O que esperar de The Last os Us Part I
Há pouco mais de um ano, mais especificamente em abril de 2021 quando as notícias sobre um possível remake do primeiro jogo da franquia The Last of Us começaram a pipocar pela internet, nosso editor Rodrigo Pscheidt escreveu um editorial levantando a questão da necessidade de se refazer algo tão recente e relativamente atual.
Agora que estamos nos aproximando da data prevista de lançamento, e certamente todos nós já elaboramos nossa opinião sobre isso, vamos rever tudo o que já sabemos sobre essa nova versão de uma das obras-primas da renomada Naughty Dog — e atualizar nossas expectativas (ou a falta delas) para retornar a esse mundo uma vez mais.
Mudanças e atualizações
Ainda que a versão remasterizada para Playstation 4 seja certamente a melhor forma de se jogar o game — até o momento –, é importante lembrar que este é o jogo que simboliza o encerramento da carreira do PS3. Não que seja o último, nem mesmo o último AAA, mas é aquele que coincide com o final do ciclo do console enquanto principal produto da Sony, já que não demoraria para o PS4 entrar em circulação. Não parece, mas com quase 10 anos de existência (seu lançamento original foi em junho de 2013), o jogo já tem uma carreira bem longa.
Com isso, a primeira alteração esperada de uma nova versão é, obviamente, a gráfica, e nesse aspecto, a campanha de marketing tem sido bastante enfática ao destacar as mudanças visuais pelas quais cada personagem passou. O resultado, pelo que vimos até aqui, são animações levemente mais naturais, com expressões faciais mais realistas e que deixam o conteúdo mais alinhado com sua sequência, lançada em junho 2020. Estas nuances podem ser melhor conferidas no trailer de revelação divulgado há dois meses:
Outra grande vantagem, no aspecto técnico, é a possibilidade do jogo carregar — segundo a própria Naughty Dog — quase que instantaneamente, já que os veteranos vão se lembrar que o jogo demorava muito tempo no PS3 e mesmo no PS4, com maior potencial de desempenho, iniciar o jogo não era bem um passeio no parque. Além disso, podemos esperar por cenários mais detalhados, iluminação de alta performance e ambientes mais interativos, com alguns elementos destrutíveis, por exemplo.
Já em termos de jogabilidade, alguns baldes d’água fria foram jogados nas expectativas mais otimistas, visto que os desenvolvedores confirmaram que não teremos a adição de alguns mecanismos presentes em TLoU2, como sistemas de esquiva, por exemplo. A justificativa narrativa é que, logicamente, Joel não é Ellie: é mais velho e cansado do que a protagonista do segundo game. Tecnicamente, adições profundas como essa poderiam interferir no design dos combates originais, o que significa, em outras palavras, que poderia quebrar o jogo, ou pelo menos exigir modificações mais profundas em outros aspectos.
Novidades e modernidades
Uma mera atualização gráfica parece pouco, portanto, para chamar algo de remake e vender a preço cheio. Evidentemente que, para vender o peixe, a Sony tem dado bastante destaque a alguns elementos mais atuais que estão sendo incorporados desde a gênese do projeto, a começar pela óbvia inclusão da DLC Left Behind no pacote, algo que certamente seria obrigatório já que o próprio remaster já o continha, mas é sempre bom garantir que todos saibam. Ao acrescentar algumas poucas horas e mais profundidade, é certamente uma adição imperdível para veteranos e novatos.
Outras melhorias são bastante ligadas ao poder e recursos únicos do Playstation 5 na comparação com seus antecessores, e espera-se um grande uso dos recursos hápticos do DualSense — discutivelmente o que há de mais interessante na nova geração. A promessa é que os gatilhos adaptáveis funcionem para melhorar a sensação imersiva do jogo, adicionando tensão ao uso de arco e flecha ou pressão no revólver de Joel, por exemplo. Efeitos sensoriais de ambiência, como chuva ou terrenos diversos também são prometidos para essa versão.
Ao se apropriar da tecnologia Tempest 3D AudioTech, há uma grande expectativa de um trabalho de ambiência sonora mais rica e complexa. Para nós brasileiros, que sentimos algumas inconsistências na versão dublada original com certos problemas no equilíbrio do som estéreo original, isso é ainda mais interessante. Ainda que a ideia seja um salto de qualidade para quem usa headsets comuns ou mesmo saídas de som da TV, espera-se que essa tridimensionalidade seja potencializada pelo uso do Pulse 3D, headset oficial do console.
Por fim, especula-se que haja uma grande melhoria na questão da inteligência artificial, que era bastante funcional na versão original, mas que na comparação com a continuação acabou ficando um tanto quanto datada. Com a ideia de que os humanos possam se articular com mais estratégia para nos atacar, sobretudo em grupos, espera-se também que o jogador possa ser mais criativo no uso de ferramentas como jogar coisas que distraiam os inimigos, bem como equilibrar melhor o uso de abordagens furtivas ou o “estilo Rambo” de chegar atirando em tudo que se mexer.
Então, agora precisamos desse remake?
Ainda que eu não seja tão enfático quanto o Rodrigo, espero ver algo realmente significativo que justifique um remake que, até agora, ainda não foi mostrado de forma convincente. Sou um fã inconteste da franquia e vejo ambos os jogos como duas verdadeiras obras de arte, cada qual à sua maneira, e mesmo que enxergue algumas limitações no primeiro que hoje seriam de fato diferentes, ainda o vejo como algo bastante atual e sem qualquer prejuízo para quem for experimentá-lo, seja pela primeira, seja pela décima vez.
A infeliz cobrança de preço cheio me parece algo desmedido, mesmo que eu seguramente queira muito jogá-lo e sentir por mim mesmo o que há de tão especial nesta atualização. Talvez o inevitável e vindouro lançamento para PCs seja algo que motivou os desenvolvedores a refazerem aquilo que poderia dar trabalho de adaptar para um novo sistema? Não sou bom em opinar sobre esses quesitos mais técnicos, mas é possível. Fato é que com diferentes edições, o preço do jogo é bastante salgado e pode afastar uma parte dos fãs — especialmente aqueles que já curtiram a experiência ao longo da última década.
Seja como for, não há mais volta: The Last of Us Part I (como foi batizado o remake, para se encaixar melhor com o título da sequência) tem lançamento confirmado para 02 de setembro de 2022, inicialmente só para Playstation 5.
Quer mais The Last of Us? Aproveite e relembre nossa análise de The Last of Us Remastered — e não deixe de conferir nosso “Depois do Fim” especial (com spoilers) sobre a polêmica narrativa de The Last of Us Part II.
Ah, e também batemos um papo super legal com a Luiza Caspary, dubladora brasileira da Ellie em nosso ArkadeCast!
(Fontes: Site Oficial Naught Dog, Canal Playstation Brasil no Youtube)