O que esperar da Fórmula 1 em 2023?
A Fórmula 1 volta para mais uma temporada. Serão 23 corridas que podem manter o recente domínio de Verstappen, trazer a volta de Hamilton na busca pelo seu oitavo título, ou ainda a oportunidade de nomes como Russell ou Leclerc se sagrarem campeões pela primeira vez. Independente do que vá acontecer pelos próximos meses, sempre queremos temporadas animadas, com boas corridas e disputa até o fim.
Mas, ainda assim, deixou alguns pensamentos, que trago sobre minhas expectativas para a temporada deste ano. Entre equipes, carros, pilotos e pistas, veja o que espero para que 2023 seja um bom ano para a categoria.
Uma Mercedes mais competitiva
Diferente dos últimos anos, em 2022 a Mercedes foi muito abaixo do esperado. Lewis Hamilton, por exemplo, passou um raro ano em branco, sem vencer nenhuma corrida, embora tenha mostrado ainda assim seu talento e tirado leite de pedra de um carro problemático, conseguindo bons pódios. George Russell, por sua vez, também sofreu, mas conseguiu no Brasil a sua tão sonhada primeira vitória na carreira.
Para 2023, as expectativas são de que, enfim, a Mercedes consiga resolver seus problemas e volte para brigar com a Red Bull, e quem mais tentar o topo da categoria. A escuderia já tinha um carro rápido no ano passado, mas o “tal do porpoising” fez com que houvesse muito sofrimento no lado prateado do grid. Até houve melhoras e a equipe terminou com expectativas de dias melhores.
Atualmente, Toto Wolf insiste em dizer que gosta do que vê para este ano, mas não crava uma Mercedes competitiva. Entretanto, muita gente (comigo incluso), acredita que isso não passa de um blefe, com uma equipe mais competitiva e, quem sabe, até bons duelos entre Hamilton e Russell, para o bem da Fórmula 1.
Mais show no Brasil…
Os últimos GPs do Brasil, sendo eles decisivos ou não, foram intensos, divertidos e com grandes momentos. Em 2019, tivemos Gasly segurando Hamilton até os últimos metros e conquistando um segundo lugar incrível. Em 2020, não tivemos corrida no Brasil, mas em 2021, Hamilton fez uma corrida antológica, com direito a comemorar sua vitória erguendo a bandeira brasileira como Senna fazia. E, no ano passado, George Russell teve, justamente em Interlagos, a sua primeira vitória na categoria.
Sendo também local da única corrida Sprint que realmente funciona, é justamente a expectativa por mais uma corrida Sprint, que garante “duas corridas” no final de semana brasileiro, é que faz com que tenhamos enormes expectativas com o nosso Grande Prêmio, que acontecerá no dia 5 de novembro.
… e também em Vegas
Mesmo que a corrida em Las Vegas seja “morna”, há muitas expectativas com a corrida com cassinos como plano de fundo. Pela primeira vez, após muito tempo, os Estados Unidos contarão com três corridas no calendário: a já tradicional Circuit of the Americas no Texas, o Grande Prêmio de Miami, que acontece do lado do estádio dos Dolphis, e o vindouro grande prêmio dos cassinos.
O trauma de Indianápolis em 2005, finalmente foi superado.
Trata-se de um traçado novo, e de rua, que por si só já conta com boas expectativas. Soma-se o fato de que ela vai seguir Interlagos, que historicamente entrega boas corridas, e que ela será a penúltima corrida do ano, que pode ser decisiva, e temos aqui um bom plano de fundo para uma corrida que, no mínimo, será diferente de todas as outras, apenas pelo seu “cenário”, e potenciais extravagâncias dignas da cidade.
Mas também pode ser histórica, dependendo de como a temporada caminhar.
Uma Ferrari que (finalmente) aprende com os erros
A Ferrari começou 2022 como postulante ao título e terminou como decepção. Historicamente a Scuderia é meia atrapalhada em pitstop e em algumas decisões, mas no ano passado a equipe se superou. Estratégias equivocadas, um carro veloz mas que não trazia confiança e uma evolução ao contrário fez Sainz sofrer e Leclerc se iludir, achando que poderia se tornar campeão mundial no início do ano.
Para 2023, a Ferrari nem precisa ser a mais dominante, basta ser constante. A equipe precisa se reformular, não apenas no carro, mas em todos os seus aspectos. Frédéric Vasseur chegou para assumir a chefia da equipe, o que já pode render, no mínimo, decisões melhores do que as que a liderança de Mattia Binotto trazia.
O carro já se mostra veloz, mas a história nos ensina para não nos empolgarmos ou tirarmos conclusões em carros correndo em contextos diferentes do “vamos ver” real das pistas. Mas é praticamente impossível que a Ferrari seja tão desastrada pelo segundo ano seguinte.
Esports mais forte
Os Esports da Fórmula 1 seguem chamando atenção, mas também sofreu com a pandemia. Até a temporada do ano passado, as competições ainda foram remotas, tirando muito do show de ter todos os pilotos virtuais enfileirados em uma arena, que poderia ter público e ser mais um grande evento do segmento, que já conta com eventos gigantes de LoL, CSGO e tantos outros games.
Quem sabe, agora em 2023, os Esports da Fórmula 1 possam continuar com a parte “show” sendo trabalhada tanto quanto a parte “esporte”. Sempre disse que, seja na Fórmula 1, como em qualquer torneio de qualquer game, o equilíbrio entre show e esporte é essencial para garantir um bom jogo (ou corrida, aqui no caso), mas também para chamar atenção de mais pessoas.
Tanto é que a temporada passada do F1 Esports Series foi ótima, e deveria já chamar mais atenção do universo dos eSports em geral, pois o trabalho feito por aqui é muito bom.
Temporada desgastante = novas possibilidades
Por fim, não podemos esquecer que a temporada de 2023 terá 23 corridas. Seriam 24, se a China tivesse mantido seu grande prêmio, que foi cancelado devido ainda a questões com a covid-19. Só para comparar, quando Ayrton Senna foi tricampeão mundial em 1991, a categoria contava com 16 etapas. São sete corridas a mais. E sete corridas a mais fazem muita diferença. Pois estamos falando de uma categoria que precisa do equilíbrio perfeito entre homem, e máquina.
A Red Bull demonstrou entender bem isso, por dominar a temporada com um carro veloz, mas confiável, e dar o bicampeonato para Max Verstappen. Por outro lado, a Mercedes sofreu no começo da temporada, e a Ferrari no final dela. O que significa que motores desgastam, pneus precisam ser escolhidos com sabedoria e pilotos precisam de um preparo físico acima da média.
Uma temporada mais longa permite, por um lado, tempo de recuperação. Uma equipe que começa o ano meia perdida, tem a chance de se recuperar e buscar algo mais na tabela. Mas, por outro lado, ela é desgastante, por lidar com mais datas, mais viagens e mais uso dos motores. Isso só é suficiente para que a “roleta das oportunidades girem”, e que, se mais equipes entenderem isso, há sim a expectativa de que 2023 seja excelente. Com duas ou até três equipes brigando pelo topo, e mais umas duas beliscando um espaço nos pódios de 2023 aqui e ali.
E não podemos esquecer do game
Em 2023, teremos no meio do ano mais um game da F1, como sempre. Será o terceiro que a Codemasters vai lançar, sob o guarda-chuva da EA. Os games continuaram com qualidade, mas imagino que é este o ano em que a atual geração finalmente se comportará como nova. O Need for Speed Unbound foi um grande exemplo, e quem sabe o próximo jogo da Fórmula 1 consiga ser, além de um game competente, também dar um belo de um up no seu visual.
Também tenho expectativas por novas ideias. É difícil, eu sei, mas a Codemasters sempre tentou. Criou um modo história, colocou até o Safety-Car pra ser guiado, como também colocou carros clássicos na pista. Licenciamento é difícil e eu entendo isso, porém uma coisa muito simples, e que eu ficaria satisfeito, seria a possível recriação de corridas do passado, deixando o jogador recriar a retomada de Senna no drama da chuva de Interlagos em 1993, o show também debaixo d’água de Schumacher na Espanha em 1996 ou qualquer corrida da antológica briga de Lauda contra Hunt na temporada de 1976, para reviver o filme Rush.
Sei que é um sonho, mas quem sabe, né? Mas voltando a pisar no chão, desejo sim que tenhamos uma grande evolução do game em 2023.
