O “próximo normal” será o aluguel de dispositivos como celular ou videogames?

17 de setembro de 2023
O "próximo normal" será o aluguel de dispositivos como celular ou videogames?

Num passado um pouco distante, o aluguel de vários produtos e serviços faziam parte do dia a dia do brasileiro. Um dos exemplos mais famosos, que os mais velhos lembram muito bem, é o aluguel de linhas telefônicas, em uma época no qual o acesso ao telefone não era tão fácil como hoje, e pessoas alugavam suas linhas, para lucrar em cima da comunicação.

Passado alguns anos, tudo ficou mais acessível, com as pessoas comprando seus próprios bens, desde os próprios telefones, até música, dispositivos dos mais variados e acessórios. Aluguel, só na locadora. Até que chegamos nos dias atuais, em que os aluguéis estão retornando a ter seu espaço no mercado.

Além de casas (que sempre foram um bem que pode ser alugado), hoje em dia podemos alugar carros, celulares, computadores e até videogames. Mas, se no passado o aluguel era apenas pelo motivo de que não poderíamos pagar pelo bem em si, hoje em dia o aluguel destes produtos atendem as mais variadas necessidades, como um motorista de aplicativo, que prefere trabalhar com um carro alugado, ou um profissional liberal, que prefere um celular alugado a trabalhar com o seu pessoal.

Para entender mais sobre esta questão, conversei recentemente com Stephanie Peart, responsável pela Leapfone, empresa focada no aluguel de smartphones, para os mais variados fins. Como este é um tema o qual as pessoas ainda possuem algumas dúvidas para entender a razão de que, para alguns, alugar, desde smartphone até um game, pode ser mais interessante, conversamos para compreender esta situação.

Começamos a conversa com Stephanie nos lembrando de que nosso país se destaca como o terceiro maior usuário de smartphones no Brasil. A demanda por tecnologia é inegável, mas também traz desafios únicos.

Um deles envolve o iPhone, que apesar de ser um aparelho cobiçado, muitas vezes é considerado caro para o bolso brasileiro. Enquanto nos EUA alguém pode adquirir o aparelho com apenas cinco dias de trabalho médio, aqui no Brasil essa conquista exige uma média de 72 dias de esforço. Isso se levarmos em conta o salário médio em consideração. Se a base fosse o salário mínimo, a distância de dias seria ainda maior.

Outro desafio envolve questões envolvendo manutenção e segurança. A conectividade traz benefícios, mas também traz preocupações com roubos e quebras, o que impulsionou a busca por seguros. É por isso que muitos consideram contratar um seguro para celular, uma atitude que vem ganhando espaço na consciência do brasileiro. Entretanto, tais seguros são considerados caros, apesar de cobrir o aparelho contra roubo e quebra.

Por causa disso, Stephanie explica que, apesar do público ainda preferir o iPhone como smartphone para ser alugado, que corresponde a 60% das demandas da sua empresa, outros dispositivos, como smartphones gamers, que custam tanto quanto um iPhone, mas atendem necessidades mais específicas, também podem fazer parte do portfólio.

Já sobre o seguro, que é um dos elementos oferecidos no aluguel de seus aparelhos, tal solução vem com um temor geral do brasileiro. Em julho, foi informado que o Brasil teve, no último ano, um milhão de celulares roubados, com uma “média” de 114 aparelhos roubados por hora. Empresas de aluguel oferecem seguro em seus aparelhos, logo, um motorista de aplicativo, caso tenha seu celular furtado, poderá acionar o seguro, seguir pagando o aluguel e ter outro aparelho para trabalhar, ao invés de pagar parcelas de um celular roubado.

E um potencial aluguel de um “celular gamer” poderia ser uma forma acessível para alguém que possua o interesse de ter uma carreira nos games possa ter um aparelho compatível, sem a necessidade de gastar fortunas com tais aparelhos.

O setor de games também tem sido uma prioridade, especialmente com o crescimento dos eSports. Celulares ágeis são uma escolha natural para esse público, alinhada à tendência atual de “usar” em vez de “ter”. Alugar um celular está se tornando uma opção atrativa para algumas pessoas, à medida que a sociedade tem buscado cada vez mais conhecer o conceito de assinatura de bens fixos.

Isso vale também para videogames. Os consoles atuais custam cerca de R$ 4.000, inacessível para a maior parte dos brasileiros. Entretanto, não duvide que, em breve, mais soluções de aluguéis de consoles, ou mesmo de notebooks ou computadores, que são ainda mais caros, sejam produtos de aluguel também.

Por isso, foi explicado que sua empresa busca explorar outras áreas. Sendo lembrado também que tendência de assinatura e a conscientização ambiental estão impulsionando essa mudança. O aluguel de aparelhos não só atende às demandas dos consumidores como também contribui para a sustentabilidade. Já que, segundo Stephanie, o aluguel faz com que “aparelhos não fiquem guardados na gaveta”, e sejam circulados de forma mais sustentável.

É claro que o aluguel de um celular, de um computador ou de um videogame não é e nem será um produto absoluto. Ainda haverá quem afirma, sem pensar duas vezes, que “não vale a pena pagar pelo o que não é seu”. Entretanto, em um mundo cada vez mais nichado, com cada vez mais necessidades específicas, o aluguel de dispositivos poderá ter sim o seu espaço, seja para quem quer experimentar algo mais moderno, ou, pelo menos no meu ponto de vista, para quem precisar de um dispositivo destes para trabalhar, nos mais variados fins (dos trabalhos envolvendo mobilidade até a criação de conteúdo).

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui! Siga-me em instagram.com/juniorcandido ou x.com/junior_candido

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