Primeiras Impressões: Dolmen é um souls-like futurista cheio de potencial
Desenvolvido pela equipe brasileira da Massive Work Studio, Dolmen promete ser um acréscimo interessante para a coletânea cada vez maior de games do subgênero souls-like. Seguindo a temática futurista que lembra vagamente The Surge 2, o game mescla o gênero inaugurado por Demon’s Souls com alguns conceitos de H.P. Lovecraft.
A combinação de Souls-like, Lovecraft e ficção científica funciona muito bem e, com o teste que podemos realizar do game em dezembro, foi possível notar que a jogatina tem tudo para ser um ponto bastante positivo para o mercado nacional de games. Com um nível de desafio interessante, mas sem ser punitivo, o game surpreende pela qualidade visual, localização nacional completa e mecânicas de combate um pouco diferentes para o gênero.
Horror Cósmico em Revion Prime
A história de Dolmen se passa no planeta chamado Revion Prime, no qual somos exploradores vindos de outro mundo. Porém, precisamos investigar o que aconteceu com os primeiros assentamentos que chegaram ao planeta, os quais foram atacados misteriosamente, sucumbiram em batalha ou simplesmente desapareceram.
Assim, precisamos explorar regiões tomadas por seres alienígenas misteriosos enquanto investigamos o que eles são e o que fizeram com nossos antecessores. Nesse processo, coletamos itens, equipamentos e matérias primas com o intuito de nos armar ainda mais contra as ameaças misterioras vindas de outro universo.
A inspiração lovecraftiana é percebida tanto no enredo da história (com seres misteriosos organizados em uma espécie de casta que vêm de outro universo) como também no design tanto dessas criaturas quanto dos ambientes ao nosso redor. Durante minha jogatina teste, tive algumas boas surpresas com o cenário, percebendo caminhos verticais bem sinuosos e aberrantes, os quais não estava acostumado de ver em outros souls-like por aí.
Mas não pense que você precisa ser um exímio apreciador da obra de H.P. Lovecraft para curtir Dolmen. Acontece que as inspirações estão ali para os apreciadores do terror cósmico, mas o game pode ser curtido por qualquer um independente de serem conhecedores deste gênero ou não. Se fosse dizer um “pré-requisito” para você apreciar Dolmen, seria muito mais gostar de ficção científica e de games souls-like do que necessariamente de Lovecraft.
Hist´ória contada nas entrelinhas
Um ponto interessante de Dolmen é que, tal qual a franquia Dark Souls, boa parte de sua história não é contada em cinemáticas ou diálogos longos. Ela está acessível no jogo, através da leitura de registros de nave, computadores de base e outras fontes semelhantes. Através dessas interações opcionais é que o jogador começa a montar o quebra-cabeças sobre o que de fato está acontecendo ali.
Os chamados Cristais Dolmen (que dão nome ao jogo) são um recurso revolucionário obtido no planeta Revion Prime, mas que possui alguma ligação misteriosa com outro universo, do qual surgiram criaturas horripilantes que iniciaram todo o desastre com o qual nos deparamos no game.
Assim precisamos enfrentar os horripilantes seres, encontrar possíveis sobreviventes e entender o que aconteceu ali. Essa forma de contar a história é bem interessante, uma vez que aguça a curiosidade do jogador deixando a exploração da narrativa como algo opcional, mas ao mesmo tempo crucial para dar sentido a todos os desafios que encontramos pelo caminho.
Morra cada vez menos… até morrer de novo
Como todo RPG clássico, ao início da jogatina, escolhemos nossa classe entre algumas opções básicas. Aqui nada de muito original: classes básicas que utilizam armas pesadas de duas mãos, escudos, armas rápidas e etc. Talvez o ponto mais interessante na escolha da classe seja o fato de que todas as classes possuem alguma opção de arma de fogo futurista, tendo assim a opção de jogar um combate de longo alcance.
A forma como as mecânicas de shooter foram introduzidas no gênero souls-like em Dolmen são, no mínimo, interessantes. Isso porque suas armas à distância utilizam a mesma barra de energia que você utiliza para se curar, a qual só é recuperada com poções específicas. Desse modo, eles conseguiram fazer com que a arma de longo alcance se tornasse um recurso útil, porém escasso no game, uma vez que você não pode simplesmente sair atirando por aí como se fosse o Doomguy.
Além disso, a própria mecânica da morte ficou muito bem encaixada com o roteiro do game. No início da jogatina é explicado que alguns mecanismos específicos salvam nossas memórias, evitando assim que percamos completamente nossas experiências enquanto exploramos o local. Esses mecânismos funcionam como checkpoints, além de servirem também como um teletransporte para a nossa nave depois de um tempo.
Funcionando basicamente como as foguerias de Dark Souls e Demon’s Souls, esses transmissores temporais guiam o ritmo da jogatina. Como todo bom souls-like, trabalhamos na tentativa e erro, morrendo várias vezes e aprendendo com nossos erros. Indo, a cada tentativa, mais longe do que na tentativa anterior. Essa progressão, mesmo que pareça cansativa, funciona bem em Dolmen e pode até parecer fácil para jogadores experientes no gênero.
Mecânicas elementais interessantes
Desde o início da jogatina, temos acesso ao crafting através da nave. Nele, temos a oportunidade de criar armas e armaduras diversificadas, com variados bônus, buffs e debuffs que influenciam o combate diretamente. Entre esses fatores, temos danos elementais de veneno, fogo e gelo que reagem de modo distinto de acordo com o inimigo que estamos enfrentando.
A ideia aqui é trabalhar a relação de fraqueza e resistência entre esses elementos, a fim de tirar vantagem dos inimigos durante os combates. Essa mecânica não é necessariamente inédita, mas funcionou muito bem durante as nossas jogatinas, deixando o game um pouco menos punitivo, ao mesmo tempo que desafiador de modos diferenciados, uma vez que alguns inimigos também utilizam essas relações elementais ao seu favor.
Ainda sobre o combate, é importante dizer também que armas de fogo e ataques de longo alcance mudam bastante a dinâmica de alguns combates, mas em hipótese alguma os deixam mais fáceis. Uma vez que diversos inimigos também utilizam da mesma mecânica para nos atacar de longe, enquanto outros adversários possuem uma mobilidade incrível, tornando as armas de fogo obsoletas.
Visual ótimo, mas ainda em desenvolvimento
Dolmen surpreende bastante pela qualidade técnica. Além de possuir dublagens em português brasileiro, o visual do game surpreende bastante. Entretanto, como o game está prometido para os consoles da nova geração, PlayStation 5 e Xbox Series S/X é importante ressaltar que ainda falta certo polimento para ele alcançar o patamar dos games next-gen.
Entretanto, mesmo que ainda não esteja com o visual impecável, ele já agrada bastante. Principalmente no que tange reflexos e iluminações. ´´É bastante louvável que uma desenvolvedora brasileria esteja alcançando um patarmar técnico como o visto durante nossa jogatina teste de Dolmen.
Um bom motivo para explorar o espaço
Dolmen definitivamente é um jogo de nicho, seja pela temática sci-fi mesclada com o horror cósmico de Lovecraft, seja pela jogabilidade souls-like que, mesmo que esteja em alta, ainda não agrada totalmente o grande público. Entretanto, ao se pensar nos games do gênero que estão disponíveis para a nova geração e aqueles que chegarão em 2022, Dolmen pode sim chamar a atenção para si.
Seja pela temática criativa, jogabildiade fluida, inovações de mecânicas para o gênero ou acessibilidade para novos jogadores, Dolmente coleciona bons motivos para ser experimentado. Claro que para a confecção deste texto, tivemos acesso apenas a uma versão teste do jogo, que não necessariamente condiz com o produto final. Entretanto, com os testes foi possível notar a qualidade do material que o pessoal da Massive Work Studio está preparando.
Dolmen tem lançamento previsto para 2022, mas ainda sem uma data específica. O game está prometido para PC (via Steam), PlayStation 5 e Xbox Series S/X.