Preview Arkade: a demo de PES 2017 mostra potencial, mas também medo de inovar

25 de agosto de 2016

Preview Arkade: a demo de PES 2017 mostra potencial, mas também medo de inovar

No último dia 23/08 foi disponibilizada ao público a demo do mais novo capítulo da franquia anual Pro Evolution Soccer, mais conhecido pela sigla que virou sinônimo de futebol virtual PES. E edição deste ano vem, como sempre, com a expectativa de dar um salto em termos de qualidade para voltar a dominar o mercado onde já foi absoluta e que, nos últimos anos, viu a ascensão da concorrência direta da franquia FIFA, que hoje divide a preferência do público.

Assim, PES2017 chega prometendo evolução em aspectos técnicos, como controle de bola mais apurado, melhoria na física e na movimentação dos jogadores digitais. Vem ainda com alarde em suas parcerias exclusivas como os times brasileiros mais populares, Corinthians e Flamengo, e outras como a com o Barcelona que pretende explorar ao máximo a imagem de um dos clubes mais conhecidos e poderosos do mundo. Isso somando as já tradicionais licenças exclusivas de ligas como a Copa Libertadores da América e a famigerada Liga dos Campeões da Europa.

Preview Arkade: a demo de PES 2017 mostra potencial, mas também medo de inovar

Agora, enquanto jogo, para além desses elementos mais midiáticos, o que fica é: será a versão de 2017 que vai superar as limitações das últimas edições e entregar a experiência de futebol que os jogadores esperam? Bem, tomando por base essa demo, que conta com 9 times (dentre eles os dois brasileiros já citados) e 2 estádios, algo muito parecido com a demo da versão anterior, podemos esperar o mesmo jogo com melhorias muito pontuais. Não há ousadia, não há mudanças significativas para o público comum.

Claro que se pode destacar que de fato se percebe jogadores menos robóticos em campo, inclusive com alguns deles com características mais marcantes, a se destacar, obviamente, os mais conhecidos, como Messi e Neymar. Percebe-se também uma diferença em termos de controle de bola entre jogadores — o maior abismo, parece, é entre os jogadores dos times brazucas e os melhores do mundo que jogam no Barcelona. Mas essa percepção inicial acaba logo passando batido quando o jogador joga tal como sempre jogou em todas as edições passadas.

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Outro ponto negativo, para nós brasileiros, é a contínua falta de dedicação com nossos times. Enquanto o Barcelona teve um trabalho de reconstrução de jogadores excepcional e o visual deles supera muito as edições anteriores, os boleiros daqui mal lembram suas versões reais. Emerson Sheik, por exemplo, parece muito mais com o Ronaldinho das edições do PSOne do que com o jogador real. O goleiro Cássio é reconhecível pelo cabelo, bem como outros jogadores com características mais incomuns, como barba, mas ainda assim, são genéricos demais.

O descaso chega a tanto que o jogo anuncia que as escalações são baseadas em maio de 2016… e a grande estrela Paolo Guerrero do Flamengo simplesmente não está nem no time titular, nem entre os reservas. Provavelmente, porque coletaram os dados no meio da Copa América e ele estava servindo sua seleção. Ao mesmo tempo, claro que Messi, que estava na Argentina, não ficou de fora do Barcelona. Meio ridículo que eles sequer tenham confirmado os elencos oficiais.

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Pode parecer uma bobeira, mas tomando por base toda a campanha feita em cima da exclusividade dos times brasileiros de maior torcida, é inexplicável a falta de cuidado para com eles. Isso só se agrava quando a Konami confirma, em entrevistas, que o Brasil é hoje o principal mercado para essa franquia. Uma pena, mesmo que faça pouca diferença para a experiência do jogo em si. Claro que sempre vamos escolher o Barcelona, o Real Madrid e os principais times do mundo, mas esse descaso pode ser o espelho de como eles se importam com o mercado tupiniquim.

Feita a reclamação, tratemos do jogo em si: não há dúvidas que há uma evolução, principalmente quando comparado a versões de transição entre os motores gráficos escolhidos pela Konami. A tal Fox Engine, usada desde a versão 2014, mostra resultados muito interessantes, confirmando que a desenvolvedora patinou na transição, mas aprendeu a trabalhar com ela. Movimentação de goleiros, variação de jogadas, resultados diversos, tudo contribui para um jogo mais fluido. Confira abaixo um vídeo de gameplay entre Flamengo e Corinthians:

Ainda assim, falta ousadia. Até a demo é praticamente igual a do ano passado. A maioria dos jogadores ainda parecem cadáveres animados ou, na melhor das hipóteses, bonecos de ventríloquo em movimento. Elementos complementares, como torcida, por exemplo, ficam horrorosos quando vistos de perto, o que pode ser meio compreensível, até porque obviamente não é necessário investir em algo que poucos irão ver ou se importar. Em termos de jogabilidade, pouco muda, mesmo para veteranos.

A impressão que fica é que parece claro que é o mesmo jogo dos anos anteriores, com patches de correção e atualização dos times (feita porcamente em alguns casos). Segue o modelo de jogos de esporte anuais de serem relançados e requentados todos os anos para não ficar para trás na batalha contra a concorrência. É competente e divertido como sempre foi, e não há dúvidas que vai agradar os fãs de longa data, mas não por ser uma novidade.

Abaixo, outro vídeo de gameplay, desta vez com uma partida entre Boca Juniors e River Plate (ambos da Argentina):

Tomara que a versão final traga contribuições maiores em termos de modos de jogo e da experiência em si, porque dentro de campo, há muito pouco que justifique a compra de um novo jogo e o abandono do anterior. Obviamente que mesmo assim vai vender muito, principalmente aqui no Brasil. Afinal, o jogo anterior para de ser atualizado e quem joga online sempre migra para a versão mais nova. Mas se alguém espera inovação por parte da Konami em sua principal marca esportiva, terá que esperar mais um ano… ou dois… ou três.

PES 2017 está programado para 13 de setembro, com versões para Playstation 4 (versão na qual o teste para esse preview foi feito), XBox One, PC (via Steam), Playstation 3 e XBox 360.

Paulo Roberto Montanaro

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