Melhores do Ano Arkade 2018: Flipping Death

26 de dezembro de 2018

Melhores do Ano Arkade 2018: Flipping Death

Vida e morte são temas recorrentes neste nosso mundo do entretenimento contemporâneo como talvez jamais tenha sido. São incontáveis obras que se inspiram em uma das questões mais existenciais e antigas da humanidade: o que há depois? O que vem adiante? E tome Ghost: Do Outro Lado da VidaViva: A Vida é uma Festa; dá-lhe Spawn e Motoqueiro Fantasma; lembremo-nos de Dante’s Inferno e O Estranho Mundo de Jack… cinema, literatura, quadrinhos e, claro, games já foram e voltaram do além mais vezes do o Kenny de South Park.

Neste sentido, Flipping Death poderia facilmente ser só mais um quando escolheu tratar do assunto. O que lhe confere o direito de ser lembrado em nossa lista de Melhores do Ano está muito mais em como o assunto é tratado do que o tema em si. Há uma acidez sofisticada pouco vista até então, com personagens caricatos e, ao mesmo tempo, cheios de camadas. Há um estilo artístico que aposta no bizarro para compor belíssimos quadros e há uma narrativa absolutamente simples e, ao mesmo tempo, de uma imersão ímpar, mesmo em produções mais gananciosas.

Melhores do Ano Arkade 2018: Flipping Death

Mas, enfim, como isso é realizado? Bem, temos Penny, uma moça comum, com um namorado comum, em uma cidadezinha comum, que… morre. Como? Nem ela, nem nós sabemos. Para descobrir, do lado de lá, ela precisa aprender a lidar com novas regras e, em algum momento, usar seus poderes para investigar o que diabos pode ter acontecido para que sua vida chegasse a esse ponto. Absurdo? Acrescente alienígenas, robôs, baleias e dentistas a essa sopa de referências a cultura pop e talvez dê pra entender (ou não) o que acontece nesse game.

Apropriando-se de uma jogabilidade meio desengonçada e de um estilo artístico que busca no caricato a sua originalidade, Flipping Death é daqueles games que fazem do desconforto do esquisito sua melhor estratégia de envolvimento com o jogador. Seja pelo humor, mas não pela galhofa infantilizada; seja pelo desenvolvimento de personagem, bem diferente da clássica jornada do herói; ou ainda pela empatia pela protagonista que, definitivamente, não é lá das heroínas mais puras de alma injustiçada; tudo funciona porque não foi feito para funcionar (se é que isso faz algum sentido…).

Melhores do Ano Arkade 2018: Flipping Death

No final das contas, essa estranheza impressa no game o faz coerente consigo mesmo e, sobretudo, resulta em uma produção muito bem resolvida. O desenvolvimento da história e a resolução de puzzles por meio de sistemas de plataforma podem parecer, em um primeiro momento, um mais do mesmo com tema mórbido, mas tudo deixa de ser o que parece ao longo da jogatina e, para o bem de todos, se torna algo muito melhor.

É por isso que Flipping Death é, definitivamente, uma experiência que vale conferir antes que… bem, nunca se sabe. Penny que o diga. Leia nosso review completo para saber mais, e boa viagem para o além.

Paulo Roberto Montanaro

Mais Matérias de Paulo Roberto

Comente nas redes sociais