O Auge da Cultura Pop – a diversão oitentista dos Caça-Fantasmas

16 de março de 2014

O Auge da Cultura Pop - a diversão oitentista dos Caça-Fantasmas

A cultura pop teve uma grande perda no mês de fevereiro: a morte do ator Harold Ramis, que além de atuar, também escreveu e produziu vários filmes marcantes. Em seu papel mais importante, o Dr. Egon Spengler dos Caça-Fantasmas, Harold conseguiu interpretar um dos nerds com maior destaque do cinema mundial. E aqui está nossa homenagem à série e ao ator.

Tudo começou no início da década de 80, enquanto Dan Aykroyd lia um artigo de física quântica publicado no American Society of Psychical Research Journal. Ele sempre foi fã de filmes de fantasma antigos, e assimilação das duas ideias começou a inspirar a construção do projeto.

Dan então conversou com o amigo John Belushi (com quem foi protagonista alguns anos antes, no filme The Blues Brothers) sobre a ideia de fazer uma comédia de fantasma como antigamente, mas com a intenção de usar o que era estudado na época. Curiosamente, algumas pesquisas dos anos 80 apontavam que logo teríamos equipamentos que poderiam capturar ectoplasmas e materializações visualmente.

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Só que a história original de Dan era muito exagerada comparada ao que foi filmado: por ele os Caça-Fantasmas viajariam no tempo, visitariam dimensões paralelas e iriam para outros planetas caçar espíritos gigantescos, maiores até do que o icônico Stay Puft. O figurino seria diferente, tentando lembrar mais um filme policial do que uma ficção cientifica, e o elenco desejado estava além das capacidades do estúdio.

O diretor Ivan Reitman logo viu que o orçamento não daria para tudo aquilo, mas gostou bastante da ideia inicial. Então começou a ser dada uma construção mais simples para a história, Dan e Harold foram para um lugar mais tranquilo e isolado do que Nova York – onde o filme se passava – pra reescrever a trama. Eles ficaram lá por alguns meses até chegarem ao roteiro final.

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Os papéis principais foram pensados para os atores John Belushi, John Candy e Eddie Murphy. Porém, Belushi morreu de overdose durante as gravações, John tinha outras prioridades e Murphy estava envolvido com a série Um Tira da Pesada, outra saudosa franquia de comédia oitentista.

Dessa forma três novos atores foram chamados: Bill Murray, Ernie Hudson e Rick Moranis. Dan e Harold já seriam Caça-Fantasmas desde o início, mas John Belushi foi substituído por Murray no papel de Peter Venkman. O Winston Zeddemore de Eddie Murphy faria parte do grupo inicial, mas com Ernie Hudson ele só acaba aparecendo adiante na história, quando eles tinham que contratar mais funcionários para dar conta da epidemia de fantasmas que acontece no filme.

John Candy interpretaria um Louis Tully executivo, mas sob a atuação de Moranis acabou se tornando um nerd. Ele competia com Peter Venkman para ficar com a Dana Barrett interpretada por Sigourney Weaver no primeiro filme, e no segundo entrava para o time de Caça-Fantasmas após ajudá-los em uma batalha judicial para voltar à ativa.

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O único problema realmente grave que o filme passou foi quando o estúdio descobriu que a CBS já havia produzido em 1975 uma séria chamada The Ghost Busters. A Columbia criou alguns títulos substitutos, mas como no final do filme os figurantes gritam repetidamente Ghostbusters! para torcer pelo grupo, os produtores compraram os direitos para o uso do nome.

Quando lançado em 1984, o primeiro filme teve uma repercussão que atingia vários aspectos culturalmente, um grande sucesso de público e muito elogiado pelos críticos. A música tema, então, criada por Ray Parker Jr., deslanchou, e ficou por três semanas em primeiro lugar nas paradas, sendo até hoje uma das músicas mais importantes dos anos 80.

Os elementos de Caça-Fantasmas se tornaram referências para vários outros projetos que buscavam atingir a cultura pop: séries como Fringe, Doctor Who e Supernatural muitas vezes homenagearam o filme. No mesmo ano, foi lançado o primeiro jogo da série que deu origem a vários outros jogos, que normalmente são feitos como adaptação ou para fazer um tributo comercial aos filmes. O último lançado – chamado simplesmente de Ghostbusters – foi para iOS no ano passado.

Um segundo filme foi lançado em 1989, mas nem de longe alcançou o sucesso do primeiro. O motivo foi a insatisfação dos três atores principais e do diretor Ivan Reitman, pois o original era para ser conclusivo, sem contar que Bill Murray tem uma implicância forte com continuações. O que mais fez sucesso a partir do filme foi o desenho animado The Real Ghostbusters, lançado em 1986.

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A série animada trazia a mesma equipe do cinema, mas com uma forte atenção para a mascote dos Ghostbusters: O fantasma Slimer (Geleia aqui no Brasil). Não demorou muito para os produtores entenderem que o apelo adolescente do fantasma verde era grande, mas sua versão do desenho era muito detalhada, o que poderia aterrorizar as criancinhas. Para deixá-lo mais simpático, em 1988 algumas mudanças foram feitas.

Slimer ganhou um visual mais caricato, os desenhos ficaram menos detalhados, a série passou a ter uma hora de exibição e foi renomeada para Slimer! and the Real Ghostbusters. Apesar de ter sido cancelado em 1991, o desenho animado chegou a ser nomeado para um Emmy, e conta como mais uma boa ideia relacionada a série cinematográfica. Em 1997 um novo desenho surgiu, Extreme Ghostbusters, onde Egon era o mentor um grupo de jovens Caça-Fantasmas.

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O grande sucesso de Ghostbusters e seu significado fizeram com que até mesmo mangás e livros fossem lançados, tudo para continuar ampliando seu universo. A maior polêmica da série seria sobre o possível terceiro filme, assunto que já foi deixado de lado pela equipe principal várias vezes. Nos anos 90 Dan Aykroyd chegou a escrever um novo roteiro, mostrando os Caça-Fantasmas agindo numa versão infernal de Manhattan chamada Manhellton.

Com o recente falecimento de Harold Ramis, esse terceiro filme voltou a ser assunto nos bastidores de Hollywood, demonstrando uma intenção de homenagear o ator.

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O sucesso de Ghostbusters cai na razão primordial de êxito de qualquer trabalho, que é fazer com gosto. A equipe inteira se divertiu fazendo o primeiro filme, mas a falta de prazer no segundo filme comprometeu o resultado final.

Se esse terceiro longa metragem realmente sair do papel, que seja feito da mesma forma que o primeiro, para que do mesmo jeito que aconteceu na época, o público possa gostar até mais do que a equipe gostou de fazer durante as gravações. Nosso adeus a Harold Ramis, e nossa torcida para que o legado dos Caça-Fantasmas seja respeitado.

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