Pare de xingar o Kinect, ele foi importante para os videogames sim!
Vinte anos atrás a Nintendo resolveu apostar na Realidade Virtual, com o lendário Gunpei Yokoi do Game Boy indo do céu ao inferno com o Virtual Boy. Para a época, o console era esquisito, nada prático para um portátil e falhou miseravelmente ao apresentar seu conceito, seja pela única cor para apresentar os jogos, ou pela dor de cabeça que o produto “oferecia” a seus donos. Porém o tempo passou e a realidade virtual, apesar de ainda não ter caído totalmente no gosto da galera, se tornou em algo mais acessível e que não traz mais dores de cabeça, para quem produz e para quem joga.
A projeção com a realidade virtual é de que daqui alguns poucos anos, seja utilizada, além do entretenimento, nas áreas da saúde, do desenvolvimento de automóveis e que apareçam mais e mais nos videogames, como uma interessante opção, como a Playstation já faz com o seu VR. Mas o que isso tem a ver com o Kinect, o projeto que está no título deste texto? Tudo.
O Kinect chegou em 2010, prometendo controles sem um joystick, prevendo seus movimentos e, através de gestos, poder dançar, conduzir um carro ou lutar. Ele até começou bem, ganhou alguns jogos interessantes para o Xbox 360, e lembro de, na época, muita gente querer ter o aparelho em casa, que aproveitava o sucesso do Wii e seu controle de movimentos. Porém o tempo passou, o Xbox One chegou e, mesmo obrigando o usuário a utilizar o aparelho junto ao console, viu o desinteresse tomar conta dos estúdios, e o público não fazer questão do objeto em sua sala de estar. Com isso, o aparelho foi descontinuado, e nesta semana, teve seus aparelhos que davam sobrevida desligados de vez, com o fim da produção dos adaptadores para o Xbox One S.
Mas, ao falar do Kinect hoje, o que a gente ouve? Que ele é uma porcaria, que a Microsoft é vacilona, que o projeto não deveria ter existido, entre outras coisas bem comuns neste mundo da Internet, com muita opinião carregada de adjetivos, como se um xingamento pudesse endossar mais as opiniões a respeito de alguma coisa. É como que falar “essa #&*@#$ de produto” demonstrasse mais conhecimento do que simplesmente falar “este produto”.
Enfim. Primeiro de tudo, o Kinect não é um projeto ruim, apenas sofreu com decisões equivocadas de sua “mãe”, a Microsoft. Foi ela quem não deixou o projeto interessante para os estúdios fazerem seus jogos, deixando que uma peça com um valor razoável se transformasse em uma plataforma tão casual quanto o Wii, mas com uma biblioteca bem inferior. Falando em Wii, o console tinha vários jogos interessantes que se adaptados ao Kinect, teriam resultados tão bons quanto tiveram nas águas da Nintendo. Imagina só como seria um No More Heroes para o 360?
Em segundo lugar, o Kinect fracassou, mas a tecnologia ainda se mostra muito interessante. O próprio dispositivo tem jogos ótimos, como o FRU, que utiliza de maneira criativa os sensores de movimento. Kung Fu for Kinect também é uma ótima alternativa para o sensor. Ela pode ser embutida no futuro nos próximos consoles, oferecendo com a realidade virtual a chance de ótimos jogos. E, assim como a sua parceira de óculos especiais, tal tecnologia também pode ser melhor explorada na saúde, na educação e em vários outros campos.
Por isso, não xingue o Kinect. Você pode sim questionar a Microsoft por suas decisões, mas julgar o dispositivo apenas pelos jogos fracos (em sua maioria, lembrando que há sim boas opções para ele) é muito simplista, para as possibilidades que o sensor de movimento ainda pode oferecer. E ainda acredito que veremos, em breve, jogos tais como os que eram febres em 2010 de volta, de alguma maneira ou de outra. Basta acontecer uma combinação entre ideia bem planejada, jogos interessantes e jogadores convencidos de que é divertido jogar por gestos. A Microsoft quase conseguiu da primeira vez, e, assim como a realidade virtual dos anos 90, não custa nada aprimorar as ideias e tentar de novo, não é mesmo?