Monsters of Rock 2023 presenteia o fã do rock com sete shows impecáveis
O dia 22 de abril de 2023 foi, sem dúvida, um dia muito especial para o fã do rock, e da boa música. O Monsters of Rock, que aconteceu no Allianz Parque em São Paulo, já dava indícios que seria um evento interessante antes mesmo de começar o show. Apesar dos dias frios na capital paulista, o sábado contou com sol, e temperatura amena, que garantiu um clima muito bom para os fãs curtirem os sete shows do dia.
Além do tempo, todos os shows foram de qualidade. Cada banda tem sua particularidade, o seu estilo próprio, mas de forma geral, independente do tempo de estrada de cada uma delas, todas se apresentaram de forma impecável, fazendo todos os presentes saírem dos shows satisfeitos. Começando por Doro, que mesmo com a injusta missão de abrir o evento, enquanto as pessoas ainda entravam no estádio, conseguiu cativar os presentes, entregando um heavy metal da velha escola, e uma voz impecável.
Seu show começou pontualmente às 11:30, o que mostraria um elemento interessante do festival, que celebrou ontem a sua sétima edição, sendo a primeira desde 2015: todos os shows, sem exceção, foram pontuais, seguindo à risca a agenda de programação. Dois deles começaram até cinco minutos antes do combinado.
Doro conseguiu “aquecer” o público, e entregou um estádio mais animado para o Symphony X, a segunda banda do dia. Também entregando uma boa performance, a banda, que conta com fãs fiéis por aqui, entregou não só qualidade técnica, como carisma e conseguiu agradar não só os fãs, mas as muitas pessoas de cara pintada, que já estavam em bom número por lá, esperando o Kiss.
Em seguida, foi a vez do Candlemass, que já numa tarde ensolarada, fez a terceira apresentação, trazendo o doom metal para o palco. Eles substituíram o Saxon, que cancelou suas apresentações na América do Sul após a decisão do guitarrista Paul Quinn de seguir com a banda apenas nos estúdios e não mais nos shows.
E a oportunidade não foi perdida, pois mais uma vez tivemos uma apresentação impecável. O Candlemass, através da voz de Johan Längquist, com certeza angariou novos fãs depois do show, pois muita gente ali conheceu mais uma banda de qualidade, e que fez outro show impecável.
Depois, já pelas 16 horas, foi a vez do Helloween. A banda, que tocou em outubro do ano passado por aqui, fez mais um daqueles seus shows cheios de energia. Os fãs brasileiros, uns dos mais fiéis à banda, celebraram mais uma vez os clássicos do Helloween, com mais uma apresentação leve e solta do septeto. Andi Deris, Kai Hansen e Michael Kiske, como sempre, fazem a alegria dos fãs ao levar três vozes limpas e que surpreendem por estarem assim após tanto tempo.
Pena que o show foi rápido demais, durando quase uma hora, mas dentro do padrão do festival, que zelou pela pontualidade, tudo bem. Além de que deu para cantar junto as pérolas Power, I Want Out e Eagle Fly Free.
Em seguida, já com o sol mais discreto e dando lugar para o início da noite, foi a vez do Deep Purple. Pelo menos pra mim, apesar dos clássicos como Highway Star ou Smoke on the Water, o que realmente me chamou atenção na hora e meia de apresentação, foi a qualidade musical apresentada pela lenda viva Don Airey. Se apenas ele estivesse no palco, demonstrando sua qualidade, já teria valido a pena.
Airey bebeu vinho enquanto solava, tocou música brasileira, brincou com a introdução de Mr. Crowley, e só não fez chover, até porque o dia não estava pra chuva. Mas, para a nossa sorte, além dele, tivemos também um Ian Gillian que entregou um quinto show de voz limpa e perfeita. O Deep Purple é uma banda um tanto mais discreta do que as outras, mas não precisa de mais do que isso. A alegria estampada nos rostos de Gillian, Ian Pace e Roger Grover, mais o carisma de Airey já são suficientes, com mais um show de alta qualidade em um dia de sorte para o fã do rock.
Sorte essa que aumentou ainda mais com os Scorpions. Embora o show da banda alemã tenha sido mais burocrático do que os das outras bandas presentes, e sendo o show que teve mais baladas, como a clássica Still Loving You e a eterna Winds of Change (dedicada para a Ucrânia), a qualidade técnica seguiu impecável.
Tudo bem que o Scorpions de hoje é aquela banda que entra no palco, cumpre o seu papel de forma um tanto direta e vai embora, mas ainda assim, manteve o público aceso, pois a qualidade musical da banda continua intacta e trouxe um show que manteve o público atento e satisfeito. Enquanto isso, estátuas dos membros do Kiss indicavam que a noite estava para acabar, e o quarteto de caras pintadas iriam entrar.
O que aconteceu pontualmente às 21 horas. O Kiss desce pelas plataformas e traz tudo o de sempre. A “segunda” despedida da banda (a primeira havia sido no ano passado) trouxe o mesmo aparato da End of Road Tour, com plataformas, tirolesas, pirotecnia, explosão pra todo lado, Gene Simmons cuspindo sangue e Paul Stanley cantando e dançando o tempo todo.
A mesma energia vivida no ano passado foi trazida para os palcos na noite de ontem, onde o público ouviu feliz, mais uma vez, os clássicos eternos da banda: Detroit Rock City, War Machine, Love Gun e tantos outros. O próprio Kiss já deixou claro que os fãs querem ouvir tais clássicos e foi isso o que a banda entregou.
A energia de sempre estava em um jogo que já estava ganho desde o início. A sinergia entre os fãs de Kiss e a banda é uma das maiores no mundo da música, o que torna tudo mais fácil. Mesmo se não houvesse nenhum “elemento circense” no palco, e só os quatro tocando sem telão, plataforma ou o que mais tivesse por lá, a alegria seria a mesma.
Nem o possível uso de playback, que já se tornou algo que é bem discutido pelos fãs e mídia especializada há algum tempo, tirou o brilho da apresentação. Pois o Kiss não é apenas sobre música, é sobre festa. E a festa que a banda trouxe para se despedir (mais uma vez), essa é impagável. O Kiss trouxe, no fim, o que todo o fã pagou ingresso pra ver: a energia do “bom e velho” Rock’n Roll. Um Rock’n Roll com cinco décadas de vida, diga-se de passagem.
O Monsters of Rock 2023 terminou com todos satisfeitos. Foram sete shows de qualidade impecável, tanto na música quanto na produção. Tivemos tanto a energia do Kiss, como o talento único do Deep Purple, por exemplo. No ano que vem o evento completará 30 anos aqui no Brasil, por isso, é esperado uma edição especial. E, quem sabe, não seja oportunidade para a terceira despedida do Kiss, já que essa turnê do fim não quer acabar, e a banda poderia celebrar, além do seu adeus, a presença no festival, já que foi um dos nomes presentes no evento em 1994.