Melhores do Ano: Shenmue III
Dezoito anos. Apenas os fãs de Star Wars entendem o que é esperar por tanto tempo uma sequência. Mas quem jogou os dois games Shenmue no Dreamcast (e depois no Xbox original, e recentemente, na remasterização para Playstation 4, Xbox One e PC), ficou com ainda mais expectativas. Pois, se a saga de George Lucas encerrou uma trilogia para expandir o universo em uma nova, pelos lados da história de Ryo Hazuki, tudo estava sem conclusão, a história havia parado na metade.
O game, que foi projetado para ter várias sequências, ainda no final dos anos 90, “emperrou” por causa da desistência da Sega do mercado de consoles, e pelo prejuízo que a série causou à empresa, uma vez que milhões de dólares foram gastos para trazer o conceito que é característico do jogo. Como todos sabemos, Yu Suzuki, o criador do game, fez campanha no Kickstarter, arrecadou dinheiro suficiente para fazer o terceiro game e aqui está ele, ainda bom o bastante para figurar em nossa lista de Melhores do Ano.
Shenmue III chama a atenção por duas coisas bem peculiares: a primeira, é por mostrar a perseverança de Suzuki — hoje fora da Sega — em continuar sua saga. E a segunda, a mais curiosa, é pelo fato do game parecer um “game de Dreamcast em HD”. A direção do jogo não mudou praticamente nada do gameplay. Até o sistema “datado” de diálogos está ali. É um jogo de 2019 que “ignora” toda a evolução que houve de 2001 para cá, a fim de se manter fiel ao que a série apresentou em seus primórdios.
A impressão que temos, ao jogar Shenmue III, é a de que estamos jogando um game antigo, mas com filtros em alta definição. Ou de que estamos jogando aqueles remakes feitos por fãs na Unreal Engine. Mas, isso não é nenhuma crítica, é só algo curioso, de um game que segue trazendo “a mesma coisa” para os fãs. E, como foi feito com foco nestes jogadores — que aguardavam há tanto tempo uma sequência e ajudaram a custeá-la –, é compreensível este apelo nostálgico que, no fim as contas, agradou os fãs.
Sim, confesso: Shenmue III me decepcionou em alguns pontos, como esta “não-evolução” de gameplay, e especialmente pelo final horroroso (tanto no gameplay, quanto na história). Mas, eu gostei de, novamente, explorar os locais do game, conversar com as pessoas, perguntar pela rua onde fica o lugar que deveria ir e, principalmente, de lutar.
Shenmue III trouxe um foco maior nas lutas, com dojos, locais de treino e luta, que evoluem o personagem. É legal evoluir seu kung-fu, mesmo com os poucos três mini-games de treinos disponíveis. Por fim, apesar de esperar um game que poderia evoluir a franquia de maneira semelhante ao que fez Yakuza, acabei me contentando com este jogo, que é datado, mas claramente foi feito para os fãs da série.
Leia aqui nossa análise de Shenmue III. Agora, só nos resta aguardar por Shenmue IV. Capricha, Suzuki!