Mortal Kombat (PS3, X360) Review: o sangue e a brutalidade voltaram

18 de maio de 2011

Mortal Kombat (PS3, X360) Review: o sangue e a brutalidade voltaram

Mortal Kombat é uma franquia que marcou a infância de muita gente. Criado pela Midway no início da década de 90, o game se destacou dos demais jogos de luta por apresentar violência explícita e gráficos extremamente realistas para a época, mas o charme da série se perdeu com o passar dos anos e os títulos mais recentes da série amargaram sucessivos fracassos.

Felizmente, a Warner Games decidiu dar uma chance ao game, e comprou da falida Midway os direitos da franquia. Um dos criadores da série, Ed Boon, e outros ex-funcionários da Midway formaram o NetherRealm Studios, e encararam a difícil missão de dar um reboot nesta famosa série com milhares de fãs ao redor do mundo.

Com a ajuda de uma monstruosa campanha de marketing, a expectativa criada em torno do novo Mortal Kombat foi avassaladora. Felizmente, a novata NetherRealm Studios não se deixou intimidar, e colocou no mercado não só o melhor Mortal Kombat desde a trilogia clássica, como também conseguiu fazer deste um dos melhores games de luta dos últimos tempos.

Embora muita gente o chame de Mortal Kombat 9, na prática o jogo é um recomeço para a série, e isso é explicado na história do game com a ajuda de uma viagem no tempo: prevendo a aniquilação do plano terrestre, o deus do trovão Raiden manda, do futuro, uma mensagem para si mesmo no passado. A ideia é que o Raiden do passado modifique a ordem dos acontecimentos do torneio, para que uma nova linha do tempo seja criada, e o futuro apocalíptico que ele anteviu não se concretize.

A ideia parece estranha, mas se encaixa muito bem na proposta de reinventar a franquia: no modo Story, o jogador passará por situações que acontecem durante os três games clássicos da série, poderá reviver algumas batalhas épicas e rever antigos conhecidos, como os grandalhões Goro e Kintaro.

Este é o primeiro acerto do game: o modo Story é denso, relativamente longo, e certamente vai fazer a alegria dos fãs antigos do game. Muita coisa é contada (ou recontada) neste modo, e vários fatos importantes da mitologia da série são reinterpretados, ou ganham novas explicações, que caem muito bem na renovação proposta pelo jogo.

Mortal Kombat (PS3, X360) Review: o sangue e a brutalidade voltaram

Por que Jax implantou braços robóticos em seu corpo? O que aconteceu com Kabal para ele ter de usar aquela máscara medonha? Qual a origem da guerreira Mileena? Estas são algumas das respostas que o modo Story vai lhe dar, tudo amarradinho em uma trama concisa que não é digna de um Oscar, mas certamente consegue te manter interessado do começo ao fim.

Outra modalidade offline que garante boa diversão é a Challenge Tower. Este modo conta com nada menos que 300 missões, que colocarão à prova sua perícia nos controles. Desde as clássicas fases de quebrar toras do “Test Your Might” até coisas bem bizarras como lutas de ponta cabeça ou combates sem os braços, na Challenge Tower tudo pode acontecer!

Para quem quer mesmo é cair na porrada, há ainda o clássico modo Kombat – que desta vez conta com torneios individuais ou em duplas – onde seu único objetivo é detonar todos os adversários para chegar ao chefão final, que é novamente o imperador Shao Kahn, mais apelão do que nunca. Todos estes modos de jogo rendem Koins, a moeda corrente do game, que podem ser trocada por roupas, músicas, e mais uma infinidade de coisas na “lojinha” chamada Kript.

Mortal Kombat (PS3, X360) Review: o sangue e a brutalidade voltaram

Com tudo isso, o NetherRealm Studios merece os parabéns por investir em tantos modos single player de qualidade. Há um desequilíbrio de força notável entre os personagens normais e os chefões. Por outro lado, o balanceamento entre lutadores normais foi muito bem refinado, pois a intenção da NetherRealm é fazer deste Mortal Kombat o primeiro a ser amplamente utilizado em campeonatos, o que justifica o número reduzido de lutadores se comparado a outros títulos da franquia.

Quem vai jogar online irá contar com diversos modos de jogo típicos de um game de luta, e poderá visualizar os status de outros jogadores. Rola alguma baixaria nas salas de chat, e muitos convites são levianamente ignorados, mas com um pouquinho de paciência você consegue descolar alguns bons parceiros para começar a pancadaria.

E pancadaria é o que não falta neste game! Deixando de lado a abordagem 3D dos últimos games da série, o novo Mortal Kombat aposta na boa e velha jogabilidade 2D, sem armas, sem liberdade de movimentação 3D pelo cenário, sem free fall… enfim, sem frescuras!

Mortal Kombat (PS3, X360) Review: o sangue e a brutalidade voltaram

O visual do jogo é muito bonito, e foi criado em cima da famosa Unreal Engine. Todos os personagens estão muito bem modelados (embora o cabelo do Smoke seja bizarro) e o visual de muitos deles voltou ao estilo old school dos primórdios da série. Os diversos cenários também dão um show, pois são grandes, detalhados e repletos de referências “escondidas” que os fãs vão gostar de encontrar.

O layout do controller sofreu algumas mudanças, mas a jogabilidade é sólida e bem funcional. Os comandos de magias e golpes especiais de todos os personagens permanecem praticamente iguais, e alguns até receberam novos golpes. Todos contam com uma barra de especial dividida em três partes, que se enche no decorrer da luta, propiciando variações de golpes especiais, combo breakers e os já famosos x-ray attacks.

Executar um x-ray attack consome toda a sua barra de especial, mas certamente é algo lindo de se ver! O excelente visual do game fica ainda mais legal nestes momentos, onde podemos ver em detalhes ossos se quebrando e órgãos sendo perfurados. Não é algo que você vai querer mostrar para a sua mãe, mas seus amigos certamente irão delirar ao ver o Kano enfiando suas facas nos joelhos do adversário, ou o Goro moendo com as mãos o crânio do oponente.

Mortal Kombat (PS3, X360) Review: o sangue e a brutalidade voltaram

Mais brutais que os x-ray attacks só mesmo os fatalities, e desta vez eles voltam com tudo: estão mais violentos, mais explícitos e mais variados. Cada personagem conta com dois fatalities exclusivos, um stage fatality e um babality. Boa parte dos fatalities são inéditos, e mesmo os que foram refeitos para o novo game estão mais viscerais do que nunca.

Dadas as queixas da falta de violência do último game da série – Mortal Kombat Vs. DC Universe – desta vez a coisa é realmente explícita. Desmembramentos, decapitações, explosões, tiros na cabeça: tudo é mostrado da maneira mais crua possível, e a câmera sempre se coloca em pontos estratégicos que mostram a carnificina em detalhes. Até mesmo um fatality do Coringa foi reaproveitado (sem o Coringa, claro), mas desta vez a gente pode ver tudo o que o game anterior não mostrou.

Há uma imensa variedade de stage fatalities, também. Alguns são clássicos – como a piscina de ácido, ou os espinhos no fundo da ponte – mas muitos deles são novos e bem violentos. Os babalities também foram modificados, e desta vez a versão baby dos lutadores executa alguma ação específica que geralmente rende boas risadas.

Em resumo, o novo Mortal Kombat sem dúvida cumpre o que prometeu: reinventa com louvor uma das maiores franquias de todos os tempos, e instantaneamente a coloca no patamar dos grandes jogos de luta da atual geração. E o melhor: faz tudo isso sem deixar de lado o passado e a mitologia da série. Depois de executar seu primeiro x-ray attack, você certamente vai entender por que este game era tão esperado. Uma série tão legal quanto Mortal Kombat merecia um recomeço digno. Que Raiden abençoe o NetherRealm Studios.

Este review foi originalmente publicado na Revista Arkade número 23.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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