Melhores do Ano Arkade 2024: Black Myth: Wukong
Para muita gente, Wukong deveria ter levado o prêmio de Jogo do Ano (GOTY) no The Game Awards. Ele não faturou o principal prêmio da noite, o que deixou muita gente revoltada. Mas levou o merecido prêmio de Melhor Jogo de Ação e, claro que não ficaria de fora da nossa lista de Melhores do Ano!
Já disse muitas vezes: eu não aprecio Souls-likes. Sinto que são jogos que não respeitam meu tempo e a premissa do “Git Gud” me repele. Mas, é fato que poucas franquias foram tão influentes nos últimos 15 anos quanto os jogos da FromSoftware.
Dito isso, Black Myth: Wukong não é um Souls-like. Mas, ele tem muitos elementos em comum com este sub-gênero. Aqui não há mundo aberto, nem criação de builds, muito menos lore apresentado por meio de documentos e descrições de itens. Na pele do Rei Macaco, vamos basicamente desafiar um monte de deuses e divindades para a porrada, e é isso.
Wukong se apresenta como um jogo de ação linear dividido em fases, quase um Boss Rush. Há pouca travessia, e os inimigos comuns estão ali só para render um pouco de XP. Nosso objetivo de verdade é derrubar um chefe após o outro, em duelos extremamente desafiadores, que testam a perícia e resiliência do jogador.
Infelizmente (para mim), Wukong herda muitas das coisas que acho chatas nos Souls-likes — tipo reviver os inimigos nos save points, o nível de desafio punitivo, o fato dos checkpoints serem escassos e distantes um do outro. Morrer em um chefe e ter que rejogar um trecho de 15 minutos só para tentar de novo (e, talvez, morrer de novo) é algo que me irrita demais e desrespeita o (pouco) tempo que tenho para jogar atualmente.
Mas, é inegável que o jogo tem inúmeras qualidades. A começar por sua direção de arte, e por seu departamento audiovisual de primeira. O gameplay também é excelente, e bem calibrado. A descarga de dopamina que rola quando (finalmente) derrubamos um chefe que consumiu várias horas do nosso tempo é uma reação que só os videogames podem proporcionar.
Particularmente, eu acho que um parry melhoraria MUITO as coisas em Wukong. No geral, acho que as mecânicas de combate de Stellar Blade — outro ótimo “quase Souls-like” que saiu este ano — são superiores, o que deixa o combate dele mais agradável. Mas, isso é alguém que gosta de parries “crocantes” falando.
Para mim, o maior valor de Black Myth: Wukong nem está no jogo em si, mas no fato dele ser um produto feito na China que “furou a bolha”. É meio que como o filme Parasita, saca? Uma obra de extrema qualidade, oriunda de um mercado que é enorme, mas bastante fechado para o ocidente.
Acredito que o legado que Wukong deixa para a indústria de games chinesa é algo que vai reverberar por muitos anos e (tomara) fazer com que mais bons jogos furem essa bolha geográfica, mais profissionais e estúdios talentosos sejam descobertos.
Talvez alguém que tenha mais apreço por Souls-likes e jogos injustos difíceis teria coisas mais positivas a dizer sobre Black Myth: Wukong. Mas, quem jogou do time fui eu, então prefiro me focar em seu impacto cultural e sua relevância para a indústria de games chinesa.
Até porque, com o controle na mão, só consigo me lembrar da raiva que passei tentando derrubar o maldito Vanguarda do Tigre — spoiler: este nem é o chefe mais apelão do jogo. 🥲
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