Melhores do Ano Arkade 2018: Red Dead Redemption 2
Muitas vezes, e digo muitas mesmo, a indústria dos videogames acha que pode viver só com hype. Trailers, vazamentos e mídia que gera notícias e conteúdo para canais dos mais variados tipos, geralmente, se resumem em jogos que, apesar de não serem todos ruins, não correspondem a todo este trabalho de marketing.
Há uma crença de que, se influenciador A, ou grande portal B não para de falar de determinado jogo, ele é excelente. E o que vemos, no fim, são jogos problemáticos, lançados sem o devido acabamento e que não condizem com metade do que prometeu. Felizmente, há pontos fora da curva. God of War, por exemplo, pode ser considerado um estudo de caso na área do marketing, sobre como criar hype sobre um jogo, e entregar um produto acima da média. Tanto que levou o prêmio de melhor do ano do TGA.
Outro excelente exemplo saiu dos estúdios da Rockstar. E da melhor maneira possível. Sempre considerei que GTA é a “festa” da empresa, enquanto Red Dead Redemption é a excelência. Isso pode ser conferido na década passada, ao compararmos GTA IV e o primeiro game ambientado no velho oeste. E pode ser observado com alegria de novo, com o lançamento do segundo jogo.
A sensação que temos ao guiar Arthur Morgan pelo velho oeste do game é a de que estamos diante da excelência. De um jogo que pensou em todos os detalhes, e em todas as situações. As festas o acampamento de sua gangue, os acidentes que acontecem com pessoas pelo seu caminho, as missões que começam de um jeito e vão tomando um rumo totalmente diferente durante o seu andamento são algumas das novidades aqui.
O mundo também é um dos mais vivos vistos até hoje nos videogames. Lembro da sensação de vida que tive quando joguei pela primeira vez GTA Vice City, e essa sensação se repetiu por aqui. As cidades são variadas, com vida própria, contextos próprios e somam de maneira incrível ao enredo do jogo, que é contado de maneira única. O mundo do game pulsa com a vida de animais selvagens e NPCs tocando suas vidinhas.
O gameplay também é um show a parte. Mesmo se utilizando da mesma engine RAGE que conhecemos (mais madura e evoluída), o ritmo do jogo é especialmente lento. Em tempos de jogos que são produzidos para serem devorados, e séries que são maratonadas inteiras em um dia, a contramão da Rockstar, que te obriga a fazer muitas coisas em um ritmo muito menos acelerado. Cavalgar sem sair feito louco pelas ruas, cuidar de você mesmo e de seu cavalo, caçar, coletar plantas, pilhar corpos, tudo é deliberadamente lento, o que faz de Red Dead Redemption 2 um jogo para ser apreciado. Assim como as pessoas daquela época faziam, pois não tinham essa agitação midiática com a qual convivemos hoje.
Também é importante destacar o conhecimento da equipe sobre o tema. O Velho Oeste dos EUA não é exatamente o que vemos nos filmes. E a Rockstar conseguiu o equilíbrio entre mito e realidade, oferecendo missões cheias de ação, mas com o contexto local, que envolvia cidades muito mais pacatas do que imaginamos, poucos duelos (eles eram ilegais), e impossibilidade de se usar armas em determinados locais e momentos do jogo (armas não eram bem-vindas em algumas cidades).
Mas sem perder a essência da ação, te permitindo roubar bancos, libertar amigos presos, assaltar trens e tudo o mais que foras da lei dos filmes mais famosos de Hollywood já fizeram. Inclusive, é de se notar muita influência dos Westerns, indo dos mais antigos, estrelados por Clint Eastwood, até os mais recentes, como Django Livre.
Como falei no começo, estamos falando da excelência do videogame. E esta é uma boa notícia, mesmo para quem não é fã do gênero. Recentemente, tivemos God of War, Red Dead Redemption 2 e The Legend of Zelda: Breath of the Wild como exemplos de que é possível sim produzir games de qualidade, lapidados e que não precisam contar com a pressa que indústria, mídia e jogadores acabaram transformando em uma espécie de “padrão” no mundo dos videogames. E isso, meu caro, só pode resultar em um dos Melhores Jogos do Ano.
Leia aqui nossa análise completa de Red Dead Redemption 2.