, pois o plano não foi abandonado, tendo sido apenas modificado, como já mencionado. Tudo isso gerou respostas fortes da indústria, com muitos estúdios, em especial independentes, boicoteando completamente a engine e cancelando projetos sendo feitos nela. E a maior ação feita veio da Re-Logic, o estúdio de Terraria, que doou 200 mil dólares para duas engines concorrentes à Unity, para fortalecer a competição e combater essas medidas totalmente predatórias.
Com isso, o futuro da Unity e sua parceria com estúdios independentes está muito incerta. Resta acompanharmos para o quanto a saída de Riccitiello impactará (positiva ou negativamente) a Unity.
(Via: Gamedeveloper)