Livro Veloz como o Vento narra a trajetória de Ayrton Senna, mas com um toque de romance
“Ayrton Senna pertence ao Brasil. Isso é afirmado pelo grito fervoroso e eterno com que ele celebrou sua primeira vitória no Grande Prêmio em sua terra natal, Interlagos, em 1991.” É assim que o jornalista e escritor Leonardo Guzzo entende Ayrton Senna através do seu livro “Veloz como o Vento”, publicado pela Maquinaria Editorial no Brasil. Senna, em seus dias na Fórmula 1, era uma figura popular não só no Brasil, mas também em países como Japão e Itália, onde tinha o status de celebridade, tal qual em sua terra natal.
Isso reflete em observações variadas e com particularidades aos países em questão, através de escritores pelo mundo. Se no Brasil, Senna é visto como uma figura quase que “mitológica”, tendo seus feitos e vidas celebrados como um campeão grego nos tempos antigos, na Inglaterra, Senna era observado como uma figura mais próxima, com o lado bom e ruim que isso significa, uma vez que o berço da F1 é lá. O livro “A Morte de Ayrton Senna”, de Richard Williams, por exemplo, mostra um pouco desta visão que segue respeitosa, porém mais “fria” (claro que entre os ingleses temos exceção de Lewis Hamilton).
E, na Itália, a paixão comum daquele povo se reflete na obra do italiano Leonardo Guzzo. Seu livro traz sim muitas informações sobre a vida e carreira de Senna, porém com um estilo romanceado. Temos sim informações e elementos corretos e reais da vida do piloto brasileiro, mas sem uma “cara de biografia”, e sim de um romance. Com capítulos curtos, etapas da vida do tricampeão, que vai desde a infância até a sua carreira na F1, são narradas como em um romance, com algo que deixa o leitor acompanhado sua trajetória como em uma história bem diferente da forma com a qual sua vida é relatada em outras obras.
Além das corridas e seus feitos, o livro também lida com as interações de Senna com amigos, família, amores, rivais e suas batalhas nas pistas, Buscando, segundo o autor, “capturar o talento, a paixão e o carisma de um homem que desafiou tanto o tempo quanto seus próprios limites”.
O livro traz uma visão mais apaixonada sobre Senna, falando de seus desafios, tanto como piloto quanto como ser humano, com direito até a uma visão, fictícia mas inspirada, em pessoas próximas do piloto. “Sempre observo Senna com olhos de criança e vejo outro garoto. Não apenas alguém que correu e venceu, mas alguém que nutriu o sonho de ser o mais rápido e tentou moldar o mundo em torno desse sonho”, explicou Guzzo, para justificar a sua escolha para a escrita do livro.
O livro não narra a vida de Senna de forma cronológica, começando diretamente em um dos momentos mais marcantes da trajetória do piloto, seja pela visão de Guzzo, como a de muitos fãs do piloto: a vitória do GP Brasil de 1991, a famosa corrida vencida só com a sexta marcha, por seis voltas. Guzzo também justificou esta escolha: “Foi o ponto alto absoluto na carreira e na vida pessoal de Ayrton. O campeão que usava as cores da bandeira brasileira no capacete venceu em sua terra, diante de seu povo, de sua família, no lugar onde descobriu seu talento. Foi um momento emblemático. O abraço emocionante com seu pai, após uma corrida exaustiva e dramática, simboliza perfeitamente esse clímax”.
“Veloz como o Vento” traz uma visão diferente de Senna a qual o brasileiro está acostumado. Em livros estrangeiros sobre o piloto, normalmente, a trajetória do piloto é relatada de forma mais fria, mais próxima a uma pesquisa jornalística sobre suas participação na Fórmula 1. No Brasil, como sabemos bem, seus feitos nas pistas, assim como sua forte conexão com o público brasileiro são sempre celebrados, como se fosse, como disse no começo, uma figura mitológica.
Mas o livro de Leonardo Guzzo, por sua vez, traz uma abordagem totalmente diferente, ao analisar a vida e carreira de Senna de uma forma mais romântica, mais leve, e, porque não, mais próxima. Aqui, o leitor consegue ver o Senna de Guzzo, não como um “campeão intocável”, e nem como um “ídolo nacional”, mas sim como uma pessoa, que tinha apelidos, manias, amores e, claro, vontade de vencer, como todos os grandes campeões que dividem com ele o rol de campeões da Fórmula 1.
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