Melhores do Ano Arkade 2020: Projection: First Light
Caso você não tenha lido a nossa análise de Projection: First Light há alguns meses ou não tenha tropeçado no jogo em lojas digitais ou canais de streaming, é bem possível que este jogo tenha passado despercebido, uma vez que ele esteve distante dos holofotes mesmo na época do seu lançamento.
Uma pena, já que é uma das experiências simbólicas e sentimentais mais impactantes pela qual eu passei ao longo de 2020, não só pelo contexto atípico do nosso mundo real, mas principalmente porque é um game onde estética e narrativa funcionam intrinsecamente bem juntos.
Para os desavisados, este é um jogo 2D de progressão lateral onde assumimos o papel de Greta, uma menina que precisa passar por uma jornada pessoal pautada pela luz e pela sombra. A dicotomia antagônica entre claro e escuro, contudo, dá lugar a uma percepção de conjunto, de articulação que nos leva a uma jornada para percebemos que ambos não são excludentes e que, sim, uma coisa depende da outra, uma coisa complementa a outra. E não é só na construção de plataformas transitáveis que essa relação se dá. Tudo faz parte de uma aventura de transformação da própria heroína.
Para isso funcionar, o jogo sabe aproveitar um estilo artístico coerente com o conceito, um verdadeiro deleite para fãs de teatro de sombras, e aposta em uma jogabilidade simples, mas funcional, com um level design que é ao mesmo tempo instigante e desafiador, exigindo conhecimento e utilização criativa das mecânicas aprendidas.
Projection: First Light acerta em cheio na coesão destas partes, garantindo uma experiência pouco vista no mercado atual, inclusive das produções independentes. Um dos maiores méritos do jogo é ter estabelecido um escopo do que queria fazer e executar tudo de forma muito coerente com esse projeto. Não há gorduras, não há enrolação, não há exageros.
Se um primeiro olhar menos preparado pode nos enganar e fazer pensar que isso se parece com Limbo, bastam apenas alguns segundos de atenção para identificar no game uma identidade forte e muito particular. Como dito na análise, é um jogo cheio de personalidade, que tem toda uma aura própria que o torna tão diferente de qualquer outra coisa que vimos ao longo do ano.
Não é um produto livre de deslizes aqui e ali, mas eles se tornam irrelevantes diante da qualidade do conjunto. Provavelmente, as grandes premiações irão passar longe de reconhecer o valor de Projection: First Light, mas fica aqui a nossa recomendação: simplesmente jogue. Vale a pena.