Konami anuncia Metal Gear Survive, e absolutamente ninguém está feliz com isso
Eu sou fã de Metal Gear desde o ano de 2007, creio eu, quando terminei Metal Gear Solid 3: Snake Eater pela primeira vez. E foi mágico. Conheci a série uns anos antes até, mas como essa era uma época em que o brasileiro era forçado a ter sua vida gamer na “paralelidade”, eu tinha muitos problemas com os jogos, pois os discos eram de péssima qualidade e os jogos mal rodavam.
Mas desde esse ano, eu virei fã assíduo da série. Eu detesto esse termo, mas muitos de fora olham para minha idolatria com a obra de Hideo Kojima como eu agindo como um fanboy, e admito, por um longo tempo eu fui um, daqueles que não admitiam existir pessoas que não conhecem e não gostam da série. Mas eu cresci, fiquei mais velho, amadureci, e minha paixão pela série de ação e espionagem tática só aumentou, e se refinou. Se você me perguntar o que eu acho ruim na série, não terei resposta, mas sei que muitas pessoas não gostam de certas características da série, ou não se interessam por ela. E por mim tudo bem, gosto não se discute, mas meu gosto pela série é imensurável.
Acompanhando a série percebi o desgaste pelo qual ela entrou após Peace Walker, ainda assim, apesar do visível desgaste, gosto de todos os jogos da série de maneira igual, como uma obra que fosse minha (e eu tenho plena consciência que não é). É uma série que realmente tem meu eterno amor. Então, no final de 2015 começou a briga entre Kojima e Konami, que terminou com Kojima fundando um estúdio próprio e anunciando Death Stranding, e a Konami mantendo os direitos sobre Metal Gear e declarando: “Nós ainda faremos muitos jogos da série!”
E eis que chegou o momento, um novo Meta Gear sem Kojima foi anunciado! E com apenas um trailer, eu, e todos os fãs da série tivemos a mesma confirmação do que já imaginávamos: “Isso aí vai dar muito errado”, e durante a Gamescon 2016, Metal Gear Survive foi apresentado ao mundo, com lançamento marcado para 2017 para PS4, PC e Xbox One. E você pode ver seu primeiro trailer agora:
Respirei fundo e analisei: O final de Ground Zeroes, prólogo de The Phantom Pain inicia o vídeo, ok. A Mother Base é destruída, ok. Os sobreviventes são sugados por um buraco de minhoca e caem no Mundo Invertido de Stranger Things e agora precisam enfrentar zumbis com cabeças de pedra para voltar pra casa… O que que tá acontecendo?
Eu tinha muito medo do que a Konami iria fazer com a série já que agora Hideo Kojima não tem mais nenhum direito sobre ela. Silent Hill e Castlevania sofreram muito por diversos problemas, principalmente tendo seus próprios criadores saindo da empresa, e é visível todas as mudanças que ambas as séries passaram ao longo dos anos, e qualquer fã de longa data de ambas as séries não vêem com carinho seus últimos títulos. Então sim, o medo é muito, muito grande.
“O medo é o caminho para o Lado Negro. O medo leva à raiva, a raiva leva ao ódio, o ódio leva ao sofrimento” – Já dizia o sábio Mestre Yoda, então é preciso manter a calma ao se reagir ao trailer acima, mas não é nada fácil. Metal Gear Survive é visto por mim como uma falta de respeito ao legado da série. Afinal, ela nasceu em 1987 entregando vários capítulos de uma enorme história incrível, com uma enorme complexidade e personagens muito carismáticos, para então ser removida das mãos de seu criador e virar um Umbrella Corps de Metal Gear.
Ah mas você é fanboy, só saiu um trailer e já tá aí reclamando? Kojima não é Deus. O game não precisa seguir sempre o mesmo caminho, ele pode ser muito bom e você tá aí reclamando sem saber de nada. – Antes que você pense isso, lembre-se por exemplo de outras séries, como Resident Evil. A série mudou totalmente seu foco de Survival Horror para se tornar um verdadeiro shooter, e o desapontamento foi geral, tando que a Capcom quer resgatar as origens da série com Resident Evil 7, trazendo terror e sustos ao invés de uma experiência do Rambo no apocalipse zumbi.
E não esqueçamos que Metal Gear ainda vai virar máquina de Pachinko! Tudo isso torna o futuro da série muito desanimador, pois bastou que Kojima saísse para isso acontecer. “Mas e o Metal Gear Rising e Portable Ops? Não foram feitos pelo Kojima, e aí?” – Kojima não dirigiu, mas participou ativamente de ambos os títulos, pois ele atuou como Diretor Supervisor em Rising e Produtor em Portable Ops.
Os únicos Metal Gears totalmente sem a presença de Kojima foram os ports para o Nintendinho e Snake’s Revenge. E quem tem conhecimento sobre essas versões sabe as bombas que são. Mesmo que eles tenham sido lançados há gerações atrás. Por isso, o anúncio de Metal Gear Survive, um game definido como um “multiplayer stealth co-op para quatro jogadores” é banho de água fria para todos os fãs da série, pois simplesmente empresta o nome “Metal Gear” em seu título como uma estratégia de marketing. Afinal Metal Gear é um nome muito forte na indústria de video-games, e é um nome que vende.
Pois fala sério, universos paralelos, zumbis com cabeça de pedra e portais para outra dimensão são ideias que caberiam muito bem em um título inédito, pois não tem nada a ver com Metal Gear.
É claro, o game pode sim ser divertido, mas não é isso o que estou discutindo aqui. Quem sabe, ele realmente pode surpreender, e é claro que muitas pessoas o comprarão, seja por sua ideia, seja por carregar o nome Metal Gear. Mas a série Metal Gear acabou com The Phantom Pain e a saída de Hideo Kojima, ou pelo menos deveria ter acabado, pois se a Konami, que declarou que quer surpreender os fãs da série com os próximos games da série, quiser seguir adiante com uma série fortemente estabelecida e com uma, com o perdão do trocadilho, sólida base de fãs que já viram o seu fim… bem ela já conseguiu surpreender a todos, da pior maneira possível.
Pachinkos e Games genéricos que apenas carregam o nome da série… Seria muito melhor a série acabar de uma vez por todas, mantendo a dignidade construída nos 28 anos que a série foi comandada por seu criador, Hideo Kojima.
(Via: IGN)