Para Sempre PS2: O retorno do ninja Shinobi!
Em sua vasta biblioteca, o Playstation 2 deu muitas oportunidades para franquias nascerem e outras renascerem. De Contra à Altered Beast e passando por Final Fight, tivemos exemplos bons ou ruins de como trazer nomes consagrados à tona novamente. E o pontapé inicial de todos esses retornos foi o do ninja mais badass da era 16 bits, agora totalmente em 3D: Shinobi!
Desenvolvido pela Overworks — estúdio também conhecido como Sega Wow –, Shinobi foi um título inicialmente planejado para o Dreamcast, quando a Sega ainda investia em seu último console de mesa. Após o encerramento do ciclo de vida do console, o desenvolvimento foi transferido para o Playstation 2, sendo lançado como exclusivo, ao contrário de outros três games da Sega que saíram exclusivamente para o primeiro Xbox: Crazy Taxi 3: High Roller, ToeJam & Earl III: Mission to Earth e Panzer Dragoon Orta.
Em 2002 foi lançado o décimo capítulo da franquia oriental, chamado simplesmente de Shinobi. Depois de sete anos sem dar as caras nos consoles (nove anos, se não contarmos o bizarro Shinobi Legions, para Saturn), para a alegria de fãs de todo mundo, em um formato totalmente novo, transferindo o tradicional sidescroller 2D para um action-platform totalmente em 3D e trazendo um novo protagonista em uma nova aventura.
A história de Shinobi não era algo muito diferente do que seus antecessores já tinham trazido anteriormente, porém, por conta das cutscenes animadas e das novas tecnologias, toda a trama pode ser contada de forma mais clara. E assim começa a aventura de Hotsuma, um jovem ninja criado com seu rival Moritsune pelo Clã Oboro a fim de decidir futuramente quem seria o portador da Akujiki, uma poderosa espada que precisa absorver a alma dos inimigos para não tirar a vida do próprio dono.
Hotsuma, que acaba detendo o direito de portar a maligna Akujiki, se torna o líder do Clã Oboro. Porém, um terremoto atinge Tóquio e um palácio dourado surge no epicentro do incidente. O herói ninja então vai investigar toda a bagunça em que a cidade se tornou por conta própria.
E é com essa premissa que o jogo trás um dos seus pontos positivos: atravessar uma cidade pulando entre prédios e decepando inimigos é simplesmente animal!
A jogabilidade de Shinobi pode até ser um pouco repetitiva, mas a fórmula básica de combate misturada com sessões de plataforma e pulos acrobáticos são um desafio e tanto. Aliás, o game é considerado um dos jogos mais difíceis da geração, já que caso o jogador morra, voltar do início da fase é inevitável. Checkpoints? Aqui não tem essa mamata!
Hotsuma pula, faz acrobacias, corre pelas paredes, dá um pequeno teleporte e ataca grupos de inimigos de forma rápida — esse tipo de jogabilidade ficaria muito famosa nos futuros jogos da franquia Prince of Persia –, com espada, shurikens ou magias, tudo da forma mais bonita e estilosa possível.
Hotsuma ainda possui uma técnica chamada TATE, em que acerta um oponente o fazendo ficar paralisado e dando a chance de atacar outros inimigos na tela. Finalizando quatro ou mais inimigos é gerada uma espécie de custscene que mostra os pedaços dos atingidos caindo ao chão enquanto Hotsuma faz uma pose badass e mostra que é um bom ninja.
O game se divide em oito fases, que variam entre a cidade de Tóquio destruída, prédios ultra tecnológicos e o famigerado palácio e cada um conta com seu respectivo chefão, que dão tanto trabalho quando os antigos bosses da época do Mega Drive.
Ah, e completando o game em algumas condições, ainda era possível jogar com o nemesis do protagonista, Moritsune. E se você for ainda mais ninja, pode jogar com Joe Musashi, o protagonista clássico de vestes brancas.
Para ilustrar seus estágios, o game ainda contava com gráficos que apesar de não serem de ponta — ainda mais por ter sido lançado numa época em que Devil May Cry e Gran Turismo 3 já existiam –, têm estilo, em uma interessante mistura com ícones do Japão feudal que enchiam os olhos do jogador. É simplesmente lindo aquele cachecol vermelho de Hotsuma ao vento e o sangue dos inimigos voando por aí.
A trilha sonora do game ainda era algo que remetia à época de ouro da Sega. Mesmo nunca tendo trabalhado em um game da franquia anteriormente, a equipe responsável por games como Phantasy Star e Sonic Adventure conseguiu ditar um ritmo interessante e que completava o ar diferente que o jogo carregava, mesmo não se distanciando muito dos títulos clássicos.
Para completar o legado de Shinobi em 2002, a editora de histórias em quadrinhos Dark Horse — a mesma de Hellboy, 300 e Sin City — lançou uma adaptação do game para os gibis.
Uma continuação boa, porém esquecível
Mas a história de Shinobi não parou por aí. Um ano após o lançamento do game, a Sega decidiu apostar novamente em sua saga com Nightshade, que dessa vez contava com uma protagonista feminina, botando pra quebrar e destruindo todos os demônios de uma Tóquio futurista. Vale salientar que o nome do game no Japão é Kunoichi, uma espécie de versão feminina para Shinobi.
A história de Nightshade continua na mesma levada simples, porém empolgante do game anterior. Dessa vez, uma ninja chamada Hibana é contratada pelo governo para recuperar os pedaços da espada Akujiki e dar um fim com a corporação Nakatomi, que assombra a cidade de Tóquio. Para isso, ela precisa enfrentar os quatro Shinobi que representam os elementos fogo, ar, água e terra, além de diversos robôs.
Apesar de Nightshade ser uma boa pedida para quem curtiu muito o game anterior, seus gráficos praticamente inalterados não receberam nenhuma melhoria, e Hibana é praticamente um Hotsuma, com praticamente nenhuma diferença de gameplay, e a trilha sonora também não é tão marcante quando o game anterior.
E com isso, a Sega decidiu colocar Shinobi na geladeira mais uma vez. Ela ainda tentou ressuscitar o velho ninja novamente em Shinobi 3D, para Nintendo 3DS, oito anos após Nightshade. Mas infelizmente parou por aí.
Mas se você tiver com seus reflexos em dia, quiser testar suas habilidades ninjas em um jogo que te desafia ao ponto de querer arrancar a pele do corpo, não perca tempo e jogue Shinobi no seu bom e velho Playstation 2!