O investimento da Netflix em games é a resposta da companhia na “guerra do streaming”
A Netflix, quando surgiu como serviço de streaming em 2010, se tornou não só a líder do segmento, como também se tornou referência no assunto. Netflix se tornou a “Xerox do Streaming”, ou seja, a primeira palavra em mente quando o assunto era assistir filmes apenas pela Internet.
O tempo passou, a companhia evoluiu, começou a apoiar centenas de produções em todo o mundo, e emplacou hits como Stranger Things, Narcos ou La Casa de Papel. Mas com o tempo, a concorrência também chegou, com a Amazon Prime, a Disney+, e a HBO Max, que estreou no Brasil recentemente, e precisa lidar também com concorrências locais, como o caso da Globo Play.
Esta concorrência, encabeçada pelos gigantes da produção de entretenimento, rendeu um catálogo cada vez menor para a Netflix. Se antes a companhia exibia, além de seus produtos próprios, filmes e séries de Warner, Disney e companhia, agora ela conta, a cada dia, com a necessidade maior de produzir seu próprio conteúdo, apoiando estúdios e incorporado IPs.
Mas, além disso, uma outra opção surgiu para a Netflix: investir em games. E não, não estamos falando da série de The Witcher e nem de Resident Evil. E sim das recentes declarações da companhia, em intensificar estas possibilidades envolvendo jogos.
A Netflix apresentou sua estratégia para seus acionistas, e citando as fusões recentes entre as grandes companhias do entretenimento, refletiu que, ao invés de procurar estúdios assim como as outras companhias, sua estratégia foca em ser melhor. Em seguir apresentando não só conteúdo, mas soluções que agradem seus assinantes.
“Embora estejamos continuamente avaliando as oportunidades, não vemos nenhum ativo como ‘obrigatório’ e ainda não encontramos nenhum em grande escala que seja suficientemente atraente para agir”, escreveu a empresa em sua carta aos acionistas. “Na corrida para entreter os consumidores em todo o mundo, continuamos a competir pelo tempo de tela com um amplo conjunto de empresas como YouTube, Epic Games e TikTok (para citar apenas alguns). Mas, principalmente, estamos competindo conosco mesmos para melhorar nosso serviço o mais rápido possível”, continuaram.
A Netflix, assim, segue buscando formas de manter e deixar contente seus 209 milhões de assinantes. A liderança, inclusive, é folgada, por enquanto, pois a Disney+, a “segunda colocada”, tem cerca da metade deste número. Como vantagem, a Netflix tem o know-how, pois quem usa serviços de streaming, sabe, por exemplo, que seus aplicativos tem funcionamento e compatibilidade superior aos demais, mais recentes.
E, como plataforma de tecnologia, também podem investir em outros meios, dentro de seu próprio serviço. Assim chegamos às possibilidades de games. A Netflix afirma que “chegou a hora para esta expansão”, em um terreno o qual a companhia já atacou antes, em outros tempos, com games licenciados, como os que foram lançados sobre Stranger Things.
Ou quando a companhia apresentou Bandersnatch, o episódio interativo de Black Mirror.
Os desafios, que envolvem não só a concorrência direta, mas outros elementos os quais as pessoas andam passando seu tempo, como redes sociais ou games, além do retorno das atividades fora de casa, com os finais das restrições em algumas regiões do planeta, levaram a Netflix a apostar mais em games.
A ideia é, primeiro, desenvolver games para dispositivos móveis, com outros formatos a serem considerados no futuro. Enquanto a Netflix lança seus games, continuará observando oportunidades para games baseadas nas suas IPs, ou em games independentes. Isso poderia até incluir um game que, com seu potencial sucesso, pudesse ser transformado em série.
Também foi explicado que há a possibilidade de abrir mais opções de conteúdo para assinantes, conforme diz no comunicado.
“Os games serão extensões das nossas propriedades intelectuais. Acreditamos que é uma área muito rica, mas vamos testar com jogos individuais. No fim das contas, a iniciativa é para criar bons games, e esses podem surgir de diferentes fontes diferentes. É bem possível que, eventualmente, um jogo dê origem a uma série ou filme. Também vamos criar obras licenciadas. É uma ótima forma de aumentar o volume de ofertas que temos, de aprender rapidamente e, quando acertarmos a mão na produção, descobrirmos onde focar nossas energias.”
Ainda é muito cedo para entender ou afirmar como será esta “nova Netflix“, com base no apoio aos games. Mas a chegada das gigantes no mundo do streaming, com certeza, fez com que a líder do segmento saísse de sua zona de conforto, e trabalhasse duro em apostar em novos meios. E os games, como fazem parte de um universo trilionário, com milhões de pessoas jogando todos os dias, é um interessante terreno para se estudar e aplicar suas ideias.