Melhores do Ano Arkade 2021: It Takes Two
Se tem uma coisa que me deixou muito feliz neste final de ano, foi a “zebra” do The Game Awards. Ver It Takes Two levar o prêmio de jogo do ano foi maravilhoso por um motivo muito simples: este jogo merece. It Takes Two é, definitivamente, um jogo especial.
Josef Fares é uma figura única na indústria dos games. Ele até pode ser um pouco controverso, mas ele vai fundo no que acredita: me parece que a missão de sua vida é criar grandes experiências cooperativas. Ele já tinha entregue algo muito bom em A Way Out, e It Takes Two eleva este conceito a um novo patamar.
Partindo de um princípio simples e até bobinho — uma criança que não sabe lidar com o divórcio dos pais e acaba transportando a consciência deles para os bonecos — It Takes Two nos leva para uma deliciosa jornada cooperativa em tela dividida, onde “marido e mulher” precisam se ajudar para progredir.
É impressionante como It Takes Two está o tempo todo criando novas mecânicas e surpreendendo os jogadores. O player 1 e o player 2 quase nunca vão fazer a mesma coisa ou seguir o mesmo caminho — cada mecânica foi pensada para valorizar a sinergia e a cooperação entre os dois players.
Usando martelos, pregos, ímãs, cordas e diversos outros objetos comuns (e outros nem tão comuns, como botas magnéticas e ferramentas de controle do tempo), o jogo entrega situações divertidas e environmental puzzles criativos, que exigem que os jogadores pensem e trabalhem juntos.
É um jogo que esbanja criatividade, e faz isso de forma muito despretensiosa: novas mecânicas são criadas (e descartadas) ao longo de toda a campanha, sempre agregando novos elementos e mantendo a jogatina fresca ao longo de toda sua duração. É um exercício de game design que deve ser não só trabalhoso, mas também caro. Estamos acostumados a executar as mesmas ações ao longo da maioria dos jogos. Atirar, pular, correr, etc. It Takes Two vai (muito) além, e está o tempo todo acrescentando novos verbos à ação — e o melhor: entrega tudo isso dentro de uma história super fofinha, com um departamento audiovisual caprichado, que tornam tudo ainda mais especial.
Toda essa criatividade se resume em uma experiência autêntica, que brinca com diversos gêneros ao longo de toda sua duração, e consegue entregar com muita qualidade tudo o que se propõe. O fato da EA investir neste tipo de jogo me faz acreditar que ela não é, afinal, a megacorporação desalmada que todo mundo diz. Claro, ela faz isso visando lucros, mas o lucro que esse tipo de jogo vai trazer é muito diferente (e menos garantido) do que o de um FIFA, por exemplo.
Então, a parceria entre Hazelight Studios e EA Originals traz o melhor dos dois mundos: a criatividade dos indies, aliada ao budget dos triple As. Vida longa a esta união, e que Josef Fares continue entregando experiências cooperativas tão incríveis, inovadoras e especiais, que surpreendem e aquecem o coração.
Relembre nossa análise de It Takes Two e não deixe de experimentar esta incrível jornada — seja com um player 2 no sofá, ou online. É uma experiência realmente única e imperdível.