Paradox Interactive é acusada de “bullying e discriminação de gêneros” em seus estúdios
Mais um caso de abusos dentro da indústria de video games veio a tona, dessa vez envolvendo a produtora e distribuidora sueca Paradox Interactive.
Uma pesquisa conduzida em agosto por um sindicato com 133 funcionários do estúdio identificou que quase metade deles sofreram alguma forma de “maus tratos” dentro da companhia, com alegações principalmente de bullying e discriminação de gêneros, sendo esses casos muito piores em relação a funcionárias mulheres.
Os dados indicam que 69% das mulheres participantes da pesquisa sofreram alguma forma de assédio. E em relação aos homens, 33% dos que participaram comentaram também terem sofrido assédio de alguma forma. A pesquisa concluiu que “maus tratos são sistemáticos e um problema mais do que comum na Paradox“, chegando ainda a alegar que a companhia protege funcionários de alta hierarquia que foram acusados de cometerem atos de assédio e discriminação.
Os resultados da pesquisa foram então entregues para a gerência de RH da Paradox e para o CEO da companhia, Ebba Ljungerud, no dia 30 de agosto. Os resultados só foram divulgados para o corpo de funcionários dois dias depois, em 1º de setembro. E nesse mesmo dia, Ljungerud deixou seu cargo de CEO por “diferenças de visão nas estratégias da companhia para o futuro”.
Segundo Fredrik Wester, o atual CEO da companhia, a saída de Ljungerud não foi motivada pelas denúncias realizadas, com essa informação sendo corroborada pelas organizações sindicais suecas SACO e Unionen.
A Paradox divulgou uma declaração referente a essa pesquisa e as denúncias, comprometendo-se a tomar atitudes e considerando os resultados apresentados como “insatisfatórios”, por conta de seu caráter informal, não podendo serem usados efetivamente na tomada de atitudes para mudar essa situação.
A declaração diz (tradução livre):
“Nós temos conhecimento de uma pesquisa conduzida dentro da companhia sobre esse tópico, e seus resultados, que são obviamente insatisfatórios. A equipe de gerência quer garantir que ações sejam tomadas sobre esses dados, mas tomar uma ação direta e imediata é difícil por conta da natureza informal da pesquisa (e graças a esses resultados terem sido divulgados logo antes de nós conduzirmos uma mudança de CEO, o que nos deixou muito ocupados). Nós estamos atualmente trabalhando para reconciliar a pesquisa informal com nossa própria investigação, e estamos dispostos a agir.
A Paradox está no processo de trazer uma empresa externa e neutra para conduzir uma auditoria completa de nossos processos e uma pesquisa compreensiva de funcionários. Isso vai nos ajudar a avançar nossos esforços em direção a todos os assuntos que trabalhamos para mudar nos últimos anos – assédios e abusos sendo principais entre eles, mas nós também examinaremos assuntos como contratações e compensações imparciais, conscientização contínua de parcialidade, inclusão, e mais.”
As denúncias surgiram em resposta aos diversos casos envolvendo a Activision Blizzard sobre casos graves de assédios, abusos, discriminação e racismo, datando desde 2013 e até antes disso, envolvendo diversos nomes da alta hierarquia da companhia, bem como a falha de sua atual gerência em lidar com todas essas denúncias e com a própria investigação conduzida pelo estado da Califórnia.
(Via: Eurogamer)