Melhores do Ano Arkade 2021: Deathloop
Um dos lançamentos mais promissores do ano, Deathloop (da Arkane Studios, parte do conglomerado da Bethesda) sempre esteve também envolvo em muitas dúvidas sobre a forma como o jogo iria abordar um tema já bastante explorado na cultura pop, essa ideia de voltar e viver o mesmo dia novamente e uma vez mais até conseguir juntar peças antes desconexas e compreender quais são os mecanismos que permitirão quebrar o ciclo. Felizmente, este se mostrou um trabalho que consegue encontrar seus pontos de originalidade e fugir das armadilhas e dos atalhos fáceis.
Não à toa, o jogo recebeu muitos elogios e alguns prêmios importantes relativos à estrutura narrativa e à direção geral. Mais do que tentar sobreviver ao ciclo, mais do que superar aquele obstáculo onde antes se havia fracassado, Deathloop exige mais do jogador, fazendo com que se busque encontrar respostas e montar um quebra-cabeças sofisticado e cheio de detalhes que poderiam passar batidos por quem está tentando só matar os inimigos e destruir tudo antes de ser visto. É preciso ouvir, é preciso entender, é preciso criar pontes entre as pistas que se encontra pelo caminho.
Um roguelike? Um roguelite? Não há dúvidas de que há elementos muito característicos deste que se tornou um dos gêneros de maior destaque na atualidade, mas confesso que sinto nesse jogo algo diferente, algo novo. Ele não se apropria da ideia de chegar a tal ponto, aprender um macete para voltar e dar um passo adiante, porque não se trata de uma reiteração com objetivo de seguir para o próximo checkpoint, mas sim de expandir o conhecimento para todos os lados. Nem sempre um ciclo nos leva mais longe do que o anterior, funcionando melhor como um recurso, uma ferramenta, aquilo que a gente usa já com o objetivo prévio de descartar só para conseguir uma informação diferente das que já temos. Não se trata só de melhorar, mas sim de ampliar.
Para além disso, destaca-se ainda um ótimo trabalho na composição artística que foge de um realismo sem graça para avançar sobre uma estética mais ousada, colorida e quase psicodélica, e a trilha sonora é das melhores dos últimos anos. O trabalho de vozes de ambos os protagonistas é tão acima da média que levou ambos os atores originais a figurar dentre as melhores performances do ano em várias premiações pelo mundo, e em particular a versão brasileira é especialmente bem feita, conferindo personalidade e um humor ácido muito característico do tom da produção.
Soma-se a tudo isso um modelo de jogabilidade refinado de tiro em primeira pessoa; uso criativo de poderes especiais que fazem frente às melhores habilidades de Bioshock; e um level design muito bem feito que garante uma infinidade de pontos de abordagem em cada um dos mapas, e esse amálgama de ótimas soluções torna Deathloop uma das experiências mais interessantes e inovadoras do ano.