Na última curva: Em 2008, Interlagos viu uma das finais de campeonato da F1 mais emocionantes de todos os tempos
2008 viu uma temporada da Fórmula 1 polêmica, bem polêmica. Com confusões e disputas judiciais que duram até hoje, ainda por cima o campeonato terminou da forma mais emocionante possível, com Lewis Hamilton conseguindo o seu primeiro de sete títulos mundiais na última curva, da última volta. Felipe Massa, que foi campeão mundial por cerca de 30 segundos, venceu a prova, mas não levou a consagração máxima da categoria.
A corrida foi realizada em 2 de novembro e era a última de uma temporada que teve bastante confusão. A maior de todas, que rende o que falar até hoje, envolve o maior escândalo da história da Fórmula 1, o famoso “Singapuragate”, quando Nelson Piquet Jr. bateu em Singapura, o que rendeu um monte de problemas para Massa em um pitstop bem confuso, na época apenas um ponto na frente de Hamilton. Meses depois, foi revelado que Piquet bateu de propósito, por ordens da sua equipe, Renault, o que motivou um processo de Massa, no começo deste ano, contra a FIA, a FOM e Bernie Ecclestone, o CEO da FOM na época.
Além disso, na reta final do campeonato Massa e Hamilton se chocaram também no Japão, o que já prometia um final de temporada emocionante. Na China, Hamilton venceu e Massa ficou em terceiro, levando a decisão para o Brasil. Em Interlagos, Massa só tinha um objetivo em mente: vencer, e torcer para Hamilton ficar pelo menos em sexto lugar, pois isso faria com que ambos empatassem em pontos, mas o brasileiro levaria o título, pois no critério de desempate, ele teria mais vitórias. Assim, seria o primeiro campeão brasileiro da F1 desde Senna, em 1991.
Obviamente, no campo do “se”, Massa poderia sim ter chegado a Interlagos com uma situação mais confortável, pois além das trapalhadas de sua equipe em Singapura, onde perdeu pontos preciosos, ele também não completou as duas primeiras corridas da temporada. Mas, ainda assim, chegaria em Interlagos com chances de ser campeão, com sua temporada de seis vitórias, dez pódios e seis poles, em 18 corridas, fazendo a torcida brasileira acreditar que os sete pontos de diferença poderiam ser alcançados. Ele teria que vencer e torcer muito contra Hamilton, que na época era um piloto jovem, que já havia deixado escapar o título em 2007, em sua primeira temporada na Fórmula 1, e que também estava sedento pela vitória.
Massa fez a sua parte em Interlagos, cravando a pole. Jarno Trulli, surpreendendo com sua Toyota, Kimi Räikkönen e Hamilton largaram logo atrás. A corrida atrasou por causa de uma figura que sempre se faz presente em Interlagos: a chuva. Mas, ao contrário de outras corridas brasileiras, desta vez não houveram grandes problemas por causa da água na pista. Massa fez uma prova tranquila, perdendo a ponta apenas na volta 38, para troca de pneus, assumindo de novo a ponta na volta 43, quando Räikkönen fez a sua parada. Enquanto isso, Hamilton dava sinais de que estava com dificuldades e que sim, era possível o brasileiro sair da prova como campeão mundial.
A chuva, sempre ela, voltou a cair na volta 63, o que fez com que várias equipes chamassem seus pilotos para os boxes, para colocarem pneus de chuva. Mas a Toyota, esperando conseguir pontos preciosos na corrida, decidiu manter Timo Glock, que estava em quarto na ocasião, na pista com pneus macios. A decisão fazia total sentido para o time japonês, pois seus dois pilotos estavam na zona de pontos e, se Glock aguentasse mais um pouco, pontuaria e garantiria o quinto lugar entre os construtores para sua equipe. Entretanto, essa decisão, corriqueira na Fórmula 1, seria essencial para a decisão do título daquele ano.
Na volta 69, a chuva apertou ainda mais, e com Vettel em quinto, e Hamilton em sexto, tudo indicava que a magia estava acontecendo. Afinal, Massa estava na ponta sem nenhuma ameaça, e Hamilton estava em sexto, sem condições de reagir, na posição que renderia o título para o brasileiro. Mas aí entramos na última volta, com Massa ovacionado pela torcida brasileira, fazendo a volta final e vencendo a corrida, em seus 30 segundos de campeão mundial. Lembra do Glock? Pois a ideia de manter pneus secos na chuva se mostrou terrível para ele, pois estava lutando para sobreviver na pista, e assim se tornou presa fácil, primeiro para Vettel e depois para Hamilton, que o ultrapassou na última curva da última volta, e conseguiu com isso o heróico quinto lugar, que o credenciava como o novo campeão mundial.
Esta conquista cravou Hamilton como o campeão mais jovem da história da Fórmula 1, em sua segunda temporada, com 23 anos na época. Um feito impressionante, visto que geralmente os pilotos demoram um pouco mais na categoria até a consagração máxima. Vettel superaria Hamilton como campeão mais jovem, em 2010.
Já o “quase” de Massa segue entalado na garganta dos brasileiros, já que desde Senna em 1991, nenhum brasileiro conseguiu se tornar campeão mundial. E pior: desde 2009, com Barrichello vencendo na Itália, nenhum brasileiro venceu uma corrida na Fórmula 1. Inclusive, atualmente não temos nenhum piloto brasileiro no grid, com esperanças aqui e ali de que nomes promissores, como Felipe Drugovich, Pietro Fittipaldi ou Gabriel Bortoleto possam trazer dias melhores para os fãs do nosso país.
Enquanto isso, Hamilton passou de vilão nacional a cidadão brasileiro. Com o passar dos anos, o piloto foi se identificando com a torcida brasileira, a ponto de imitar Ayrton Senna em 2021, carregando a bandeira brasileira quando venceu o GP de São Paulo daquele ano. Fã declarado de Senna, o piloto sempre se refere ao Brasil como “minha casa”, foi reconhecido como Cidadão Brasileiro pela Câmara dos Deputados e, neste fim de semana, guiará a McLaren que Senna guiou no seu bicampeonato de 1990.
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