Placebo entrega show competente e com forte sinergia do público em São Paulo
O Placebo voltou ao Brasil, 10 anos depois de sua última apresentação, em um show único no Espaço Unimed, em São Paulo. E além de único por ser a óbvia única apresentação da banda no país, também chamou atenção para algumas questões não muito comuns em shows atuais: não houve pista premium e na medida do possível, foi um show sem muitos celulares filmando ou fotografando.
A banda, que tem sido uma “inimiga dos celulares” em sua nova turnê, tem usado envelopes com lacre na Europa, onde os fãs guardam os aparelhos dentro, para serem reutilizados após a apresentação. A banda argumenta que o uso de celulares para filmar shows é “um desrespeito a quem vem ver o show, e não quer vê-lo pela tela do aparelho”. No Brasil, não houve este envelope, mas a banda fez de tudo para valer a sua ideia.
A solicitação apareceu no telão 15 minutos antes do show, foi apresentado pela banda em inglês e repetido por um locutor, em português. Além disso, o Placebo tem falado muito sobre isso em suas redes sociais e, para reforçar, papéis com o mesmo aviso estavam espalhados pela casa de shows.
O aviso foi respeitado, de forma geral. Na parte mais próxima da grade, não se via celulares apontados para o palco e um pouco mais para trás, até tinha uma pessoa ou outra filmando, mas por poucos segundos e poucas vezes. Quem tentasse “passar o show filmando” ou teria um segurança solicitando que parasse, ou receberia uma luz de lanterna dos seguranças no palco, atrapalhando a filmagem.
Mas, com celulares a parte, nós tivemos o Big Special abrindo a noite, com um show consistente e que agradou a todos. Praticamente sem nenhuma produção, a dupla Joe Hicklin e Callum Moloney se garantiu apenas com seu som e sua simpatia. Era notório ver que eles estavam realmente se divertindo no palco, enquanto faziam sua música e interagiam com o público. O Placebo soube escolher seus companheiros de turnê e a dupla preparou bem o terreno para a outra dupla que viria depois.
Brian Molko e Stefan Olsdal, junto de seus competentes músicos, começaram o show pontualmente às 20 horas, em uma hora e quarenta e sete minutos de música. Diretos e retos, com uma pausa apenas para cantar parabéns para o aniversariante do dia (na verdade o dia anterior), Alex Lee, a banda tocou 22 músicas, com foco em apresentar o seu Never Let Me Go, o mais recente álbum. Inclusive Happy Birthday in the Sky foi tocada “para ele”.
Mas é claro que clássicos como Bionic ou Too Many Friends foram executadas, mas aqui temos de observar uma coisa. O Placebo já tem suas três décadas de história, o que coloca a dupla no rol dos “clássicos”, que teoricamente renderia um público que só iria atrás dos tais clássicos. Mas não, felizmente, por aqui, os fãs sabiam todas de cor, não importando se a música era de 2022 ou de 1994. Every You Every Me, um clássico da banda, ficou de fora, o que renderia muitas reclamações em outros shows, mas que não aconteceu aqui.
A sinergia do Placebo com os fãs era visível em toda a noite (a ausência de celular ajudou muito), com The Bitter End e Infra-Red também fazendo parte do coro, que cantou todas, sem exceção. O bis teve Taste In Men e a versão “Placebo” de Running Up That Hill de Kate Bush, aquela “tal música” de Stranger Things.
Como “saldo final”, vimos um show extremamente competente, com quase que duas horas diretas de música, com apenas uma pausa para “cantar parabéns” e a “pausa do bis”. E um público que se mostrou especialmente fiel, tanto por esperar por 10 anos, muito por respeitar o pedido envolvendo os celulares, quanto por participar intensamente do show completo, provando que o Placebo tem uma base muito forte de fãs no Brasil, e que sua música segue da mais alta qualidade, nestes 30 anos. Valeu a pena esperar.
Setlist completo
1. “Forever Chemicals”
2. “Beautiful James”
3. “Scene Of The Crime”
4. “Hugz”
5. “Happy Birthday in the Sky”
6. “Bionic”
7. “Twin Demons”
8. “Surrounded by Spies”
9. “Soulmates”
10. “Sad White Reggae”
11. “Try Better Next Time”
12. “Too Many Friends”
13. “Went Missing”
14. “Exit Wounds”
15. “For What It’s Worth”
16. “Slave To The Wage”
17. “Song To Say Goodbye”
18. “The Bitter End”
19. “Infra-red”
Bis
20. “Taste In Men”
21. “Fix Yourself”
22. “Running Up That Hill” (Cover de Kate Bush)
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