Mônica Sousa fez uma boa viagem no tempo, para selecionar as melhores histórias da Mônica
Quem melhor do que a própria Mônica para escolher o melhor da Mônica? Mônica Sousa, a filha do Mauricio de Sousa que inspirou a personagem, é praticamente a “versão humana” da personagem. Mauricio sempre disse ter se inspirado na personalidade forte de sua filha, que quando criança não levava desaforo pra casa. Ao menos ela não lidava com planos infalíveis dos amigos, eu acho…
De qualquer forma, a Panini e a MSP acertaram em cheio ao fazer a Mônica escolher o melhor da Mônica. Nos 60 anos da personagem, há muito conteúdo da icônica garota do vestido vermelho que precisa ser resgatado, e apresentado para as novas gerações. Por isso, nada melhor do que inspiração escolher o melhor da criação de seu pai.
A revista vem no tradicional formato gibi, e felizmente, com um “número 1” na capa, o que indica que teremos mais escolhas no futuro. O formato gibi, pra mim, foi acertado, pois terá preço popular (custa R$ 9,90) e pode ser curtido por todos, principalmente as crianças, que poderão ter acesso aos clássicos tanto quanto já possuem com os gibis atuais.
A primeira história escolhida foi “A Ermitã”, de 1970, um clássico dos primeiros dias da personagem, no gibi, já que a Mônica estreou como gibi em maio deste ano. A história fala de uma Mônica triste, que acha que foi esquecida pelos amiguinhos, e resolve viver sozinha numa caverna no topo de uma montanha. É uma daquelas histórias geniais que usa um elemento tão comum entre as crianças, e traz uma carga de reflexões bem profundas, algo que Mauricio fez várias vezes, de forma excelente.
Já a segunda história é um clássico definitivo da obra de Mauricio: “A Estrelinha Perdida”, também de 1970, é a história que inspirou a animação “A Estrelinha Mágica”, de 1988. Aqui temos um conto de natal com a turminha se unindo para ajudar a Estrelinha, que foi parar debaixo da cama da Mônica, e precisa voltar no tempo para guiar os Reis Magos e garantir o Natal. Aqui já podemos perceber, lá atrás, como Mauricio era genial em colocar fantasia com um ponto de vista bem infantil, mas ainda compreensível por pessoas de todas as idades.
“Os Azuis”, de 1971, já discute um tema o qual não era comum conversar naqueles dias: a tolerância e o preconceito. Nela, todos os amiguinhos da Mônica ficam azuis e ela não, sofrendo preconceito por causa disso. Uma forma muito interessante de falar diretamente do assunto, mas de uma forma levemente abstrata, para conseguir se comunicar de uma forma mais direta com o leitor. Esta história deve ter inspirado a Zula, a garota azul que aparece em um episódio do Castelo Rá-Tim-Bum e sofre situações semelhantes de preconceito.
Depois temos “A Voz” e “Salto Alto”, ambas de 1971 que trazem outra qualidade do Mauricio: a arte de contar histórias leves e divertidas, com o cotidiano das crianças, fazendo coisas de crianças. Mônica escolheu cinco histórias dos anos 70, dos primeiros dias em que a personagem saía em gibi, ainda pela Editora Abril. Tais escolhas refletem uma intenção de trazer o melhor dos primeiros dias da personagem nos quadrinhos, com histórias que já traziam pilares conhecidos do legado de Mauricio de Sousa: o bom humor, a reflexão do cotidiano, e o interesse de conversar com o leitor sobre a nossa sociedade e seu comportamento.
As Melhores Histórias da Mônica agrada por trazer de volta várias histórias dos anos 70, em um gibi novo. São histórias atemporais, em que a única diferença é o traço dos personagens, que mudariam com o passar do tempo, para o que conhecemos hoje em dia. Inclusive, é muito interessante ver como que a obra de Mauricio de Sousa, que atravessou várias gerações, consegue ser atual, mesmo com histórias de mais de 50 anos de vida.
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